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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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É preciso reconhecer a doença mental para tratá-la

Por Luciana Saddi
20/12/12 18:40

Fale Comigo na Rádio Folha

O tratamento das doenças mentais avançou bastante no último século. Antes, elas eram erradamente associadas a fraquezas de caráter e, por isso, se recomendava tratar os doentes com maus tratos físicos e isolamento.

Hoje, sabe-se que a incidência delas na população é igual ou maior à de doenças cardiovasculares.Mesmo assim, elas ainda causam vergonha e dor.

Mas não aceitar a existência da doença mental é condenar toda a família a viver num círculo vicioso. É preciso buscar tratamento.

Ouça o podcast desta semana da psicanalista e blogueira da Folha Luciana Saddi.

http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/1204268-luciana-saddi-e-preciso-reconhecer-a-doenca-mental-para-trata-la.shtml

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A nutrição e os problemas alimentares

Por Luciana Saddi
19/12/12 10:45

Entrevista com Amanda Epifanio Pereira – Nutricionista do Centro Integral de Terapia Nutricional ( www.citen.com.br ).

 

Luciana: Como você considera o paciente que sofre com a obesidade e que te procura para se tratar?

Amanda: São pacientes angustiados e temerosos. Quase todos carregam alguma história fracassada na dura tarefa de perder peso e todos com muito medo e a falsa idéia de que a partir da consulta com um nutricionista, todos os seus prazeres alimentares serão definitivamente cortados de suas vidas.

Luciana: E o paciente anoréxico? Como você o vê?

Amanda: Há dois perfis de pacientes. Os pacientes mais jovens, que enfrentam a fase aguda da doença, mostram-se muito fortes e certos que não há nada de errado em seus corpos e que não estão doentes. Em geral, não aceitam as orientações nutricionais de imediato ou usufruem das informações para alcançar maior restrição calórica. Os pacientes mais velhos, que enfrentam a cronicidade da doença, são mais frágeis, cansados, muito deprimidos, com consciência da gravidade da doença e dispostos a se tratar. Buscam mais ajuda e precisam ser acolhidos em seus sofrimentos, pois vivem o confronto de querer melhorar e ao mesmo tempo não ganhar peso.

Luciana: Qual a contribuição da nutrição para a compreensão e tratamento da obesidade?

Amanda: Os nutrientes estão diretamente envolvidos na patogênese da obesidade, principalmente no que diz respeito à fome e saciedade, tanto no processo digestivo, quanto na modulação hormonal envolvidos nesses mecanismos. O processo de refinamento e a diminuição de fibras da alimentação tornaram o tempo digestivo mais acelerado, diminuindo a saciedade e aumentando o período de fome. Além disso, a absorção rápida dos nutrientes altera o equilíbrio de alguns hormônios, que estão diretamente envolvidos no ganho de peso. Os estudos recentes buscam elucidar a ação de hormônios intestinais no ganho de peso, mas já é bem claro a importância de hormônios gástricos e até mesmo hormônios produzidos pelo tecido adiposo (gorduroso) na patogênese da obesidade. Entretanto, apesar de tanta elucidação, o tratamento continua sendo: restringir calorias, com a finalidade de alcançar o balanço energético negativo, que resultará em emagrecimento. 

Luciana: O que é indispensável para tratar a obesidade?

Amanda: É fundamental que se entenda os mecanismos que conduzem ao ganho de peso, além de erros alimentares. A obesidade é uma doença de natureza multifatorial, e a elucidação desses mecanismos é fundamental para desenvolver estratégias mais adequadas de tratamento. O foco nutricional é conhecer o comportamento alimentar de cada paciente, o que o leva a comer, se é movido por fome ou ansiedade, se é capaz de perceber a saciedade, como as refeições são organizadas ao longo do dia e quais as preferências alimentares. Essa investigação visa à elaboração de um plano alimentar individualizado, ajustado à realidade de cada paciente, para que possa ser seguido por período prolongado e possibilite mudanças de hábitos definitivas.

Luciana: Você vê diferença entre os pacientes que têm sobrepeso, obesidade e obesidade mórbida?

