CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (2)
02/12/13 09:54Escrita por Edgard Rodrigues:
O ano de 1968 “nunca terminou” e Fanny se foi para, no ano seguinte, começar a estudar em alguma faculdade da região. Eu não entrei na USP o que só conseguiria um ano depois, amargando mais um período de preparação para o vestibular. Não consegui dizer a Fanny que queria namorá-la e a sua figurinha linda partiu (na realidade) para ficar em meu pensamento, juntando-se à Deise, Elenita, Beatriz, outros amores platônicos —e Elisa. Porém, com Elisa foi diferente: a fórceps arranquei de mim, pra ela, uma declaração de amor.
Já estávamos em 1971 e as últimas datas do calendário dos anos rebeldes já tinham virado, as nuvens cinzentas, pesadas, dos anos de chumbo baixavam sobre nós. Destroçada a guerrilha, varridas as barricadas, a mão implacável da repressão caiu sobre os velhos Partidos Comunistas. A via democrática para socialismo que começara a ser trilhada no Chile terminaria em 1973 num banho de sangue.
Um amante da literatura, e péssimo aluno de letras, era eu; já Elisa, uma aplicada aluna do curso de letras anglo-germânicas. Procurou a minha amizade, andamos juntos um semestre, ela me emprestou um disco da Joan Baez. Elisa era magrinha, quase etérea. Me apaixonei aos poucos por ela, mas foi um caminho sem retorno. Não me correspondeu; misteriosa, não me disse porque. Desapareceu no segundo semestre. Passei quase dois anos procurando uma pista que me levasse a ela, sem sucesso. Mudei o meu curso para o período noturno. Uma noite qualquer eu, distraído, sentado cabisbaixo em um banco de um dos corredores da faculdade, escutei um fio de voz feminina chamar o meu nome. Ergui a cabeça e Elisa estava na minha frente, abraçada com os cadernos, a cabeça inclinada um pouco para a direita, sorrindo tristemente. O meu olhar, tenho certeza — e talvez ela também tenha percebido —, expressava quanto eu tinha esperado por aquele momento.
vai ver que Elisa foi atrás de alguém menos bobo …
quem aguenta um cara tão fraco e sem atitude?
e ele esperando por ela, até hoje….
Elisa deve estar voltando muito mais vivida esse idiotinha pensa..
Lea, a primeira coisa que você deveria entender, é que um escritor escreve na primeira ou terceira pessoa; você leu um texto de ficção; mas, como não tem sensibilidade, não é letrada, reagiu como se estivesse lendo o caso de um paciente da Luciana.
Você deve se esforçar para sair da condição que chamam atualmente de analfabeto funcional.