Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

Fale Comigo

por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

Perfil completo

A Personalidade individual no teatro ocidental

Por Luciana Saddi
26/06/13 10:05

Chá e Cadernos – Encontro coordenado por Maurício Paroni de Castro, diretor e dramaturgo; é um espaço de discussão informal e mensal, realizado sempre na última sexta-feira do mês, na SP Escola de Teatro  (Sede Roosevelt da Instituição).

A entrada é franca e aberta ao público.

Feminino é o primeiro drama

Sem a noção da personalidade individual (desde nossos segredos até a nossa aparência, aquilo que sentimos como nosso e só nosso), o ser humano medieval se manifestava em oração, o nome já diz: oração, falação. Tudo o que era importante era para ser dito, falado, declamado, proclamado. Tudo em oferta à Igreja, a maior proprietária de terras e almas do ocidente. Isso fazia com que pudessem existir trabalhadores que servissem o senhor e o clero, ligados à terra e não a si como indivíduos. Nos mosteiros e conventos, havia trabalho também, mas a personalidade era ligada à deus e aos mandamentos. Eram trabalhadores que aprendiam a ler. Coisa perigosa. Podiam pensar.

Vale a pena indagar sobre uma particularidade cultural praticamente ignorada hoje:

Qual era o instrumento maior que perpetuou aquela dominação (medieval) das mentes das pessoas por séculos a fio? A proibição da leitura em silêncio. As pessoas eram como crianças. E como crianças, algumas freiras se deleitavam, num convento alemão, a imaginar, com ingênua docilidade, santas, suas tentações e terríveis martírios. Mas como? A resposta a essa pergunta nos conta como nasceu o primeiro autor(a) do reestabelecimento do teatro no Ocidente.

Notem bem: autor-A, e se chamava Roswitta. Não é por acaso. Esta monja promovia a leitura de seus pensamentos e personagens piedosas para não cair no pecado absoluto da leitura em silêncio. As famosas representações da paixão medieval vieram de uma autora,  que falava de maternidade e virgindade….Teatro, teu nome é mulher.

A pergunta inicial para discussão com os frequentadores do nosso chá: pode a sexualidade ou a cultura sexual ser um instrumento de trabalho para o teatro?

Em quais níveis operariam?

Atividade aberta a todos, esperamos vocês nesta sexta-feira, 27 de junho, às 19 horas, na biblioteca da Sede Roosevelt. 

Onde:

SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco

Sede Roosevelt

Praça Roosevelt, 210 • Centro

01303-020 • São Paulo |SP

Tel: 11 3775.8600

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Escatológicas - presente de J.B. de Souza Freitas para o Fale Comigo

Por Luciana Saddi
25/06/13 10:10

J.B. de Souza Freitas é um dos homens mais estudiosos que conheço. Ele nos brinda com três pérolas escatológicas brasileiras. Viva o humor!

 

 
No cume daquele morro
tem um pé de laranjeira:
quanto mais ele floresce,
tanto mais o cume cheira.

(Quadrinha recolhida por Mário de Andrade.)

 

 “Se me ocupei da constituição… “.

[Incrível cacófato atribuído a Rui Barbosa.)

 

Senhora dona marquesa,

eu vos peço permitais

que introduza o com que mijo

no por onde vós mijais.

(Composição do Barão de Itararé).

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Idealcoolismo

Por Luciana Saddi
24/06/13 10:55

Os jovens entram em contato com a bebida alcoólica e com as drogas cada vez mais precocemente em nosso país, com isso o número de alcoolistas e de abusadores vem crescendo assombrosamente. Especialistas afirmam que pelo menos 20% da população tem uma relação perturbada com o álcool.  Os psicanalistas, Antonio Alves Xavier¹ e Emir Tomazelli², lançaram o livro, Idealcoolismo³, onde reúnem o resultado de seus estudos, pesquisas e formas de tratamento clínico psicanalítico desenvolvido durante mais de uma década.