Amanda: Sim, quanto mais grave é a obesidade maior é a dificuldade de perceber o quanto se come. Pacientes com obesidade mórbida são incapazes de descrever com fidelidade o dia alimentar. Em geral apresentam recordatórios alimentares com cerca de um terço do consumo diário. Esses pacientes não tentam enganar os profissionais, nem mesmo enganar a si próprios, são verdadeiros em suas descrições e, talvez, por alguma proteção psíquica, ou mesmo comportamental, não percebem o volume consumido realmente.  Já quase todos os pacientes com sobrepeso, conseguem reconhecer as causas que os conduzem à obesidade, e são capazes de dizer com absoluta clareza o consumo alimentar cotidiano.

Luciana: Como você considera o prazer em se alimentar, os sinais de saciedade e de fome na alimentação do paciente?

Amanda: O que regula o consumo alimentar é a capacidade de reconhecer a fome e perceber a saciedade. Ao sentirmos fome, passamos a desejar alimentos sabidamente prediletos, capazes de gerar prazer. Esse é um mecanismo fisiológico, e é natural a busca por alimentos palatáveis em situações de fome. A grande questão é que atualmente, com o estilo de vida da sociedade moderna, o padrão alimentar tem sofrido grandes alterações, modificando completamente o mecanismo de percepção de fome e saciedade. Muitas pessoas pulam refeições, principalmente café da manhã, ou fazem jejuns prolongados ao longo do dia, passando a sentir fome o dia inteiro. Por vezes, confundem a fome real, de um corpo que esta a mais de 10 horas sem comer, com ansiedade e/ou estresse, e então buscam alimentos palatáveis, em geral ricos em sal, açúcar e gordura, para satisfazer essa situação de desconforto. Como tais alimentos não causam saciedade , cria-se um ciclo de consumo alimentar difícil de romper – muita fome, pouca saciedade, desorganização, estresse, fome. Além disso, temos à disposição uma variedade de alimentos cada vez mais gostosos que aguçam nosso o paladar, causando grande satisfação e prazer. São alimentos que perpetuam o consumo. Afinal, como é possível parar de comer alimentos salgadinhos como pipoca, castanhas e amendoim? Ou não ficar com o gostinho de chocolate na boca após o consumo de um bombom? Alimentos gostosos e práticos somados à fome e incapacidade de ter saciedade, resultam inevitavelmente ao maior consumo e à obesidade.

Luciana: Quais as maiores dificuldades que enfrenta junto aos pacientes?

Amanda: As maiores dificuldade relacionam-se às tentativas de diminuir o açúcar, sal e as gorduras do dia a dia e convencê-los que é possível ter prazer com refeições sem esses ingredientes. Outro grande desafio é preparar a própria refeição ou ter alguém que os ajude com essa tarefa em casa. A carga horária de trabalho é cada vez maior, e o tempo para organização das refeições em casa quase não existe. Alimentos de fácil preparo passam a ser as principais escolhas dessas refeições, no entanto, não existem opções práticas que causem saciedade, sejam saborosas e magras! Outro desafio e convencer o paciente a fazer as três principais refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar), sempre há uma justificativa para burlar tais refeições. A questão é que muitas mudanças são comportamentais e esse é o grande desafio.

Luciana: Por que comer virou um grande problema? E também um grande ato nos dias de hoje?

Amanda: Comer não é problema quando somos capazes de queimar energia com atividades física do cotidiano e/ou exercícios físicos programados. O que de fato mudou em nossa vida, foi a diminuição da atividade física do cotidiano. Não temos mais tarefas que propiciem grande gastos de energia, e o corpo tem um gasto de energia diário praticamente igual ao noturno. Com esse cenário, a evolução natural deveria ser a diminuição do consumo alimentar, e o que vemos é o  oposto. Além de gastar menos energia, passamos também a comer mais. Somado ao estilo de vida sedentário e ao consumo exagerado, vivemos sob estresse crônico e o alimento aparece como o prazer mais acessível nessa realidade. Ao longo da história, os alimentos sempre ocuparam papel de destaque no quesito prazer, em diferentes sociedades e culturas, atualmente o que notamos é a supervalorização desse prazer. Chegar à noite em casa e não comer algo muito gostoso (lê-se gordura, sal ou açúcar) será como ter o dia perdido, ir ao teatro ou ao cinema não será um passeio agradável se não for seguido de um bom jantar, estar ao lado de pessoas queridas não será tão valorizado se não for cercado por guloseimas deliciosas… Parece quase impossível ter prazer ao degustar alimentos com menor teor de gordura, sem açúcar e com pouco sal, afinal “isso é comida para doentes!” Essa justificava é o que ouvimos diariamente nos nossos consultórios e o discurso de um nutricionista, na tentativa de modificar esse comportamento aparece como algo longínquo da realidade.

