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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

Perfil completo

Humilhações e maus tratos

Por Luciana Saddi
07/10/13 09:18

Internauta: Tenho 20 anos e tive uma infância muito difícil. Sofri diversas humilhações e maus tratos por parte do meu pai. Sofro de depressão desde os 16, e acredito que minha depressão se deva, basicamente, à constante sensação de inferioridade, pois me sinto, extremamente, menor do que os outros e não tenho nenhuma confiança em minhas capacidades. Um sentimento muito grande de culpa me persegue. O que devo fazer? Tomar remédios ou só fazer psicoterapia?

Luciana: As consequências psíquicas para quem sofre com o abuso sexual e/ou maus tratos psicológicos e/ou castigos físicos costumam ser bastante semelhantes. Depressão, baixa autoestima, ódio de si mesmo, medo constante, confusão entre sujeito e objeto, masoquismo moral e físico. Os abusados repetem, de forma ativa, compulsiva e inconsciente as situações traumáticas vida afora e se expõem, com muita frequência, a situações “abusantes”.

No centro do problema está a falta de um adulto responsável e protetor, que deveria denunciar a agressão, em vez de fazer conluio com o agressor. Como se não bastasse a agressão e a omissão de socorro, o agressor e o adulto – que deveria proteger a criança – costumam acusar a vítima pelo ataque. A vítima, então, passa a se considerar culpada pela agressão e injustiça sofrida. E se pergunta onde foi que errou para sofrer tais castigos por parte de quem a ama. O agressor, por sua vez, além de agredir, projeta a própria culpa no agredido. Por isso vítimas têm dificuldade em denunciar, pois não conseguem discriminar com objetividade de quem é a culpa.

Explicar em um parágrafo o que muitos não conseguem entender por toda a vida não resolve a tragédia. Explicações não abolem o sofrimento que as situações de abuso ensejam. É muito importante fazer psicoterapia. O resgate da autonomia e da justiça é uma questão crucial. A denúncia, a intervenção da Lei e a reparação podem fazer parte do tratamento, pois houve falhas na capacidade de proteção institucional, familiar, da escola e do Estado. Discutir a questão da medicação psiquiátrica com o terapeuta é necessário e se a avaliação médica indicar tomar remédios, tome.

 
ALONE / Só

 

Desde a infância eu tenho sido
Diferente d’outros – tenho visto
D’outro modo – minhas paixões
Tinham uma outra fonte e
Minhas mágoas outra origem –
No mesmo tom não despertava
O meu coração para a alegria –
O que amei – eu amei só.
Então – na infância – a aurora
Da vida atormentada – estava
Em cada nicho de bem e mal
O mistério que me prendia –
Da correnteza, da fonte –
Das escarpas rubras do monte –
Do sol que me rodeava
Em pleno outono dourado –
Do relâmpago nos céus
Quando sobre mim passava –
Do trovão, da tormenta –
E a nuvem tem a forma
(Quando o resto do céu é azul)
D’um demônio aos meus olhos.

 

Edgar Allan Poe – Tradução de Leonardo de Magalhaens

 

Aurea Rampazzo, coordenadora das oficinas de criação literária do Museu Lasar Segall, escolheu o poema para essa pergunta/resposta.

 

Dica: Lovelace, o filme conta a história de Linda Boremam, atriz de, Garganta profunda, um dos mais famosos filmes realizados pela indústria pornográfica. A história de Linda confirma a regra: basta estar em situação de desamparo e fragilidade para se tornar presa fácil.

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