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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

Perfil completo

TOMBOY filme de Céline Sciamma

Por Luciana Saddi
26/09/12 21:27
Ciclo de cinema e psicanálise

TRADIÇÃO-INVENÇÃO

TOMBOY

de Céline Sciamma, França, 2011, 35mm, cor, 84’ | Legendas em português Zoé Héran, Malonn Lévana, Jeanne Disson, Sophie Cattani

Depois de se mudar com os pais, garota de dez anos quer fazer novos amigos. Aproveitando seus trejeitos masculinos, finge ser um menino, conquistando a confiança dos garotos da vizinhança e até uma namorada.Ao mesmo tempo em que tenta sustentar a mentira, escondendo-se dos pais e dos colegas, ela procura descobrir sua identidade sexual. De maneira
delicada e minimalista, Tomboy trata de um dos momentos mais difíceis na vida e uma criança, o ritual de passagem para aadolescência e o despertar da sexualidade.Contando com um trabalho primoroso de direção de atores, o longa foi premiado no Festival de Berlim de 2011.

Não indicado para menores de 10 anos

 

30.09 | DOMINGO

 

SALA CINEMATECA BNDES

 

18h00 TOMBOY | DEBATE COM ROGÉRIO NOGUEIRA COELHO DE SOUZA E IGNÁCIO GERBER MEDIAÇÃO DE ALICE PAES DE BARROSARRUDA

 

ALICE PAES DE BARROS ARRUDA é psicanalista e membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, editora associada da Revista Brasileira de Psicanálise e membro do Centro de Estu-dos da Teoria dos Campos.

IGNÁCIO GERBER é psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Autor de trabalhos publicados no Brasil e no exterior,foi produtor associado ou diretor musical de filmes de Hector Babenco e Jorge Bodanzky. É violoncelista da Orquestra de Câmara Porto Seguro.

ROGÉRIO NOGUEIRA COELHO DE SOUZA é médico e psiquiatra formado pela Escola Paulista de Medicina. Formado em filosofia pela USP, é membro filiado da SBPSP.

CINEMATECA BRASILEIRA
Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino – 04021-070 – São Paulo
próximo ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: (11) 3512-6111
www.cinemateca.gov.br

 

 
 

 

 
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O peso da vida

Por Luciana Saddi
26/09/12 12:13

Façamos de maneira que, como as pedras preciosas, nossa vida valha não por sua duração, mas por seu peso.

Sêneca ( 3 a.C. à 65 d.C.) Cartas a Lucílio

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Transgressão e erotismo

Por Luciana Saddi
25/09/12 12:38

Internauta: Por que “o proibido” atrai tanto as pessoas?

 

Luciana: A sexualidade pode ser vista como uma quinta estação a atravessar o verão, o outono, o inverno e a primavera em nossas vidas. Seu clima não está necessariamente atrelado à sequência: pênis, vagina, penetração e orgasmo. Seu maior atributo é o erotismo, que exige sofisticação das formas de prazer sexual e corações abertos para o desconhecido dos corpos, pele, mãos e línguas – e tudo mais que nossa criatividade permitir.  A imaginação, a encenação e as palavras são elementos importantíssimos dessa quinta estação, mas, a transgressão é seu elemento fundamental.

A transgressão condensa e contrapõe o permitido e o proibido. O efeito erótico advém da superação da interdição. A transgressão nos faz vislumbrar as duas interdições universais: morte e sexo – ambos representantes da intensidade. A primeira interdição é expressa pelos rituais que ocultam o cadáver, o cadáver é testemunha simbólica da violência e da desordem que destrói a carne. Por isso, é preciso evitar o contágio com a decomposição e com a putrefação: nosso destino inelutável. Quanto à segunda interdição, o sexo em sua dimensão erótica, carrega o mesmo excesso da putrefação em sua convulsão extasiada da carne e acarreta em dissolução do Eu – o descontrole violento que o erotismo conjura o entrelaça à morte. Portanto, morte e erotismo devem ser ritualizados, devem ser domesticados de sua selvageria, sofrendo a interdição em nome da manutenção da vida de trabalho humana. As transgressões se tornam permitidas quando conjuradas em nome do sagrado, transcendendo o repugnante, a náusea e a angústia – em geral, são ritualizadas como no carnaval. Ou, quando o prazer de superar a interdição se associa ao prazer do medo e da perseguição, associados à onipotência.

