Roda Viva continua
06/11/13 09:40Alguns pensamentos e perguntas sobre o Programa Roda Viva dessa semana, quando entrevistei o psiquiatra Valentin Gentil: http://tvcultura.cmais.com.br/rodaviva/depressao-e-tema-de-debate-no-roda-viva-com-valentim-gentil-filho
A psiquiatria é um ramo da medicina que progressivamente foi se afinando com os métodos científicos: pesquisas químicas e de imagens, utilização de protocolos, busca de validação de resultados, etc. Dentro dessa perspectiva, onde se situa o sujeito com sua singularidade?
Onde começam os sintomas e onde termina o “eu”?
Qual a relação entre funcionamento psíquico, história de vida, personalidade e sintomas? Por que os DSMs fazem questão desligar esses pontos, justo os pontos que uma análise liga? Os DSMs são um instrumento alienante?
Qual a ideologia que comporta o diagnóstico por meio de um manual de conduta médica ateórico, como pretende os DSMs? Ao entender o homem como uma série de sintomas, encontra-se uma solução que corresponde, exatamente, aos interesses da sociedade de massa de consumo. Pois, amplia-se a gama de pessoas que devem ser medicalizadas. E, nos aproxima, enquanto sociedade, do livro de Aldous Huxley, O admirável mundo novo.
A ficção científica tende a se tornar realidade, essa é uma das lições da literatura.
Então, a psiquiatria baseada em sintomas e não em psicopatologia seria, dentro das especialidades médicas, a mais vulnerável à ideologia dominante? O Simão Bacamarte (personagem do conto, O alienista, de Machado de Assis) dos tempos atuais: coloca todo mundo para tomar remédio psiquiátrico – antes ele colocava todo mundo no hospício.
Luciana, assisti o Roda Viva. Como leigo, interessado, gostaria de ter visto você fazer esses questionamentos que faz no teu blog, no próprio programa. Não houve tempo? As reflexões são posteriores à entrevista do Dr. Valentin Gentil?
Me identifico com o método da psicanálise, mas é uma identificação intelectual; nunca fiz análise. E sabemos, por outro lado, que há distúrbios psíquicos graves, aflitivos; e que o medicamento atua e alivia mais rápido.
A solução via psicanálise (observando de fora), é trabalhosa, frequentemente longa; e como parece que tudo termina no dinheiro, é também bem cara.
esses questionamentos sao anteriores ao programa. Nao deu tempo de perguntar, ele falava muito tempo para responder cada pergunta. Fazer análise é trabalhoso, mas nao é tao caro assim, nao mesmo!
Luciana, imaginei o tratamento psicanalítico caro, porque a consulta, cada hora marcada, constituem esse tratamento; que geralmente é longo. É bom saber que não é.
Estranhei no Roda Viva, que a questão da dependência química (depois do alivio na doença) dos medicamentos, não tenha sido tocada. Achei ainda que devia ser aprofundado o Conceito de Sofrimento, que você levantou e o Dr. Gentil descartou de um ponto de vista unilateral; enquanto o apresentador do programa resvalava nele (no conceito de sofrimento) de uma forma superficial, meio “folclórica”.
concordo inteiramente com vc. Quanto ao tema das drogas tenho a impressao que ninguem sabe do que está falando. Deveriamos nos focar em prevencao desde a pre escola, envolvendo pais, professores e alunos. Nao acredito que a repressao e a proibicao sejam politicas realmente boas!