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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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Transtornos do espectro do autismo

Por Luciana Saddi
08/10/13 09:27

Muito tem sido dito e divulgado sobre o autismo e sobre o crescimento do diagnóstico de transtornos do espectro do autismo (TEA). A clínica do autismo é complexa, exige abordagem multiprofissional e conhecimento sobre o desenvolvimento psíquico infantil. As dificuldades de diagnosticar precocemente problemas de desenvolvimento demandam investimento em formação de profissionais. A Psicanálise tem contribuído no estudo e atendimento de bebês e crianças que apresentam problemas de desenvolvimento. Vamos conversar com a psiquiatra e psicanalista, Regina Elisabeth Lordello Coimbra*, organizadora da I Jornada sobre Autismo: Atualidades Clínicas na Psicanálise de Crianças**, que pretende dialogar com comunidade científica.

Luciana: O que se passa com uma criança com autismo?

Elizabeth: Inicialmente a criança tem dificuldade em estabelecer uma ligação afetiva com os pais e com as pessoas à sua volta, geralmente demonstrando interesse pelas coisas, principalmente as que estão em movimento. O primeiro sinal observado costuma ser o fato de que a criança não aprende a falar ou fala pouco e repete sons ou palavras isoladas. Pode apresentar agitação e movimentos repetitivos de parte do corpo, ou do corpo inteiro, voltando-se para estes estímulos e retirando-se do convívio e apresentando prejuízo no seu desenvolvimento.

Luciana: É possível traçar uma linha comum quando se fala em um quadro de amplo espectro? Há graus diferentes de acometimento?

Elizabeth: A linha comum se baseia nos sinais descritos acima: desenvolvimento prejudicado pela falta de contato afetivo, dificuldade ou atraso na fala e autoestimulação. Sim, há graus diferentes de acometimento, com os sinais se apresentando de forma tênue, até graus muito acentuados, prejudicando ainda mais o desenvolvimento da criança. Além disso, os sinais descritos podem se acompanhar de outras manifestações, como por exemplo, não olhar nos olhos, não brincar, ter sensibilidade a ruídos e aparentar não sentir as variações de temperatura.

Luciana: Quais os sinais que nos levam a suspeitar que uma criança sofra de autismo?

Elizabeth: Os sinais são estes já descritos: falta de contato afetivo, prejuízo no desenvolvimento da fala e os movimentos corporais. O importante é que o diagnóstico seja feito o quanto antes. Ele pode ser feito mesmo em bebês que interagem pouco com os pais, por mais que eles se empenhem para promover o contato afetivo.

Luciana: Quais medidas podem ser adotadas diante de uma suspeita dessas?

Elizabeth: A família ao notar, ou ser alertada para uma suspeita de autismo, deve conversar com os professores, o pediatra, no sentido de verificar se a suspeita se confirma. Em caso positivo, como a questão central do autismo tem a ver com o problema das ligações afetivas, o profissional a ser procurado deve ser da área emocional.

Luciana: De acordo com a visão médica oficial o autismo não tem cura, mas tem tratamento? E qual o tratamento mais adequado?

Elizabeth: A medicina se dedica ao estudo das doenças e de acordo com o ponto de vista médico, o entendimento acerca do diagnóstico fica mais restrito e o prognóstico mais limitado. Nós, psicanalistas, não ignoramos o diagnóstico, mas trabalhamos com a saúde, com a possibilidade individual de cada criança em retomar seu desenvolvimento. A oportunidade que este blog nos dá é importantíssima, pois podemos apresentar informações que não circularam na mídia televisiva. É necessário que os pais sejam informados que há esperança com o tratamento psicanalítico, frente à perspectiva da possibilidade de retomada do processo do desenvolvimento de seus filhos, que está prejudicado.

Luciana: Temos como avaliar qual criança responderá melhor ao tratamento? Quais são os indícios de bom prognóstico para você?

Elizabeth: Quanto antes for feito o diagnóstico e iniciado o atendimento melhores serão as chances de bons resultados. Evidentemente a criança cujo desenvolvimento não estiver por demais prejudicado, responderá melhor. O atendimento psicanalítico precoce poderá se contrapor às forças a favor da manutenção dos mecanismos repetitivos corporais, fato que estimula o uso do corpo e dificulta o desenvolvimento da vida mental da criança. Fundamental para a boa evolução do tratamento é contar com a colaboração dos pais.

Luciana: Qual a atenção que se dá aos pais de uma criança autista?