A tradição literária erótica joga com os elementos interdição/transgressão no campo da linguagem e da imaginação, o que nos protege de realizar crimes impensáveis, atos nauseabundos e detestáveis. A literatura nos permite experimentar certa dose de erotismo; transgredir, mas com menor risco de invasão de angústia.

 

 

toda saga de família é falsa

na família, só a tia masoquista

espreita

 

livro não pode

impressiona a gente

ler não é bem uma coisa de homem

 

dinheiro serve para o lanche

na hora do recreio

 

olha a trapaça

livro escondido no casaco

como se já fosse droga

 

come o livro

já te dei dinheiro

come o livro feito traça

 

Antonio Vicente Seraphim Pietroforte, In.: O retrato do artista enquanto foge, São Paulo: Annablume, 2007.

 

Poema escolhido por Ana Tanis, psicóloga, bacharel em letras e curadora de poesia desse blog.

 

Dica: Salò ou os 120 Dias de Sodoma, filme de Pier Paolo Pasolini, expõe as perversões humanas por meio do poder burguês num clima de pura transgressão.

 

 

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O serial killer

Por Luciana Saddi
24/09/12 11:37

Serial killer é um criminoso que mata pelo menos três pessoas. Seus assassinatos  são cometidos com um intervalo de tempo que varia de dias a meses, ou mesmo, anos. O período de esfriamento entre um crime e outro é o que caracteriza o Serial Killer.

Nem todos cometem crimes sexuais – mas é comum, se analisarmos com cuidado, encontrarmos componentes eróticos sutis ou disfarçados em seus crimes. O planejamento e o ato criminoso envolvem controle, espera e descarga de prazer intensa no momento de matar. O que lembra o ato sexual e a busca pelo orgasmo. Também a mesma estrutura encontrada na perversão sexual está presente nesses criminosos, que realizam assassinatos com minúcia, controle e rigidez – tingidos pelas cores da violência e do sadismo.

Planejam cada crime com muito cuidado para garantir que aconteça da maneira como imaginaram. Qualquer diferença entre fantasia e realização os frustra enormemente. O prazer está em controlar o objeto de desejo: a vítima. Frequentemente fantasiam convencê-las a acompanhá-los, ao invés de usar a força. A principal arma é a mentira, o truque. O ato de enganar lhes proporciona intenso prazer.

Uma característica perversa importante é o ódio pela lei e o descaso pelas regras.  Estudos revelam que eles costumam ter consciência de que seus atos são proibidos e condenáveis, mas acreditam que estão acima da Lei. Diferente das pessoas normais, que também têm desejos proibidos, mas que procuram controlá-los, por medo ou respeito às regras sociais.

Muitos sofreram maus-tratos e abusos na infância, mas os assassinos em série não são fontes confiáveis, pois a mentira é característica estrutural de sua personalidade. Sabemos que alguns não sofreram abusos nem tiveram infância problemática, que favorecesse o desenvolvimento de patologia grave.

Embora seja muito difícil detectar um criminoso sexual há sinais observáveis: facilidade e ausência de culpa para mentir e enganar; descaso pelo outro e pela lei; tendência ao isolamento. Como vive tomado pelas fantasias criminosas, dificilmente tem vida profissional e afetiva.

A fama de terem inteligência superior é verdadeira em parte. Existem muitos criminosos que cometem assassinatos e que matariam de novo, mas são pegos antes, porque não são muito espertos. Os mais conhecidos, que matam muito e demoram a ser pegos são bastante inteligentes.