Os autores consideram o alcoolismo não apenas como uma toxicomania ou como comportamento adictivo, mas também como uma espécie de religião degradada. O culto ao álcool, a busca por um estado ideal de onipotência e completude, a perda da humanidade no processo de instauração da doença e a recuperação do alcoolista são alguns dos pontos tratados nessa entrevista, concedida por Antonio Alves Xavier.

Luciana: O que é o idealcoolismo?

Xavier: O ‘idealcoolismo’ é um uso peculiar dos efeitos psicossomáticos da bebida alcoólica, que é usada pelo indivíduo com o objetivo de atingir o ideal de escapar da sua condição humana e tornar-se uma espécie de “prótese de Deus”. É diferente do uso recreativo praticado pela maioria das pessoas, pois este tem como finalidade proporcionar prazer gustativo, relaxamento e um ambiente de convívio social mais agradável. No ‘idealcoolismo’ há uma conduta de cunho psico-religioso – subjetiva, particular e degradada, cuja patologia está basicamente apoiada nos masoquismos mortífero e moral e numa organização patológica de estreiteza mental. Essa conduta tem um caráter daquilo que a cultura chama de religião e que nós chamamos de loucura. Portanto, o alcoolismo não é simplesmente uma dependência da química do álcool produtora de um comportamento aditivo, mas é, antes de tudo, inconscientemente, uma fuga da condição humana e uma aderência psico-religiosa a uma fé psicótica no ideal de tornar-se inumano, poderoso e completo.

Luciana: Há diferença entre esse diagnóstico e o de alcoolismo?

Xavier: Não existe diferença entre idealcoolismo e alcoolismo, mas sim uma maior precisão da nomenclatura. A complexidade do alcoolismo se reflete em sua própria nomenclatura.  Avaliamos ser pouco conveniente e nada esclarecedor usar indiscriminadamente os termos alcoólico, alcoolista, etilista, alcoólatra ou dipsomaníaco para nomeá-lo como se fossem sinônimos.

Sugerimos nomear o alcoolismo de ‘idealcoolismo’ para uma maior precisão conceitual e da nomenclatura, com a inclusão do conceito de ideal no de alcoolismo. A união de ideal + álcool + ismo clareia a orientação de nosso pensamento, pois ‘ismo’ é um sufixo do grego (ismós), formador de substantivos que denotam sistema, conformação, imitação, como cristianismo, materialismo, mimetismo etc. Por extensão, usando ‘idealcoolismo’ enfatizamos que o alcoolismo não é só um ato de embriaguez, mas um claro sistema que expressa a busca psicorreligiosa do ideal através da ingestão do álcool. Vale dizer que a psicanálise está distante tanto das concepções do senso comum, que consideram o alcoolismo uma questão moral e de costumes socialmente reprováveis, quanto das que incluem o alcoolismo em nomeações como dependência química, toxicomania, dependência de substâncias psicoativas, entre outras.

Luciana: Como consideram o corpo e a dependência física na abordagem idealcoolista?

Xavier: Em sua ânsia de negar-se humano, o corpo é sentido pelo idealcoolista em seu estado alcoólatra como um grande inimigo por trazer para ele, de forma concreta e difícil de negar, as vivências de individualização, diferenciação, limitação e mortalidade. É por isso que o corpo é alvo predileto dos ataques autodestrutivos do alcoólata. O alcoólatra deseja ter uma “independência” física e não uma dependência física e usa os efeitos psicossomáticos do álcool na tentativa de dissolução da sua própria corporeidade. Primariamente, não é que ele dependa da química do álcool em si, mas sim que ele quer usar seus efeitos para atender suas fantasias mágico-onipotentes de ser possível atingir uma condição de incorporeidade e imortalidade.

É secundariamente, apenas nos estados mais avançados da condição alcoólatra, que os sintomas neurológicos manifestam-se como consequência e a dependência física acaba por expressar-se.

Luciana: Quem está mais vulnerável para desenvolver uma relação perturbada com o álcool, como evitar?

