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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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Mentiras

Por Luciana Saddi
11/06/13 11:36

Internauta: Mentirinhas pequenas também prejudicam o relacionamento de um casal?

Luciana: acredito que todos mentem. Não existiria civilização sem mentira. A mentira é a própria forma humana. Um bebê não chuparia chupeta, porque é uma baita mentira de peito com leite. Um homem não se masturbaria impulsionado pela foto de mulher pelada da revista, a mãe não diria gostar dos filhos igualmente, os filhos não diriam amar seus pais…sempre há uma dose de mentira no humano.

É mais difícil saber quais mentiras devemos contar e quais devemos calar. O que prejudica o relacionamento de um casal é a crítica impiedosa.  Se os casais vivessem mentindo que se admiram, que se amam, viveriam mais felizes e não haveria tantos amantes dispostos ao elogio fácil.

Dois Rumos

 

Mentir, eis o problema:
minto de vez em quando
ou sempre, por sistema?

Se mentir todo dia,
erguerei um castelo
em alta serrania

contra toda escalada,
e mais ninguém no mundo
me atira seta ervada?

Livre estarei, e dentro
de mim outra verdade
rebrilhará no centro?

Ou mentirei apenas
no varejo da vida,
sem alívio de penas,

sem suporte e armadura
ante o império dos grandes,
frágil, frágil criatura?

Pensarei ainda nisto.
Por enquanto não sei
se me exponho ou resisto,

se componho um casulo
e nele me agasalho,
tornando o resto nulo,

ou adiro à suposta
verdade contingente
que, de verdade, mente.
Carlos Drummond de Andrade, in ‘Boitempo’

 

Aurea Rampazzo, coordenadora das oficinas de criação literária do Museu Lasar Segall, escolheu o poema para essa pergunta/resposta.

Dica: O declínio do Império Americano, de Denys Arcand. O que pensam as mulheres sobre os homens? E eles? E o sexo?

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Que país é esse? Que problema é esse? Que lei é essa? *

Por Luciana Saddi
10/06/13 10:03

Se os índices da criminalidade houvessem caído, certamente esse seria um mérito do Estado!

Os índices da criminalidade aumentaram em São Paulo. Quem vai se responsabilizar por isso?

Um vizinho mata o outro por conta de barulho, uma psicóloga é estuprada quando espera o guincho para seu carro, uma dentista é queimada viva porque não tinha dinheiro no banco, um garoto é morto mesmo entregando seu celular. Uma política de drogas é desrespeitada, um usuário de crack é internado, involuntariamente, mesmo que essa não seja uma recomendação da própria ONU. Médicos serão aceitos no nosso país sem a atualização de seus diplomas, um estádio na Bahia recebe o nome de uma cerveja. Um…uma…muitas outras estórias podem ser listadas aqui.

Isso é uma catástrofe!

Estamos socialmente doentes!

Eu quero me responsabilizar por isso!

Quero dizer que me coloco no lugar de cada agressor e ao mesmo tempo no lugar de cada vítima.

Os estudiosos das grandes catástrofes apontam que após cada uma delas, mobilizamos o que existe de mais animal e primário em cada um de nós. Após as catástrofes (terremotos, guerras, tissunamis…) aumenta o número de estupros, roubos de crianças, maus tratos, saques…

O único país que não obedeceu a esse princípio foi o Japão.

Depois do último terremoto observou-se a camaradagem, o respeito, a aliança entre as pessoas. Então se viu a importância da cultura milenar de respeito, que o Japão tem na sua História. Não estou defendendo o Japão – só estou destacando a importância do respeito na cultura japonesa.

Trabalho na área de drogas e com famílias há mais de 30 anos. Já estou “velhinha” e já enfrentei muito desrespeito, inclusive para comigo mesma.

Nesse momento a política de drogas vem sendo desrespeitada!

Como queremos tratar de drogados se não respeitamos nenhum princípio e criamos princípios novos baseados em interesses, no mínimo muito esquisitos?