Há alguns comportamentos comuns na infância de um criminoso sexual grave: enurese noturna (xixi na cama) acentuada e duradoura, tendência para brincar com fogo e realizar pequenos incêndios, e a mais importante, crueldade com animais. A enurese noturna é comum em crianças, mas se torna um sinal significativo se estiver associada às outras duas características. Muitas vezes um serial killer, em sua infância, apresenta dois desses sintomas.

Esse tipo de assassino costuma cometer crimes mais leves no início da vida criminosa, crimes que vão, com o passar do tempo, se agravando. Quanto mais estudarmos o tema, quanto maior for a intervenção da assistência social, da psicologia e quanto mais funcionar a integração com a justiça e com os processos penais, mais condições teremos de detectar possíveis criminosos, antes que sua patologia esteja completamente consolidada.

 

 

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Entenda o papel da psiquiatria dentro de um julgamento

Por Luciana Saddi
23/09/12 17:07

Fale Comigo na Rádio Folha

A classificação das doenças mentais surgiu no final do século 19. Mas para a sociedade acreditar nesse projeto e validar seus resultados era necessário que a Justiça reconhecesse, socialmente, o poder da psiquiatria. O assunto é tema do programa “Fale Comigo” desta semana.

Luciana Saddi, psicanalista e blogueira da Folha, lembra o caso do primeiro julgamento da história que opôs o discurso alienista ao jurista.

Trata-se do jovem francês Pierre Rivière. Os magistrados entendiam que o rapaz estava lúcido no momento do crime, pois demonstrava frieza ao descrever e justificar a barbárie cometida. Os inúmeros laudos médicos afirmavam a inimputabilidade do réu ao justificarem o crime como resultado de alienação mental.

Pierre Rivière –que fora inicialmente condenado à morte– teve a pena convertida em prisão perpétua. “A psiquiatria que, na época, acreditava na hereditariedade da loucura venceu”. Ouçam o podcast:

http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/1157103-luciana-saddi-entenda-o-papel-da-psiquiatria-dentro-de-um-julgamento.shtml

 

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UM CONTO CHINÊS filme de Sebastián Borensztein

Por Luciana Saddi
21/09/12 00:12
 

 

 Ciclo de cinema e psicanálise

TRADIÇÃO-INVENÇÃO

23.09 | DOMINGO

SALA CINEMATECA BNDES

18h00 UM CONTO CHINÊS
DEBATE COM PAULO DUARTE GUIMARÃES FILHO E MARIA OLYMPIA DE AZEVEDO FERREIRA FRANÇA
|MEDIAÇÃO DE CELSO ANTONIO VIEIRA DE CAMARGO

UM CONTO CHINÊS (Un cuento chino) de Sebastián Borensztein. Argentina/Espanha, 2011, 35mm, cor, 93’ | Legendas em português. Ricardo Darín, Muriel Santa Ana, Ignacio Huang, Enric Cambray
Portenho casmurro, veterano da Guerra das Malvinas, passa os dias atrás do balcão de sua loja de ferragens,maltratando sua clientelae desconfiando de seus fornecedores. Sua única diversão é colecionar recortes de jornais com notícias esdrúxulas.
Certo dia, suaenfadonha rotina é sacudida quando encontra um imigrante chinês perdido nas ruas de Buenos Aires. Nesta espirituosa comédia, com traços de fábula, o ator Ricardo Darín mais uma vez exibe as qualidade que o fazem um dos melhores intérpretes do cinemalatino-americano atual.

Não indicado para menores de 14 anos

CELSO ANTONIO VIEIRA DE CAMARGO é psiquiatra e psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo,
além demembro do Conselho Consultivo da instituição.

MARIA OLYMPIA DE AZEVEDO FERREIRA FRANÇA é psicanalista docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
Diretora científica da SBPSP por três vezes, é autora de trabalhos publicados no Brasil e no exterior. Editora e co-organizadora de diversos livros,
entre eles, Freud, cultura judaica e modernidade, pelo qual obteve o Prêmio Jabuti 2004.