Luciana: Há relação entre a sociedade de consumo de massas e a obesidade?

Amanda: Possivelmente sim. Nunca houve tanta disponibilidade de alimentos e em porções cada vez maiores, para serem consumido sem limites. No Brasil, questões sociais também podem estar envolvidas no consumo desenfreado. Nos últimos 50 anos, o Brasil saltou da desnutrição à obesidade. Ao mesmo tempo,  nos industrializamos, nos globalizamos e aderimos ao consumo de massas. Isso significa que as pessoas com mais de 30 anos, são filhas de uma geração que sofreu com algum grau de privação alimentar e, portanto, foram criadas para que consumissem tudo oferecido e para que não houvesse sobras e desperdícios. Tal comportamento, somado ao consumo de massas, pode sim estar relacionado ao aumento, cada vez maior, da obesidade em nosso país.

Luciana: Existe alimentação saudável? Qual seria de fato?

Amanda: Sim. Dentro do conceito Alimentação Saudável não há privações e sim equilíbrio. Todos nós podemos comer alimentos considerados de alto risco à saúde como um bom corte de picanha, apreciar uma boa sobremesa e tomar um cafezinho preto com açúcar. A questão é saber equilibrar o consumo e aprender a diminuir as porções. Não devemos comer sobremesas diariamente se não estivermos fazendo alguma atividade física, também não devemos adicionar açúcar ao café, se ao longo do dia tomarmos mais que cinco xícaras. Às delicias do dia a dia precisamos adicionar fontes importantes de fibras, presentes nas verduras e legumes. Atualmente aumentar o consumo de fibras é a única forma de melhorar o tempo de digestão, acelerado pelo refinamento dos alimentos. As frutas também são ricas em fibras e representam as principais fontes de vitaminas e minerais, fundamentais à manutenção da saúde. Pães, massas e arroz devem fazer parte de nossa alimentação cotidiana, só não podem estar somadas. Se for integral, muito melhor! As carnes são proteínas importantes e carreiam nutrientes essências à vida humana, como ferro. Elas devem estar presentes na alimentação saudável. Mas não precisa ser cortes bovinos diariamente, devemos aprender a intercalar diferentes tipos de carnes, comendo mais frango e peixe. O ovo também é uma opção muito saudável. Os leites e seus derivados representam as principais fontes de cálcio da dieta, e somente com a adequação desse nutriente é que conseguimos manter a nossa saúde óssea, assim o leite é para os Humanos! Para os intolerantes, versões sem lactose, para os gordinhos, versões desnatadas. Finalmente, os grãos, eles apresentam excelente valor nutricional e deveriam ter espaço cativo em nosso prato. Não me refiro ao grão de soja ou a quinoa, esses também são grãos nutritivos, mas deveríamos trazer de volta nosso bom e velho feijão.

Luciana: Qual sua experiência com os pacientes que fazem cirurgia bariátrica?

Amanda: Minha experiência clínica com esse grupo de pacientes talvez não expresse a realidade. Em geral, atendo os casos mal sucedidos, que após algum tempo voltaram a ganhar peso e precisam recomeçar com suas dietas e iniciar um tratamento adequado de reposição de vitaminas e minerais. Apesar do ganho de peso, raros são os casos em que o paciente recupera todo peso perdido. A cirurgia é uma medida drástica para quem precisar perder peso, muitas vezes é a única alternativa. Entretanto, ela não deve ser encarada como tratamento definitivo da obesidade, mas como o primeiro passo, para que grandes mudanças comportamentais aconteçam.

postada no segundo semestre de 2010

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Eu limpo São Paulo?

Por Luciana Saddi
19/12/12 10:03

Caminhar por São Paulo é uma caixinha de surpresas. Sempre alguma nova parede pintada, desenhada, escrita. Aí você olha e até sorri no meio do asfalto acidentado, do céu acinzentado e do trânsito engarrafado. Pois bem. Em uma dessas saídas em que abandonei o universo televisivo para assistir ao verdadeiro reality show de nossa Babilônia, vi algo intrigante. Já tinha até visto aquele símbolo colado em lixeiras verdes espalhadas pelas ruas, mas nunca me tinha dedicado ao exercício semiótico daquele adesivo. Vejam vocês e reparem se isso não causa o mesmo estranhamento que em mim…

continua no blog da Ana Tanis (esse texto é dela, curadora de poesia do Fale Comigo, psicóloga e bacharel em letras).