É correto que as “comunidades terapêuticas” tenham sido designadas como as instituições privilegiadas para tratar os dependentes? Qual foi o critério utilizado para isso? Você sabe que estas instituições são religiosas?

Você sabia que o próprio governo tem programas nos CAPS- AD (Centro de Atendimento Psicossocial – Álcool e Drogas) que são muito eficientes e adequados para o tratamento desse problema?

Você sabia que na Bahia nasceu um programa chamado “Consultório de Rua” que atende com muita eficiência pessoas que não conseguem se dirigir aos Centros de Atendimento, como os usuários de crack?

Então, qual será o sentido do Estado determinar um tipo específico de tratamento religioso para a população de usuários/dependentes?

Essa é uma função do Estado? Determinar a forma de tratamento e a religião dos dependentes?

Não seria uma função do Estado, melhorar as condições dos lugares de atendimento e oferecer reciclagem de conhecimento para os nossos técnicos inclusive remunerando-os melhor?

Não seria função do Estado, aperfeiçoar suas formas de tratamento avaliando as ações que ele já implementa?

Não seria função do Estado parar para pensar que suas ações estão tendo conseqüências sociais muito sérias?

O Estado reprime o usuário de crack e imprime uma ação violenta sobre ele e permite que um estádio de futebol tenha o nome de uma cerveja. Isso não é, no mínimo, enlouquecedor para o nosso jovem e para as nossas crianças?

Penso que sim! É função do Estado, parar e pensar em suas ações!

É função e hora de todas as instituições pensarem em suas ações e as conseqüências delas.

Não podemos só dar crédito ao que vai bem e nos colocarmos a parte do que vai mal!

 

* Maria de Lurdes S. Zemel é psicóloga, psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise e membro fundador da ABRAMD (Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas.

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Mimos excessivos atrapalham o desenvolvimento infantil

Por Luciana Saddi
07/06/13 09:59

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O caráter indefeso da criança e sua grande necessidade de cuidado exigem da mãe muito amor e dedicação.

Em contrapartida é possível que a mãe desenvolva um tipo de amor sufocante.

“O tempo congelado num momento de enorme satisfação e amor mútuo entre mãe e bebê traz sérios perigos para o desenvolvimento da criança”, afirma Luciana Saddi, blogueira da Folha.

A psicanalista lembra, no áudio abaixo, que algumas mães tendem a explorar essa relação em benefício próprio. Ouça.

http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/2013/06/1289547-luciana-saddi-mimos-excessivos-atrapalham-o-desenvolvimento-infantil.shtml

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A psicose

Por Luciana Saddi
06/06/13 10:56

A psicose é um estado mental no qual se verifica perda de contato com a realidade. É formada por um conjunto enorme de quadros clínicos. Popularmente chamada de loucura, caracteriza-se por ser uma manifestação psicologicamente incompreensível, uma ruptura, que não pode ser vista como reação a um acontecimento – nada a explica.

A psicose implica em desorganização psíquica e incapacidade de reconhecer o próprio comportamento como sendo bizarro ou estranho. Falta crítica, pois enquanto vigora a crise psicótica vigora a crença inabalável em alucinações e delírios. Alucinações são distúrbios da percepção e delírios são distúrbios do pensamento. Se alguém vê coisas que ninguém mais é capaz de enxergar, se ouve vozes que os outros não escutam, se tem alterações olfativas e tacteis não compartilhadas está em curso algum tipo de alucinação. Se há histórias incompreensíveis, perseguições, sentimentos de poder extremo ou de ruína imediata é provável que o delírio esteja presente.

Outros sinais da psicose são: inquietude psicomotora, sensações de angústia intensa e opressão, insônia severa, alterações no apetite, dificuldades de interação social e em cumprir as atividades da vida diária. As alterações de humor variam da intensa euforia, acompanhada, por vezes, de agressividade e ideias de grandeza, até à depressão extrema com ideias de menos valia e suicídio.