PAULO DUARTE GUIMARÃES FILHO é médico e psicanalista. Membro efetivo e analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálisede São Paulo.

 

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A Dama Branca

Por Luciana Saddi
20/09/12 09:51

A Dama Branca de Manuel Bandeira

A Dama Branca que eu encontrei,
Faz tantos anos,
Na minha vida sem lei nem rei,
Sorriu-me em todos os desenganos.
Era sorriso de compaixão?                   
Era sorriso de zombaria?
Não era mofa nem dó. Senão,
Só nas tristezas me sorriria.

E a Dama Branca sorriu também
A cada júbilo interior.
Sorria querendo bem.
E todavia não era amor.

Era desejo? – Credo! de tísicos?
Por história… quem sabe lá?…
A Dama tinha caprichos físicos:
Era uma estranha vulgívaga.

Ela era o gênio da corrupção.
Tábua de vícios adulterinos.
Tivera amantes: uma porção.
Até mulheres. Até meninos.

Ao pobre amante que lhe queria,
Se lhe furtava sarcástica.
Com uns perjura, com outros fria,
Com outros má,

– A Dama Branca que eu encontrei,
Há tantos anos,
Na minha vida sem lei nem rei,
Sorriu-me todos os desenganos.

Essa constância de anos a fio,
Sutil, captara-me. E imaginai!
Por uma noite de muito frio
A Dama Branca levou meu pai.

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A crise da realidade

Por Luciana Saddi
19/09/12 09:44

Você acredita no que vê nas redes sociais? Nas fotos todos são jovens, lindos, ricos e vitoriosos, alegres e saudáveis.  Amigos cheios de amigos. A vida “feliz” do Facebook – um lugar onde ninguém sofre – a utopia realizada ou a farsa instituída?

O mundo se tornou um lugar midiático e virtual. Antigamente o mundo era um lugar de fazer. Ao fazer construíamos conhecimento e sentido. Hoje a relação entre o homem e o mundo não ocorre diretamente. A realidade se dá pela informação e não mais pela experiência.

O mundo perdeu substância em função do enfraquecimento do contato do homem com a natureza e do desenvolvimento tecnológico e científico da modernidade. Não há mais distância entre as ideias e as coisas. A realidade entrou em crise.

O homem se sente impotente diante desse mundo em que a ordem tradicional foi substituída por outra ordem, sem raízes nos fatos, constituída por interesses que jamais poderemos provar, criando um sentimento de irrealidade e desconfiança das coisas: nada é o que parece ser, nem a palavra nem a experiência possuem valor.

Um mundo onde a única confiança, prova de realidade e de continuidade cotidiana se dá nos atos, atos em forma de ações autoritárias, porque os atos mesmos perderam eficácia. Diante da insustentável leveza da realidade resta ao homem atos quase que travestidos de atentados, por que esses é que passaram a condição de dar sentido ao homem.

O ato toma o lugar do pensamento quando a realidade é substituída pela virtualidade.

Por isso, nas redes sociais, somos inundados por fotos espetaculares, pelas lindas frases de efeito de sabedoria com gosto de plástico. E temos os melhores amigos de toda uma vida, que nunca se viram. É tudo tão intenso e forte! Paradoxalmente tão falso!

Cada foto um espetáculo, quase um tapa na cara para acreditarmos que a imagem é real e existe. Embutido em toda essa pseudo realidade há um processo autoritário que exclui a relação lógica entre o dito, o mostrado e o fato. Não apenas censura a história, mas a reescreve alterando dados ao seu bel prazer. Antigamente esse era um expediente dos tiranos e dos regimes totalitários.

Sociedade da informação, Sociedade do espetáculo e Sociedade do vazio, assim os estudiosos caracterizam a atualidade. Os psicanalistas alertam para o surgimento de novas formas de sofrimento psíquico sediado no corpo e na imagem corporal, como o aumento dos problemas alimentares, dos ataques ao corpo por meio de cortes, machucados, queimaduras e pelo aumento das compulsões de forma geral.