Xavier: Em primeiro lugar, quanto à vulnerabilidade, acreditamos que uma relação perturbada com o álcool se instaura no indivíduo, porque nele ocorreram falhas nos processos de sua humanização, desde muito cedo. Entre elas podemos destacar as seguintes:

– No confronto entre humanização versus inumanização, o inumano – fiel às suas origens – impõe o caráter repetitivo e predeterminado da vida instintual em prejuízo da vida pulsional. Este fato dificulta a criação de um aparelho psíquico mais bem equipado e favorece um campo propício para se estabelecer a compulsão alcoólatra.

– Assim, afirmamos que existindo falhas nos processos de humanização, intensifica-se a sensibilidade ao desamparo, à frustração, à perda e os indivíduos ao ficarem mais infantilizados fazem um permanente esforço para encontrar, pelo uso psicorreligioso dos efeitos químicos do álcool, a ilusão mágico-onipotente de completude e poder, mergulhando em intensas sensações prazerosas, provenientes de um ídolo cruel que o alcoólatra coloca acima de suas necessidades vitais.

– A oposição entre o humano e o ideal inumano, apresenta-se logo no início da vida, na relação mãe-bebê. Como afirma Brenman em seu livro “Crueldade e estreiteza mental”,(1985, p.272): “A mãe pode ser uma mãe que tem apenas a possibilidade de tolerar um bebê ideal e que rejeite o bebê real. Por sua vez, o bebê pode fazer ataques à mãe real por ela não ser o seio ideal, aquele seio que satisfaz.

– Finalmente, um fator causal que deve ser destacado como produtor da vulnerabilidade do indivíduo ao alcoolismo é a presença de uma mãe absorvente e um pai ausente. Quanto à função paterna, notamos nitidamente que sua ausência impede a instauração adequada do processo de humanização, desde o vínculo mais tenro da relação mãe/bebê. Este impedimento é também tratado minuciosamente em nosso livro “Idealcoolismo”: o filho abandonado à mãe, sem um modelo masculino favorável para se identificar e beneficiar-se do desenvolvimento de uma imagem paterna estruturante, promotora de limites e do fortalecimento da singularidade. O ‘idealcoolista’ desprotegido pelo pai, não recebe orientação e referências que facilitem seu amadurecimento psíquico.

Em segundo lugar, para que seja de alguma forma evitada a vulnerabilidade ao alcoolismo acreditamos ser inadequado colocar o idealcoolismo no contexto moralista de falta se caráter, falta de vergonha, fraqueza, uma vez que ele é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como uma doença, e pensamos igualmente ser muito útil um acompanhamento feito pelos pais do indivíduo desde criança e na sua adolescência, sobre os sinais de uso constante ou exagerado da bebida alcoólica.

Luciana: E o tratamento?

Xavier: Quanto ao tratamento consideramos que o choque de humanidade (chum) é uma abordagem técnica crucial no tratamento do ‘idealcoolismo’ em qualquer método ou forma de sua compreensão. Levar o “homem do álcool” à possibilidade de iniciar um tratamento e mantê-lo em tratamento é uma espinhosa tarefa. Por outro lado, como o alcoólatra é incapaz de pedir ajuda, por ser muito orgulhoso, narcisista, ele somente tem chances reais de deixar suas alcoolizações alcoólatras de lado quando chegar a um razoável contato com sua inexorável condição humana. Essa é a função básica do choque de humanidade (C.Hum). Ao tomar um ou mais “choques de humanidade” (C.Hums), o alcoólatra poderá confrontar sua natureza humana com sua profunda crença em alcançar um estado ideal de incorporação do divino, usando os efeitos do álcool. Ele poderá compreender, gradualmente, que sua humanidade não é tão inteiramente desprovida de recursos como à primeira vista lhe parecia; nem que ela é a fonte de todos os seus padecimentos. Logo, o “choque de humanidade” (C.Hum) objetiva constantemente desacreditar o alcoólatra da possibilidade de se tornar um deus, se desumanizando por meio do uso psico-religioso que faz dos efeitos psicossomáticos do álcool. O alcoólatra, então, talvez passe a perceber através do sofrimento que acompanha a desilusão, que a saída para a sua vida não é mais uma desesperada busca, que fracassou, de tentar escapar do humano para ser deus. O ideal pode passar a ser entendido como algo impossível de ser atingido. Não tem saída, ele é humano! Para esse fim, os “choques de humanidade” (C.Hums), tendem a apontar constantemente para o “idealcoolista” seus traços característicos de humano, inicialmente a partir da realidade concreta da existência de seu próprio corpo (aparência, altura, peso, cor da pele, vestuário, etc) e concomitantemente das perdas que seu ‘idealcoolismo’ produziu nas mais diferentes circunstâncias de sua vida: possíveis doenças contraídas, perdas de dinheiro e amorosas, perdas nas relações familiares e profissionais, etc. Convém, igualmente, lembrar o idealcoolista de sua mortalidade e os descuidos que faz consigo mesmo. Os “choques de humanidade” (C.Hums), tentam gerar uma desilusão da crença e da fé psicótica do indivíduo na existência do ideal.