 

http://anapura.blogspot.com.br/2012/12/eu-limpo-sao-paulo.html

 

 

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O Sentimento de Culpa

Por Luciana Saddi
18/12/12 10:09

Psicanalistas gaúchos lançam 3ª edição do livro, O Sentimento de Culpa.

Para os autores, Paulo Sergio Rosa Guedes e Julio Cesar Walz, o sentimento de culpa é a causa de todas as doenças psíquicas, e o seu significado e a sua origem são totalmente opostos ao do sentimento de responsabilidade pessoal.

Na obra, o tema é abordado de forma bastante diferente do senso comum. Os autores entendem o sentimento de culpa como causa e não consequência, e acreditam que uma pessoa não se sente culpada porque tomou uma determinada atitude, mas que faz algo que não aprova justamente porque se sente culpada. E vão além: entendem que culpa e responsabilidade, do ponto de vista da vida emocional, são conceitos totalmente opostos, autoexcludentes e jamais sinônimos. Além disso, defendem que toda perturbação da saúde mental é causada pelo sentimento de culpa, o que equivale dizer que nesses indivíduos há uma diminuição importante do sentimento de responsabilidade pessoal perante suas próprias vidas. Esse fato repercute de forma desastrosa na sua participação em sociedade, pois não colaboram solidariamente com a integridade de todos. Em vez disso, se culpam ou culpam os outros, ou seja, supervalorizam a si ou ao outro, o que não passa de uma ilusão prepotente. “As pessoas têm uma dificuldade extraordinária de aceitar o sentimento de responsabilidade. Preferem sentirem-se culpadas a sentirem-se responsáveis”, afirma Guedes.

A aplicação desta teoria pode ser verificada, por exemplo, no caso de um indivíduo que gostaria de parar de fumar, mas não consegue, e cada vez que acende um cigarro sente-se culpado. Para os autores, a função do sentimento de culpa nesta situação é a de “dividir” a pessoa em duas: uma que fuma e que não para porque quer fumar e gosta; e a outra que critica impiedosamente a que fuma. Esta segunda estaria subornando-se, achando que cumpriu com sua obrigação de autoacusação, podendo assim se permitir a continuar com o vício. Já o sentimento de responsabilidade pessoal faria o indivíduo parar verdadeiramente de fumar e enfrentar todas as consequências deste ato, ou então decidir continuar, sabendo que o faz por desejar e que precisará enfrentar tudo o que for decorrente disso.

 “A maneira como tratamos o tema desloca o leitor dos seus pontos de referência habituais e contraria a lógica com a qual costuma pensar acerca da vida. Desejamos mostrar uma forma de pensar que facilite a assunção do sentimento imprescindível de responsabilidade pessoal”, explica Guedes, que é complementado por Walz: “Nós propomos um treinamento, um exercício para a pessoa pensar em si como um ser responsável por sua vida mesmo nas ocasiões em que se sinta vítima de algo ou de alguém. Resumidamente, em todo o livro estudamos apenas amor e poder. E que eles, como a culpa e a responsabilidade, são absolutamente autoexcludentes. O amor nos torna inexoravelmente responsáveis; e o sentimento de culpa ilusoriamente poderosos.”

Trechos do Livro:

“O sentimento de culpa — cuja natureza é inconsciente — é um sentimento totalmente ilusório e em nada percebido por nós como tal. Extremamente sedutor, mais do que tudo, é sentido como absolutamente necessário e imprescindível a um efetivo enfrentamento da vida e de seus problemas. Apresenta-se a nós — e nós o cultivamos — como a grande solução para tudo o que ocorre na vida. Portanto, sua natureza é essencialmente onipotente, divina. Já sabíamos, mas agora está bem mais claro: o sentimento de culpa é o sentimento de onipotência.” (página 30)

“Em outras palavras, a responsabilidade pessoal, individual, consciência sempre ainda não criada da nossa espécie, para ser permanentemente conquistada necessita muita coragem. “Forjar na forja da minha alma”, como expressa James Joyce, indica a grande dificuldade de conquistá-la, em cada momento da vida. Essa grande dificuldade, a nosso ver, deve-se a seu significado: trata-se de uma conquista que é sentida como uma batalha contra os deuses, sejam eles quais forem. Assim, em vez de responsabilizá-los, temos nós que assumir este lugar. E isso, por vezes, é sentido como muito difícil. Digamos que, ao contrário do sentimento de culpa — que não existe como realidade — o de responsabilidade pessoal existe, realmente, e é evitado de forma impressionante pelas pessoas.” (página 64)