Está surgindo uma nova subjetividade. Dizem que os monstros surgem nos momentos de transição, quando o novo ainda não se consolidou e o velho não foi superado. Seja como for, as regras que sustentam a realidade das redes sociais operam sob o regime da farsa e sob o regime do ato, ato puro e autoritário.

 

 

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Gostar ou não gostar de sexo

Por Luciana Saddi
18/09/12 15:39

Internauta: Há pessoas que não gostam de sexo, por quê?

Luciana: Sim há quem não goste e há quem repudie o sexo, por despertar sentimentos de aversão e nojo. Freud ao procurar entender a mais típica doença mental de sua época, a Histeria, relacionou-a  frigidez. A moral sexual vitoriana condenava a sexualidade. Homens e mulheres sofriam educação repressora e falta de conhecimento sobre o tema – um verdadeiro tabu social. A exploração do erotismo foi condenada pelo mundo ocidental até bem pouco tempo. Embora haja mais liberdade nos dias de hoje nem todos desenvolvem interesse e gosto pelo sexo em função da angústia que ele causa.

Sexo é prazeroso, mas é angustiante também. Exige abrir mão da vergonha, do ridículo e do nojo – nem todos conseguem essa superação. Sexo é esquisito, ainda é meio proibido e meio sujo, pois os genitais estão muito próximos aos órgãos excretores. O prazer está relacionado à capacidade de entrega ao aqui e agora e à supressão da moralidade. Os mais reprimidos têm mais dificuldade em obter prazer, em relaxar e gozar. Há também uma dimensão mortífera no sexo, que assusta a gente: a convulsão extasiada do corpo leva a sensações de dissolução do Eu – o descontrole violento que o erotismo conjura o entrelaça à morte.

Considerando tudo isso e a dimensão misteriosa da sexualidade  torna-se  mais difícil entender porque tanta gente consegue gostar dessa estranha atividade  humana.

 

VIII

 

É neste mundo que te quero sentir

É o único que sei. O que me resta.

Dizer que vou te conhecer a fundo

Sem as bênçãos da carne, no depois,

Me parece a mim magra promessa.

Sentires da alma? Sim. Podem ser prodigiosos.

Mas tu sabes da delícia da carne

Dos encaixes que inventaste. De toques.

Do formoso das hastes. Das corolas.

Vês como fico pequena e tão pouco inventiva?

Haste. Corola. São palavras róseas. Mas sangram.

 

Se feitas de carne.

 

Dirás que o humano desejo 

Não te percebe as fomes. Sim, meu Senhor,

Te percebo. Mas deixa-me amar a ti, neste texto

Como os enlevos

De uma mulher que só sabe o homem.

 

Hilda Hilst, In.: Poemas malditos, gozosos e devotos, São Paulo: Editora Globo, 2009

 

Poema escolhido por Ana Tanis, psicóloga, bacharel em letras e curadora de poesia desse blog.

 

Dicas: Os filmes, Repulsao ao sexo, de Roman Polanski, A bela da tarde, de Buñuel e  Anticristo, de Lars von Trier dirigem um olhar sombrio para a  sexualidade. Talvez seja melhor deixar o monstro adormecido?

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Pais de adolescentes devem aceitar críticas; ouça

Por Luciana Saddi
17/09/12 10:54

Fale Comigo na Rádio Folha

A adolescência é um dos momentos que impõem a necessidade de novas definições, de outro papel social e menor necessidade da família.

“Em geral é acompanhada por revolta e transgressão”, lembra Luciana Saddi, blogueira da Folha.com.

No programa “Fale Comigo” desta semana, a especialista explica por que nessa fase da vida há tantas crises de humor, além da confusão criada pela vergonha do corpo e a vontade de se exibir.

“Aos pais cabe muita paciência, imposição de alguns limites e aceitação de criticas”, diz Luciana.

http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/1144495-luciana-saddi-pais-de-adolescentes-devem-aceitar-criticas-ouca.shtml

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