Há dois polos que se manifestam em conjunto nas psicoses, a despersonalização e a desrealização. Ocorre uma fratura importante na personalidade, causando um conjunto de alterações da consciência do eu – o individuo não se reconhece mais e nem reconhece o mundo em que se encontra. Passada a crise psicótica ele se surpreenderá com os acontecimentos, mas dificilmente os assimilará à sua história ou personalidade. Uma sensação de estranhamento acompanha o psicótico, que raramente reconhece a própria psicose.

Em sua mais severa manifestação, a psicose implica na perda completa e irreversível do eu, chegando até à demência e ao apagamento completo da relação com o mundo exterior.

Podemos entender a loucura como aberração em relação aos padrões dominantes numa sociedade. A psicose é um caminho para identificar os padrões dominantes e as reações do grupo social às condutas estranhas.

Podemos também entender a psicose como uma bizarra reconstrução da personalidade. Imagine que somos uma casa, por algum motivo ocorre uma explosão que a deixa destroçada. Em seguida aparece um movimento de reconstrução, no entanto, se empregará apenas o material que restou da explosão, que se encontra deformado, estilhaçado e queimado. A casa será recolocada em pé suas paredes serão compostas por pedaços de tijolos, mas a esses aderiram-se pedras, metais e destroços de alimentos. A pia da cozinha será reconstituída por nacos de bonecas, louças e pés do fogão. A mesa de jantar será composta por um bizarro mosaico formado por tábuas provenientes da casa do cachorro, piso da entrada e lenha da lareira.

Um cenário de terror, onde a intensidade da fragmentação e a distância entre o objeto original e o resultado da reconstrução variam de pessoa para pessoa.

Sobre as principais características clínicas das psicoses, pode-se afirmar:

– São psicologicamente incompreensíveis (segundo Jaspers) – Apresentam vivências bizarras, como delírios, alucinações, alterações da consciência do eu.

Michel Foucault em seu texto, A história da Loucura, aponta que a loucura (posteriormente chamada de psicose) poderia ser entendida como uma aberração da conduta em relação aos padrões ou valores dominantes numa certa sociedade; neste sentido, entender a psicose é também buscar entender quais os padrões dominantes e quais as reações do grupo social à tais condutas estranhas e aos seus agentes.

 

 

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Melhor viver uma crise, bem acompanhada, do que sozinha

Por Luciana Saddi
04/06/13 14:06

Internauta: Moro com meu namorado há três anos. Estávamos indo muito bem, até que veio a época das vacas magras e a crise veio junto.  Eu correndo de um lado e ele do outro e o relacionamento esfriando. Eu chegava em casa tarde e muitas vezes ele não estava, ou estava bêbado.  Um dia cheguei às 5hs da manhã do trabalho e ele ainda não tinha chegado, chegou às 8hs completamente bêbado, e gastou um dinheiro que não tínhamos, metade do que ganhou no mês!!!. Outro dia, cheguei tarde e ele já estava dormindo, mas a casa fedendo a álcool, e um amigo bêbado dormindo no nosso sofá. O que fazer?

Luciana: Você está expondo seu sofrimento, e suas dúvidas a respeito desse relacionamento. Entendo que se sente solitária na luta pela vida. Está machucada. Talvez sinta que carrega o relacionamento nas costas.

Cada decisão tomada leva a direções sem volta. Portanto, só você para se responsabilizar por atitudes.

Um analista ajuda a clarear os sentimentos envolvidos, é importante atentar para o que está se passando com você. Também é importante aprender a se afastar um pouco dos sentimentos e observá-los.  Nem tudo o que sentimos deve ser considerado um absoluto. Um analista não pode lhe ditar o rumo a seguir, mas pode acompanhá-la na crise. Melhor viver uma crise, bem acompanhada, do que sozinha.

 

METEOROLÓGICA

para o José Bernardino
Deus não me deu
um namorado
deu-me
o martírio branco
de não o ter

Vi namorados
possíveis
foram bois
foram porcos
e eu palácios
e pérolas

Não me queres
nunca me quiseste
(porquê, meu Deus?)
A vida
é livro
e o livro
não é livre

Choro
chove
mas isto é
Verlaine

Ou:
um dia
tão bonito
e eu
não fornico.