Livro ‘O Sentimento de Culpa’ | 3ª edição. Revista e ampliada

De Paulo Sergio Rosa Guedes e Julio Cesar Walz

Edição do Autor

128 páginas

ISBN 978-85-907640-2-1

R$ 50

Onde encontrar: Livraria Cultura http://www.livrariacultura.com.br/, Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro http://www.travessa.com.br/ e Livrarias Curitiba, em Blumenau, Florianópolis e Balneário Camboriú http://www.livrariascuritiba.com.br/

 

 

 

 

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Justiça e Psiquiatria

Por Luciana Saddi
17/12/12 10:37

Os filósofos iluministas pretenderam substituir a ideia de providência divina pela de certeza científica. Assim, todo um universo de conhecimento que se acumulava sob a denominação de Filosofia iniciou uma preparação árdua para alcançar o status de ciência.

A psiquiatria engatinhava nesse processo. No final do século XIX, fez um grande esforço para compreender, medir, dividir em tipos e explicar a loucura. Surgiu uma classificação das doenças mentais, bastante útil até hoje. Faltava à sociedade acreditar nesse projeto e validar seus resultados. Para que isso ocorresse era necessário que a Justiça reconhecesse, socialmente, o poder da Psiquiatria.

Um jovem parricida francês do século XIX (Pierre Rivière) sofreu o primeiro julgamento da história que opôs o discurso alienista e ao jurista. Os magistrados entendiam que o rapaz estava lúcido no momento do crime, pois demonstrava frieza ao descrever e justificar a barbárie cometida. Os inúmeros laudos médicos afirmavam a inimputabilidade do réu ao justificarem o crime como resultado de alienação mental.

Pierre Riviere que fora inicialmente condenado à morte, teve a pena convertida para prisão perpétua. A Psiquiatria que, na época, acreditava na hereditariedade da loucura venceu. Tornou-se uma das mais reconhecidas e aceitas ciências de nossos dias.

No ano passado, o extremista norueguês Breivik matou 77 pessoas em Oslo. Seu julgamento afastou a hipótese de problemas mentais, ao condená-lo à pena máxima de prisão.

Talvez, no inicio do século XXI, a tensão entre Justiça e Psiquiatria seja substituída pela cooperação entre Justiça e Psicanálise.  Afinal, a insanidade do nosso mundo é resultado da maneira como o construímos. Breivk entendeu o mundo de forma preconceituosa e autoritária, acreditou que poderia matar em nome de seus ideais. Não se submeteu a lei. À Justiça resta prende-lo.

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A maldade

Por Luciana Saddi
14/12/12 12:10

Entrevista com a psicanalista e escritora, Sylvia Loeb, que recentemente abordou a maldade no romance, Heitor (ed. terceiro nome).

Luciana: Por que um romance sobre a maldade?

Sylvia: Nunca sabemos de antemão porque escrevemos. Você que é escritora, sabe disso, tanto quanto eu, não é verdade? Depois que escrevemos, aí sim, podemos nos perguntar e eventualmente responder por que escrevemos.

Assim, posso tentar dar uma resposta, mas não posso garantir que seja esse o motivo pelo qual escrevi Heitor.

Acho que vivemos rodeados por tanta violência, por tanta coisa que não compreendemos, que escrever sobre o que nos afeta é uma forma de tentar entender, ou ao menos metabolizar algo que nos faz mal, qual um processo digestivo. A violência que vemos nas ruas, nos jornais, na televisão, nos afeta, gera medo, faz mal. Ou nos isolamos, o que é muito difícil, ou tentamos ver do que se trata.

Luciana: como definir o mal?

Sylvia: Numa definição aparentemente simples, porém radical, é tudo o que atenta contra a vida. Preservar a vida implica em poder se alimentar, ter acesso à educação, a cuidados médicos, à moradia, enfim, tudo que preserve o ser biológico que somos. Como psicanalista, penso em vida também em outros aspectos:

– em vida mental, que implica na possibilidade de alimentar nossa curiosidade, em ter respostas para nossas questões, no uso do pensamento, faculdade tão preciosa que constrói caminhos. Pensamento que deve ser apreciado na sua diversidade, na sua originalidade; é importante poder se apropriar do próprio pensamento, o que nos ajuda a atingir metas, a evitar modos violentos e agressivos de resposta aos estímulos que vem de fora e de dentro de nós mesmos.