Duas ressalvas para a obtenção de êxitos no tratamento: 1ª. Para que possa apresentar condições de êxitos na direção da re-humanização do alcoólatra é preciso que a religião degradada “idealcoólica” não esteja tão fixada e ainda que seu masoquismo – mortífero e moral – não seja tão intenso. 2ª Ao mesmo tempo, faz-se imprescindível, que o “idealcoolista” no início do tratamento tenha mínimas condições egóicas para deixar o refúgio das alcoolizações. Essas são condições indispensáveis. Sem elas não haverá possibilidade de dar início e continuidade ao tratamento.

Mostra-se importante, também, que o indivíduo nessas condições realize tratamentos psicológicos e alternativamente ingresse em AA, faça psicanálise e, através de uso sucessivo do ‘chum’, possa diminuir sua organização patológica de estreiteza mental, seu masoquismo mortífero e seus anseios psicorreligiosos de tornar-se um deus, negando-se humano. Paralelamente ao trabalho psicanalítico pode ser conveniente lançar-se mão de um suplemento medicamentoso criterioso e supervisionado atentamente, com uso de antidepressivos e ansiolíticos, procurando-se evitar medicamentos com tarja preta, em especial os benzodiazepínicos.

Luciana: sugestão diferenciada de tratamento conforme o grau de dependência ao álcool e outras drogas?

Xavier: Claro está que cada indivíduo alcoólatra ou drogado, em função de sua singularidade apresenta possibilidades diferenciadas seja quanto ao estado e a intensidade de sua adicção. De qualquer maneira o tratamento deve ser individualizado caso a caso.

Luciana: Como veem o trabalho do Alcoólicos Anônimos?

Xavier: Alcoólicos Anônimos teve seu início em 1935, está presente em 52 nações e possui cerca de 10 mil grupos de atendimento. Apenas por essas referências nota-se que é possível considerar sua relevância no campo do alcoolismo.

No capítulo 12 do livro, Idealcoolismo, que Dr.Emir Tomazelli e eu fizemos após mais de 10 anos de estudos, de trabalho clínico e de pesquisa de campo, examinamos em detalhes a conexão entre o AA, a psicanálise e o idealcoolismo como uma prática religiosa degradada.

Assim, pudemos enxergar que o sentido religioso do ‘idealcoolismo’ podia ser, às avessas, comprovado empiricamente pelo programa de AA – Alcoólicos Anônimos consubstanciado nos doze passos que conclamam seus membros à entrega de suas vidas a um Deus Pai – Poder Superior e à uma reeducação moral de seus membros em relação ao alcoolismo.

Acreditamos que a dificuldade central do programa de AA está contida exatamente nestas questões, que representam o conflito humanização versus inumanização, sendo a principal responsável pela evasão de seus membros.

Estudando à luz da psicanálise, observamos que o programa de AA está permeado de “choques de humanidade”, iniciando pelo maior de todos, expresso no primeiro “Passo”que propõe que somente há uma saída para o alcoólatra à medida que este comece por admitir sua “impotência perante o álcool” e a “perda do domínio de sua vida”. Em outras palavras, que aceite sua condição humana limitada e mortal que, apesar disso, mas sem o álcool, pode ser boa.