 

Adília Lopes

 

Aurea Rampazzo, coordenadora das oficinas de criação literária do Museu Lasar Segall, escolheu o poema para essa pergunta/resposta.

 

Dicas: Woody Allen no filme, Desconstruindo Herry, aponta a necessidade de se rever.

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Transtornos alimentares e obesidade - entrevista

Por Luciana Saddi
03/06/13 09:45

O aumento dos problemas alimentares e da obesidade nos últimos 30 anos questiona diretamente a mentalidade de dieta, que entranhada no tecido social, gera lucros para a indústria ao espalhar um mal estar contínuo com a aparência de nossos corpos. No dia 29 de junho, o Genta (Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares) organiza o I Encontro de Prevenção Conjunta de Transtornos Alimentares e Obesidade. Convidei a nutricionista, Fernanda Timermam, coordenadora do Genta, para uma conversa.

Luciana: O que é o Genta?

Fernanda: O Genta é um Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares, formado por nutricionistas com experiência em tratamento, prevenção e pesquisa de transtornos alimentares. Desde 2004, o GENTA realiza a Se Dê Conta – Semana de Conscientização em Nutrição e Transtornos Alimentares – com diferentes parcerias, inclusive com o Grupo Corpo e Cultura. Nesta semana, acontecem palestras e workshops para profissionais e estudantes da área da saúde, moda, publicidade e comunicação, escolares, adolescentes, pais, professores e abertas ao público em geral. O objetivo é alertar para o problema dos transtornos alimentares e provocar reflexões sobre a ditadura da beleza e a obrigatoriedade das dietas. Cada público exige uma abordagem diferente, portanto cada ano o Genta diversifica o foco.

Luciana: Vocês falam em prevenção conjunta de transtornos alimentares e obesidade. O que isso significa para o diagnóstico de transtorno e para a prática clinica?

Fernanda: A obesidade é uma doença e não um transtorno alimentar, embora ambos possam coexistir caso a obesidade seja consequência de um transtorno psiquiátrica chamado TCAP (transtorno da compulsão alimentar periódica). Apesar do crescente aumento da prevalência da obesidade, a estigmatização aos indivíduos obesos não está diminuindo. Os obesos sofrem aproximadamente 12 vezes mais discriminação que não-obesos. Pesquisas têm mostrado que indivíduos obesos são percebidos como preguiçosos, sem força de vontade, menos disciplinados, incompetentes, menos saudáveis e mais infelizes e são vistos como responsáveis por sua condição. Sendo a obesidade uma doença, podemos “culpar” o indivíduo por sua condição e responsabilizá-lo por sua “cura”? Tendo a obesidade uma etiologia multifatorial, podemos identificar uma única solução para todos os indivíduos que forem dessa condição? Diversos estudos têm mostrado que a estigmatização não ajuda o paciente obeso a se engajar no tratamento. Muitos dos indivíduos que são vistos tão negativamente, sentem-se culpados e o risco de aumentarem a frequência de compulsões alimentares e diminuem significativamente a aderência em tratamentos de longo prazo e mudanças no estilo de vida. Estes resultados têm implicações práticas na polarização da obesidade.