– em vida emocional, que implica em abrigarmos pensamentos, sentimentos, sensações,  medos, enfim toda uma gama de emoções que nos afetam e perturbam, tentando entender , na medida do possível de onde elas provém.

– em vida amorosa, o que implica podermos nos colocar no lugar do outro, nos sensibilizar com a dor alheia, sem tirar a responsabilidade do outro e de nós mesmos. E se nesta vida amorosa couber um companheiro, uma companheira com que possamos compartilhar, estaremos no melhor dos mundos.

Conversar, possibilitando transformar o que nos afeta emocionalmente, por que muitas vezes afeta-se o corpo por meio de doenças. Evitar isso é propiciar vida de qualidade. Sentir-se querido, ser solidário com o padecimento do outro, sentir que outros são solidários conosco, tudo isso gera vida, gera saúde.

Dou-me conta que você perguntou o que é o mal, e eu respondi como evitar o mal.

Então tentando responder mais diretamente à questão: o mal é o que impede de pensar, de sentir, de conversar. É levantar um muro de silêncio, ou de indiferença, é impor verdades definitivas e sem outra possibilidade que não a de obedecer e acatar. Pais que não permitem o diálogo, que não respeitam o outro sujeito que é a criança, religiões radicais que impõem uma verdade absoluta, professores dogmáticos que impedem a criatividade, tudo isto configura o mal. Novamente estou falando mais dos aspectos emocionais, que muitas vezes  passam desapercebidos. Quantas vezes ouvimos um adulto dizendo a um jovem Não gosto de te castigar, mas é para seu próprio bem.  E em nome do “bem”, arbitrariedades são cometidas. Há um filme extraordinário, “A Fita Branca” que fala sobre este tema de modo magistral.

Em outro diapasão não muito diferente, encontramos Heitor, o personagem do livro: egoísta, indiferente aos problemas da família, nenhum gesto de violência física; sua violência encontra-se no modo de funcionar, no modo de usar a inteligência, de manipular os que o rodeiam, em um processo tóxico de asfixiar os afetos.

Luciana: o que leva alguém a ser frio e indiferente? Isso ocorre com mais frequência do que imaginamos?

Sylvia: Mais uma vez, no campo da psicanálise, não temos respostas fechadas, do tipo, “se isso, então aquilo”.

O que podemos afirmar com algum grau de certeza é que a solidariedade, o afeto amoroso, a preocupação com o outro, enfim, todas as qualidades que prezamos e que são necessárias ao convívio humano, são construções, longas, trabalhosas e sem garantia. Em outras palavras, não nascemos virtuosos, nem bons, essas qualidades não estão nos genes: gene da bondade, da delicadeza.

Um bebê é um serzinho selvagem, por mais que doa às mães ouvirem isso. Digo selvagem no sentido de um ser da natureza, a quem importa apenas o prazer, o bem estar, que basicamente vem pela boca, pelo alimento que a mãe propicia. Ausência de fome, de frio, de calor, de dor, e temos um bebê feliz, assim como a maioria dos adultos também. A diferença é que o bebezinho não tem controle sobre seus impulsos. Se sentir fome, grita, esperneia, chora. Imagine este serzinho, com estas condições emocionais, em um corpo de adulto, com força física de um adulto!

O que estou tentando dizer é que nós humanos, ao nascer, somos um conglomerado de impulsos que procuram ser satisfeitos. Isso é vida na luta pela sobrevivência. É saudável, é assim que deve ser.

Mas se crescêssemos deste jeito, sem o trabalho de construção que os pais deveriam realizar, teríamos um mundo selvagem, um mundo do salve-se quem puder.

E quando digo trabalho dos pais, refiro-me a um conjunto de procedimentos que vão desde os cuidados materiais, como à obrigação ética, a responsabilidade de criar um ser para o mundo. Amar não é apenas suprir carinho e bens materiais, mas, sobretudo, dedicação, cuidado, atenção. Educar é não apenas ensinar, mas também proibir, dizer o que é certo, o que é errado, muitas vezes contrariar a criança ou o adolescente, dar referências, para que mais tarde, o filho possa aceitar ou refutar o que recebeu, construindo seus próprios parâmetros de comportamento.