Elizabeth: A atenção aos pais é um dos aspectos importantes, pois geralmente estes pais chegam muito enfraquecidos em suas funções paternas e desiludidos, depois de peregrinarem por consultórios de vários especialistas. É importante construir junto com eles o entendimento do que se passa com seu filho e ajudá-los a desenvolver a continência emocional, que a criança e eles tanto necessitam, para lidarem melhor com as dificuldades que enfrentam.

Luciana: Quais as dificuldades com a escolarização? É recomendada a inclusão?

Elizabeth: As crianças autistas apresentam, além da dificuldade de relacionamento afetivo, um importante prejuízo no seu desenvolvimento simbólico, ou seja, têm um funcionamento muito preso ao concreto, e necessitam ajuda para construírem um vínculo, tanto afetivo, como com o aprendizado. A inclusão é recomendada devido à qualidade da atenção e disponibilidade afetiva que elas demandam.

Luciana: Que tipo de informação e debate essa Jornada de Autismo pretende promover? O que ela traz de novo e para quais profissionais se destina?

Elizabeth: As dificuldades da criança autista apresentam-se em várias áreas do seu desenvolvimento e afetam não apenas a criança, mas todo seu círculo de relacionamento. Por este motivo, o diagnóstico e atendimento destas crianças e suas famílias, envolve muitos profissionais, desde o pediatra, a professora, fonoaudiólogo, psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, psicanalistas. Esta Jornada se propõe ao diálogo entre os psicanalistas da SBPSP e outros membros da comunidade científica (profissionais e estudantes das áreas de Educação e Saúde), acerca das muitas questões que envolvem o autismo. O que ela traz de novo? Convidamos você a vir e descobrir!

 

*Regina Elisabeth Lordello Coimbra é membro efetivo da SBPSP, psicanalista de crianças e adolescentes pela IPA e Coordenadora da Diretoria de Atendimento à Comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

** Mais Informações: www.sbpsp.org.br

Quando: dias 18 e 19 de outubro

Onde: Av. Dr. Cardoso de Melo, 1450 – 9º andar

 Inscrição: (11) 2125.3777

TEMAS LIVRES

Os trabalhos deverão ser enviados para sbpsp.autismo@gmail.com

A data limite para envio é dia 30/09/2013.

Haverá uma seleção pela equipe organizadora.

TAXA DE INSCRIÇÃO – o valor poderá ser parcelado em 3x no cartão de crédito

Profissionais – R$ 150,00

Membros SBPSP e Febrapsi – R$ 120,00

Candidatos Febrapsi, Estudantes se Graduação e Profissionais da Rede Pública – R$ 75,00

PÚBLICO ALVO:
Profissionais e Estudantes das áreas de Educação e Saúde (médicos, enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais) e outros.

PROGRAMAÇÃO:

SEXTA FEIRA

FILME: ATENDIMENTO DE UM MENINO COM AUTISMO pelo Dr. David Rosenfeld (comentários de Alicia Lisondo)

SÁBADO

– CLÍNICA PSICANALÍTICA DOS TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO – Comentários via Skype – Anne Alvarez

– APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE MATERIAL CLÍNICO DO ATENDIMENTO DE CRIANÇA (material clínico de Luciana Stoiani; comentários de Adela Gueller, Luciana Pires e Paulo Duarte)

– TEMAS LIVRES SOBRE A CLÍNICA PSICANALÍTICA DOS TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA)

– DESENVOLVIMENTO EM RISCO: DETECÇÃO E CLÍNICA DO AUTISMO (Vera Fonseca e Rogerio Lerner)

 

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Comentários

  1. sergio felicissimo silva comentou em 13/10/13 at 0:51

    Em gerações passadas houve crianças/pessoas autistas e ninguém percebeu?… Ouço falar desta síndrome/doença há poucas décadas…Seria resultado de alguma pesquisa???…Tenho um filho com paralisia cerebral e alguns médicos me disseram que a princípio pensaram que ele fosse autista…

    • Luciana Saddi comentou em 14/10/13 at 10:09

      a psiquiatria infantil só conseguiu definir melhor os quadros psocpatológicos a partir da metade do século 20 e ainda trabalha nisso. É muito dificil colocar ordem na loucura, pois os sintomas sao variados e se misturam.

  2. maria de lurdes Zemel comentou em 22/10/13 at 18:17

    oi Lu,
    Parabéns pela sua ultima crõnica!
    Fico contente por saber que vc também sabe que sua vida não é só sua.
    bj
    Lurdinha Zemel

    • Luciana Saddi comentou em 22/10/13 at 20:04

      infelizmente a gente sabe disso!

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