Além disso, poucas doenças são tão refratárias ao tratamento quanto a obesidade. As taxas de sucesso com os tratamentos tradicionais propostos – como dietas de restrição calórica, busca por exercícios físicos com o objetivo de aumentar o gasto energético, medicações inibidoras do apetite e outros – são pequenas, em grande parte pela dificuldade de aderência desses pacientes a propostas terapêuticas irreais. O grande problema reside na maneira como projetos de prevenção e medidas “públicas” de saúde tem abordado o assunto. As pessoas tentam emagrecer a qualquer custo com medo de ficarem obesas, muitos adotam medida extremas, não eficazes e nada saudáveis para perder peso ou para não ganhá-lo. Desta forma, na tentativa de prevenir ou diminuir os casos de obesidade, pode-se acabar criando um ambiente neurótico, muito propício ao desenvolvimento dos transtornos alimentares como anorexia ou bulimia nervosa. Mais comum e prevalente não é o desenvolvimento completo dessas síndromes, mas muitas características que já classificam o indivíduo numa categoria chamada transtorno alimentar não especificado. O foco principal não é a saúde, mas sim a magreza estética. O cuidado mais urgente é tentar achar uma maneira de prevenir a obesidade sem que isso desenvolva um outro tipo de transtorno psiquiátrico grave como os transtornos alimentares, que são são extremamente difíceis de tratar em âmbito pessoal e público!

Luciana: Muito se fala da epidemia de obesidade que assola o mundo contemporâneo. O crescimento dos outros transtornos também é bastante significativo. Existe alguma ação preventiva na esfera da saúde pública no Brasil? E em outros países? 

Fernanda: Em países como Estados Unidos, Israel, Canadá e Austrália a prevenção conjunta de Obesidade com a de Transtornos Alimentares está muito bem delineada e desenvolvida. Instituições públicas e não governamentais dispõe de programas sérios, com publicações científicas que são focados principalmente em crianças e adolescentes. O Genta fez uma triagem de links dessas instituições e seus programas (http://www.genta.com.br/links/). Basicamente obesidade e transtornos alimentares são dois lados da mesma moeda no quesito socio-cultural e a prevenção conjunta abordam questões que, se não trabalhadas, podem levar a um desses lados. Alguns pontos principais trabalhados são: Satisfação corporal e autoestima, prática de dietas, educação sobre padrões de beleza e como ter uma atitude crítica em relação à mídia, mensagens de nutrição centradas na perspectiva da saúde e não do peso, inclusão dos pais, atividade física indicada com sensibilidade para aumentar a adesão mas com cautela para não virar outra compulsão. Infelizmente no Brasil ainda estamos engatinhando e não temos nenhum programa bem desenvolvido, porém existem alguns grupos de mobilização discutindo essa abordagem como o GENTA (http://www.genta.com.br/) e o Grupo Corpo e Cultura (http://www.corpomercadoriaecultura.com/index.html), que sofrem com a falta de apoio e interesse públicos e por isso ficam com suas ações engessadas.  Por isso o GENTA está promovendo esse primeiro encontro sobre prevenção de Obesidade e Transtornos Alimentares aberto aos profissionais da área da saúde e educação, para que a gente consiga criar mais força e possibilidades nacionais eficazes e chegar ao mesmo patamar que os países citados acima.

Luciana: Constatado o problema, como se deve agir?

Fernanda: Considerando tais dificuldades e o fato de não termos políticas de saúde pública eficazes, precisamos criar suporte a esses pacientes, diminuindo a  ênfase em soluções rápidas que assumem que o indivíduo, isoladamente, seja capaz de responder às complexas questões associadas à obesidade e criar intervenções práticas, acessíveis, sustentáveis e trabalhar contra estereótipos de beleza. O Genta desenvolveu um projeto piloto de prevenção e tenta achar meios viáveis de aplica-lo em escolas, envolvendo os educadores, alimentação na escola e inclusão dos pais para trabalhar com as questões de auto-estima, satisfação corporal, prática de dietas, educação sobre a mídia, incentivo á atividade física e alimentação com foco na saúde. Precisamos criar laços para colocar essas medidas em prática pois prevenção é muito mais eficaz do que o tratamento, principalmente de doenças como Obesidade e Transtornos Alimentares tão difíceis e custosas para tratar.

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Por Luciana Saddi
30/05/13 10:17

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Desejos inatingíveis podem gerar sentimento de solidão

Por Luciana Saddi
29/05/13 14:53

Fale Comigo na Rádio Folha

No programa “Fale Comigo” desta semana, a blogueira Luciana Saddi fala sobre solidão.