Freud dizia que entre as maiores dificuldades que enfrentamos, o educar é uma delas. Governar e psicanalisar são as outras.

Se o longo trabalho realizado pelos pais, pelos professores, pela cultura, e isso não exime nem mesmo nossos governantes, que em última análise, são representações de identificação cultural, se isto der certo, teremos a probabilidade de criar um cidadão responsável, ético, amoroso. Se isto der certo, sublinho novamente, pois como disse anteriormente, a psicanálise não dispõe de receitas.

Luciana: qual o fascínio que a maldade exerce sobre nós?

Sylvia: Justamente pelo imenso trabalho cultural ao qual fomos submetidos: não podemos  expressar livremente nossos impulsos, o que absolutamente não quer dizer que eles estejam mortos ou inativos.

O fascínio que o mal exerce sobre nós advém justamente da possibilidade de viver no outro, fora de nós mesmos, sem o perigo que isto acarreta (inclusive o de sermos presos!), toda uma gama de impulsos, que foram domados à duras penas. Que impulsos são esses? Sadismo, agressividade, masoquismo, violência, inveja, rivalidade, desejo de destruição, mentira, falsidade.

Sim tudo isso faz parte de nosso ser, somo feitos dessa matéria e não a exercemos todos os dias, senão a vida em comunidade seria impossível.

Disso somos feitos e o longo processo civilizatório que é processado dentro de cada família, por cada pai, por cada mãe, não extingue, e nem poderia extinguir, nossa natureza. Daí o fascínio que sentimos pela violência, pelos filmes de guerra, pelos horrores que muitas vezes assistimos na televisão e depois podemos dormir, sossegados, porque a barbárie está fora de nós.

Saber do que somos feitos, é a única forma de podermos lidar com o mal, intrínseco no humano.

 

Trecho do livro, Heitor de Sylvia Loeb:

 

Capítulo XXII

Heitor chegou à sala de reunião da diretoria às 10h03min, como sempre. Fazia questão dessa pontualidade. Admirava os trens de Londres.

Em frente à sua cadeira, uma xícara de chá fumegante.

Os homens calaram-se e levantaram-se para cumprimentar o chefe com um pequeno aceno de cabeça.

Esperavam.

O silêncio era total.

Os olhos amarelos do patrão pousavam vagarosamente de homem em homem. Uns sustentavam o olhar, outros se mexiam, tossiam ou sorriam. Fixava alguns por um tempo maior. O da direita tinha uma enorme marca de suor no peito e nas axilas, que manchava o terno claro. Heitor pensou na solução leitosa, composta de proteínas, açúcares, amônia e gorduras que desemboca nos poros de onde emergem os pêlos e a gordura da pele, e que, em contato com as bactérias do corpo, produzem mau cheiro. O homem da frente enxugava gotas de suor que lhe escorriam pelo pescoço, terreno propício para o crescimento de microorganismos e fungos. Situações de estresse aumentam a produção das glândulas sudoríparas e liberam uma série de hormônios no sangue que serão exalados junto com o suor.

Cheiro de medo. Heitor conhecia esse cheiro.

Só se escutava o som do chá sendo vagarosamente sorvido.

 

 

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Como transformar perdas em lembranças?

Por Luciana Saddi
13/12/12 10:47

Fale Comigo na Rádio Folha

O poeta e humanista romano Sêneca (I a.C. – 65 d.C) dizia que, para diminuir o efeito das perdas, tínhamos que guardar a lembrança das coisas perdidas.

A psicanalista e blogueira da Folha Luciana Saddi conta que que a lembrança pode também aumentar a dor da perda, quando se torna lamento pelo objeto perdido.

Mas, afinal, o que são as lembranças? Como criá-las a partir das perdas?

http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/1185453-luciana-saddi-como-transformar-perdas-em-lembrancas.shtml

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Pais de adolescentes devem aceitar críticas

Por Luciana Saddi
12/12/12 11:19

A adolescência é um dos momentos que impõem a necessidade de novas definições, de outro papel social e menor necessidade da família. Em geral é acompanhada por revolta e transgressão. Há desejo de independência e medo de responsabilidade.

Nessa fase as possibilidades sexuais são questionadas. Vergonha do corpo e exibicionismo se confundem. A sexualidade do jovem encontra-se numa incômoda situação, está além da fantasia e teme se transformar em realidade. A identidade de gênero é explorada. Período de experimentar-se, de estranha mistura entre desamparo e onipotência, onde a pergunta: quem sou? agrava-se, quase vira sintoma de doença incorrigível. Momento comparável ao das crianças de 3 ou 4 anos que questionam o status de realidade do mundo ao perguntarem, insistentemente, o porquê de todas as coisas.