O programa promove um processo de vigorosa reumanização do alcoólatra, primeiro na condição de abstinência do estado ‘idealcoolista’ para que ele, em seguida, conquiste um estado mais humanizado com bem estar sem o álcool. Ou seja, o indivíduo faz a substituição de suas práticas religiosas alcoólatras degradadas e inumanizadas por práticas religiosas de humanismo.    

Fizemos uma sucinta descrição de um bom funcionamento do programa de AA, mas afirmamos que, em muitas situações, o método parece não funcionar tão bem como poderia, em virtude de seu acentuado empirismo e das  enormes dificuldades no tratamento do ‘idealcoolismo’.

Embora sem estatísticas comprobatórias, podemos afirmar que o número de alcoólatras que chega ao AA é significativamente maior que o número dos que conseguem tornar-se alcoólicos/ex-’idealcoolistas’ e ex-alcoólatras. Ainda assim, pensamos tratar-se da instituição que acumula maiores êxitos na recuperação de alcoólatras.

1  Antonio Alves Xavier, é psicanalista Membro do Departamento de Formação em  Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae (ISS), Bacharel Em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Diretor do Centro de Apoio e Atendimento Psicanalítico (CAP) de São Paulo e do Grupo de Estudos do Idealcoolismo (GEIA)

2  Emir Tomazelli, é psicanalista formado pelo Instituto Sedes Sapientiae(ISS), Membro do Departamento e professor do curso de Formação em Psicanálise do ISS. Doutor em Psicologia pela USP, Diretor do Centro de Apoio e Atendimento Psicanalítico (CAP) de São Paulo e do Grupo de Estudos do Idealcoolismo (GEIA)

3  Idealcoolismo, Coleção Clínica Psicanalítica, Ed. Casa do Psicólogo

 

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Fome, saciedade e prazer em comer

Por Luciana Saddi
20/06/13 13:38

Vamos falar de uma realidade compartilhada por nós e, relativamente, recente:

Nas últimas décadas percebemos uma séria perturbação da relação do homem com a comida, advinda da regulação científica, dos ideais de beleza, da produção industrial e do bombardeamento da informação.

As pessoas parecem assustadas, contam calorias, falam sobre a natureza perigosa dos alimentos e não sabem o que têm vontade de comer. Comem por recomendação “científica” ou pela dieta da moda. Algumas engolem a comida rapidamente, outras nunca estão satisfeitas, pois trocaram o bife que desejavam por um enorme prato de alface. A comida engorda e mata. A fome deve ser negada e censurada. 

O comer não é mais guiado por um estímulo interno chamado fome e não se escolhe livremente a comida. Deve-se comer de três em três horas ou deve-se comer x ou y a cada tantos minutos – teorias não faltam. Enquanto isso, o sinal de saciedade se perdeu. Ou comemos até sentir dor ou saímos da mesa com fome. A proibição de comer certos alimentos faz com que nos pareçamos com condenados à morte, que têm o direito de se esbaldarem com a última refeição. A privação real de prazer, de caloria e a privação fantasiada advinda das dietas e dos alimentos proibidos aumentam a compulsão. O círculo vicioso formado por desejo, proibição e punição se repete, pois a moralidade migrou do sexo para a comida.

Mas, o que aconteceu com os sinais de fome, saciedade e prazer que são fundamentais para o ato de comer? Parece que o homem se tornou despreparado para lidar com a própria sensibilidade.

 A mentalidade de dieta é um termo usado por Susie Orbach para denunciar que a epidemia de obesidade da população mundial e o aumento dos problemas alimentares (anorexia, bulimia e distúrbio compulsivo de alimentação) estão diretamente ligados ao aumento do controle alimentar, por meio das dietas, para alcançar um corpo idealizado. Corpo que na contemporaneidade foi expulso do homem para ser contemplado e manipulado – identificado a um funcionamento tipo máquina, iguala-se a mercadoria.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Entenda o sentimento de culpa inconsciente

Por Luciana Saddi
20/06/13 09:37

Fale Comigo na Rádio Folha 

No programa “Fale Comigo” desta semana, a psicanalista e blogueira da Folha Luciana Saddi fala sobre o sentimento de culpa inconsciente.