A psicanalista explica que esse sentimento de solidão pode ser resultado de uma ânsia por viver um relacionamento perfeito e inalcançável.

Segundo Luciana, o sentimento pode ser estampado desde a infância.

“Cuidado com o que deseja, pois esse anseio aumenta o sentimento de solidão e pode elevá-lo às alturas”.

http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/2013/05/1281849-luciana-saddi-desejos-inatingiveis-podem-gerar-sentimento-de-solidao.shtml

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Estratégias para levar alguém a se tratar psicologicamente

Por Luciana Saddi
28/05/13 11:27

Sabemos que é muito difícil levar alguém a se tratar. Se fosse uma doença física seria menos complicado, pois transformações no corpo seguidas de dor geram medo. O medo e a dor são excelentes aliados para adesão a um tratamento.

A resistência à psicoterapia começa antes de se lançar qualquer dispositivo terapêutico ou psiquiátrico, pois há mecanismos mentais que dispersam o sofrimento e a angústia. Quando se trata de dor psíquica os mais necessitados são os que menos percebem o próprio estado de ruína mental. Esse é um dos paradoxos de meu ofício. Quem mais precisa de análise não se trata, se defende, projeta, acusa, nega, se torna arrogante e prepotente – não aceita ajuda nem reconhece haver um mundo mental interno. Faz os outros sofrerem e sequer nota as próprias emoções e afetos. Quem tem boa dose de saúde mental está apto a perceber a importância de enfrentar o sofrimento numa análise.

Quando alguém se recusa a perceber a gravidade de sua própria situação mental, ocorre uma espécie de enlouquecimento familiar, por isso é importante frequentar sessões de terapia de família até que o doente identificado possa sentir a preocupação que os outros sentem por ele.

Para levar alguém a se tratar é fundamental despertar angústia, dor e medo, mas sem fazer terrorismo. É mais produtivo falar sobre as próprias aflições do que dizer o que o outro deve fazer. Pedir ajuda para entender o que acontece funciona melhor do que impor sua verdade. Procure tornar o outro um aliado na busca de entendimento da situação. Vá ao psiquiatra ou psicanalista primeiro, depois você poderá obrigá-lo a ir, desde que o leve pela mão, pois ele não consegue buscar ajuda por conta própria.

Essas são algumas estratégias para despertar a consciência e levar alguém a se tratar. Caso não resultem em nada peça orientação para um profissional.  

 

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O corpo como limite

Por Luciana Saddi
27/05/13 12:58

TORTURAS

Nada mudou.
O corpo sente dor,
necessita comer, respirar e dormir,
tem a pele tenra e logo abaixo sangue,
tem uma boa reserva de unhas e dentes,
ossos frágeis, juntas alongáveis.
Nas torturas leva-se tudo isso em conta.

Nada mudou.
Treme o corpo como tremia
antes de se fundar Roma e depois de fundada,
no século XX antes e depois de Cristo,
as torturas são como eram, só a terra encolheu
e o que quer que se passe parece ser na porta ao lado.

Nada mudou.
Só chegou mais gente,
e às velhas culpas se juntaram novas,
reais, impostas, momentâneas, inexistentes,
mas o grito com que o corpo responde por elas
foi, é e será o grito da inocência
segundo escala e registro sempiternos.

Nada mudou.
Exceto talvez os modos, as cerimônias, as danças.
O gesto da mão protegendo o rosto,
esse permaneceu o mesmo.
O corpo se enrosca, se debate, se contorce,
cai se lhe falta o chão, encolhe as pernas,
fica roxo, incha, baba e sangra.

Nada mudou.
Além do curso dos rios,
do contorno das costas, matas, desertos e geleiras.
Entre essas paisagens a pequena alma passeia,
estranha a si própria, inatingível,
ora certa, ora incerta da sua existência,
enquanto o corpo é, é, é
e não tem para onde ir.”

Poema de Wislawa Szymborska. Do livro Poemas, tradução de Regina Przybycien, publicado pela Companhia das Letras.

 

 

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