E embora nossa identidade seja questionada nas fissuras da rotina, somente nas grandes crises é que a realidade, ela própria, é levada de roldão. A adolescência é uma dessas importantes crises, que levam o sujeito a questionar não apenas a identidade, mas também a realidade. Momento de construção de utopias, de experimentar outras formas de viver e de idealizar um mundo melhor. O inconformismo é marca distintiva do adolescente. Também os grupos tomam a importância da família, passam a ser referência para os valores e ditam moda.

Alterações de humor, depressão e euforia são características comuns do adolescente. Movimentos de regressão e progressão alternam-se. Aos pais cabe muita paciência, imposição de alguns limites, aceitação de criticas, também cabe procurar ajuda especializada, caso se sintam desorientados ou temam pelo futuro do filho.

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Noiva perdida ou resistência para estreitar o vínculo?

Por Luciana Saddi
10/12/12 10:00

Internauta: Namoro há dois anos a distância.  Ele quer que eu vá morar com ele, mesmo tendo a convicção de que também quero isso, prefiro esperar até quitar algumas dívidas e passar em outro concurso. Além disso, fiquei com a confiança abalada, e desde então olho seu celular escondido e sempre vejo coisas que me magoam. Por que ele continua fazendo o que eu não gosto e exige tanto a minha presença na sua vida? Nos amamos, não tenho dúvida. O que faço: caso com ele para não perdê-lo, corro o risco dele se cansar de esperar ou dou um tempo nessa relação?

Luciana: Não dá para saber se ele exige sua presença na esperança de que com isso não se envolva com outras mulheres ou se, mesmo casado continuará a se encantar com as outras.

Quanto valem a confiança e a paz para você? Valem mais ou menos do que ele?

Não sei julgar a relação entre distância física e emocional, porque cada casal se organiza de um jeito singular. Mas, pense, por que você adia o casamento, esperando melhorar a situação financeira? Não seria o indício de haver uma resistência para estreitar o vínculo?

Você me fez algumas perguntas, e, curiosamente, essa resposta está repleta de outras. Como diria o cientista: o conhecimento se faz pela capacidade de gerar perguntas e, não pela possibilidade de dar respostas.

 

“Eu sou, sem ter consciência disso, uma armadilha. Apesar de sagaz, não compreendo realmente o que está me acontecendo. E o mundo a me exigir decisões para as quais não estou preparada. Decisões não só a respeito de provocar o nascimento de fatos mas também decisões sobre a melhor forma de se ser. Uma tensão de corda de violino.”

 

Um trecho do livro, “Um Sopro de Vida”, de Clarice Lispector.

 

Trecho escolhido por Ana Tanis, psicóloga e bacharel em letras, curadora de poesia desse blog.

Dica: A espingarda de caça, romance epistolar de Inoue Yasushi. O personagem principal, Misugi Yosuke, está morto. Sua história será narrada por três pontos de vista: o da filha da amante, o da esposa e o da amante.

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Gênero e Alimentação

Por Luciana Saddi
09/12/12 10:00

Vale conferir o Dossiê: Gênero e Alimentação

Apresentação

A tarefa de organizar um dossiê dedicado à relação entre alimentação e gênero coloca, logo de início, organizadores e autores em meio a algumas problemáticas interessantes que não poderiam deixar de ser mencionadas nesta apresentação. Se por um lado, examinados isoladamente, os estudos de gênero e os estudos sobre alimentação constituem campos de produção científica profícua desde o final do século XX, trabalhos desenvolvidos sob uma perspectiva que associe as duas categorias são ainda pouco comuns na esfera acadêmica.1 Além disso, olhando mais de perto para o conjunto dessa escassa produção, nota-se que advêm das ciências sociais trabalhos nos quais gênero e alimentação constituem objeto central de investigação científica. A contribuição dos estudos históricos é ainda bastante rara se comparada a de outras disciplinas das ciências humanas…

De Leila Mezan Algranti e Wanessa Asfora

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0104-833320120002&lng=pt&nrm=iso

A historiadora Wanessa participa do Grupo Corpo e Cultura

http://www.corpomercadoriaecultura.com/index.html

 

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