“O motivo pelo qual algumas pessoas exigem elogios e aprovação incessante é a necessidade de obter provas de que são dignas de amor”, diz a especialista.

Segundo ela, esse sentimento surge do medo de ser incapaz de amar verdadeiramente, e se agrava quando falha o autocontrole sobre os impulsos de ódio.

“Pessoas assim temem ser um perigo para quem amam”.

http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/2013/06/1289566-luciana-saddi-entenda-o-sentimento-de-culpa-inconsciente.shtml

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Égua macho

Por Luciana Saddi
18/06/13 10:05

mais uma crônica minha no site, Visionari.

http://visionari.com.br/atitude/cronicas

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Mentalidade de dieta

Por Luciana Saddi
17/06/13 09:26

A mentalidade de dieta é um modo psíquico entranhado em práticas sociais dominantes. Ao ser legitimada pela medicina, ao virar rotina, transforma todas as relações possíveis numa única e legítima realidade. Por isso a sociedade insiste no controle alimentar, embutido nas dietas, que pouco funciona e provavelmente é uma das causas da epidemia de obesidade. Até poucos anos, não se falava em fome, em saciedade e em prazer de comer, mesmo nos meios médicos. Gerava-se uma verdade inquestionável (faça dieta), que repetida pelos meios de comunicação, aceita pela opinião pública, referendada pelas ciências (gerando lucros para a Indústria) se tornou uma espécie de apologia, visando garantir que a realidade era essa e não tantas outras possíveis. Mesmo alcançando resultados medíocres, a verdade das dietas não foi questionada, apenas foi repetida em forma de ação por todos nós.

O controle da alimentação orientado pela regulação cientifica e pelos interesses da Indústria gera perda de autonomia alimentar, mal-estar em relação ao corpo e visa à construção de uma beleza idealizada. Em nossos consultórios e no cotidiano é raro encontrar alguém que não se sinta inferiorizado pela aparência. Não me refiro apenas aos casos extremos, configurados pelos sintomas de anorexia, bulimia e obesidade (em consequência do distúrbio compulsivo de alimentação). Refiro-me às queixas sobre o corpo nunca caber no corpo, revelando as inúmeras e frustradas dietas, as cirurgias plásticas frequentes e os tratamentos mágicos de rejuvenescimento.

Esse modo de ser das dietas e o mal estar com a forma do corpo nos permite entrever algumas regras formadoras do Real.  A ação substituindo o pensamento, a ação para afirmar que dada realidade é natural e sempre existiu. Um processo autoritário produzindo uma realidade plana, onde o costume impera, por meio da familiarização. 

É possível que a regra desse campo do Real revele um homem submetido a uma realidade que se dá pela informação e não pela experiência.

 

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Ciclo de Filmes Alemães promove acesso democrático a sucessos recentes da crítica europeia

Por Luciana Saddi
14/06/13 10:13

Todas as quartas-feiras de junho terão exibições gratuitas, legendadas e com direito a pipoca no Club Transatlântico.

Em parceria entre o Club Transatlântico e o Goethe-Institut, o Ciclo de Filmes Alemães chega a mais uma edição em um mês marcado por dramas e enredos baseados em fatos reais. Abrindo a seleção no dia 5 de junho, o filme Schiller apresenta parte da inspiradora trajetória de Friedrich Schiller, poeta e filósofo alemão que abdicou ainda jovem de sua carreira como médico para buscar a plenitude artística no Teatro Nacional de Mannheim. Uma impressionante encenação biográfica, realizada por Martin Weinhart e com excelente atuação de Mathias Schweighöfer no papel de Schiller.

No dia 12, a exibição de A Cor do Oceano traz à tona o conflitante tema da imigração contemporânea. Escrito e dirigido pela alemã Maggie Peren, o longa mostra a difícil realidade de muitos refugiados africanos nas Ilhas Canárias. Na sequência, no dia 19, o filme Mahler no Divã discorre sobre os bastidores da real sessão de terapia que compositor Gustav Mahler teve com o psicanalista Sigmund Freud, em 1910. Além de explorar aspectos da vida emocional de Mahler, que acaba de descobrir a traição de sua mulher, a obra transmite a melancolia e a intensidade da vida cultural de Viena na virada do século XX.

Fechando o ciclo de junho, no dia 26, será exibido o filme Sacha, do diretor e roteirista Dennis Todorovic. O protagonista que dá nome ao longa é um garoto de 19 anos que se descobre gay e loucamente apaixonado por um professor de piano. Obra que alterna com sutileza o drama e a comédia, o enredo de Sacha promove a importante reflexão sobre as dificuldades das famílias em debaterem abertamente a questão da sexualidade.

Local: Club Transatlântico

Endereço: Rua José Guerra, 130 – Chácara Santo Antônio

Data: Dias 5, 12, 19 e 26 de junho, quartas-feiras

Horário: 20h

Ingresso: Entrada gratuita, com direito a pipoca

Estacionamento no local: R$ 15,00 o período

Observação: O Restaurante Weinstube estará aberto antes e depois das exibições dos filmes

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Elaboração

Por Luciana Saddi
13/06/13 10:28

Um modo espontâneo de funcionamento da mente, a elaboração  é uma das mais importantes formas de trabalho do psiquismo. Por meio dela dominam-se os estímulos internos e externos ao estabelecer conexões associativas com o patrimônio já consolidado de sentimentos e pensamentos.

Tomemos o trauma como exemplo, um estímulo externo que chega como um susto.  Após o evento traumático é comum haver um momento de silêncio e falta de sentido, um vácuo, mas em seguida haverá ideias, lembranças, sentimentos confusos e esparsos, que se associam ao evento inesperado em busca de uma narrativa que faça sentido. Cria-se uma ou mais histórias, em busca de pôr ordem na casa. Percebe-se o tamanho do machucado. A ferida se abre e se fecha, vem e volta até cicatrizar.

Outras vezes ideias e sentimentos difíceis de admitir, dolorosos, nos invadem e até nos dominam. São os estímulos internos, incontroláveis, que nos arrebentam por dentro. A elaboração visa arrumar a bagunça causada pelo imprevisível. Seu processo é o caminhar associativo que transforma  matéria bruta e densa em material mais fluído  – equivale ao processo de digestão. Está no fundamento do bom funcionamento do psiquismo.

Há traumas que nunca cessam de pedir esse trabalho, pois equivalem a uma grande extensão de área machucada ou ao esgarçamento do tecido psíquico. Quando isso acontece o processo se torna ruminante e tende a falhar, implodindo o sistema psíquico.

Nem sempre acompanhamos todo o trabalho de elaboração, é comum haver uma corrente constante e imperceptível tecendo ideias e sentimentos na vida diurna, mas revelando seus resultados nos sonhos. São os sonhos elaborativos, que trazem um patrimônio considerável de conhecimento sobre nós mesmo, revelam verdades ocultas e nos fazem amadurecer. Não desperdice esses sonhos.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Pessoa amorosa recria bondade que deseja para si

Por Luciana Saddi
12/06/13 13:47

Fale Comigo na Rádio Folha

Ser atencioso é se colocar no lugar da pessoa, se identificar com ela. É dessa capacidade de identificação que nasce a condição básica para que o amor forte e profundo se desenvolva, diz a psicanalista e blogueira da Folha Luciana Saddi.

A identificação com a pessoa amada faz com que muitos coloquem os próprios interesses de lado.

“Ao sermos amorosos, recriamos e aproveitamos a bondade que tanto desejávamos para nós”, explica a especialista no áudio abaixo.

 http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/2013/06/1289565-luciana-saddi-pessoa-amorosa-recria-bondade-que-deseja-para-si.shtml

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
Posts anteriores
Posts seguintes
Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emaillusaddi@uol.com.br

Buscar

Busca
  • Recent posts Fale Comigo
  1. 1

    Despedida

  2. 2

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (4)

  3. 3

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (3)

  4. 4

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (2)

  5. 5

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (1)

SEE PREVIOUS POSTS

Arquivo

  • ARQUIVO DE 26/05/2010 a 11/02/2012

Sites relacionados

  • UOL - O melhor conteúdo
  • BOL - E-mail grátis
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).