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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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A mentalidade de dieta na História

Por Luciana Saddi
12/09/13 10:36

A mulher do século XIX é vista como uma eterna doente. A suposta fragilidade física das mulheres é argumento contra a profissionalização, contra a exposição das mulheres ao tumulto das ruas e à vida noturna, contra quase todos os esforços físicos, contra o abuso nos estudos, contra os excessos sexuais. A medicina da época apresenta as etapas da vida feminina como uma sucessão de crises temíveis, independentemente de qualquer patologia. Além da gravidez e do parto, a puberdade e a menopausa são consideradas “provações perigosas” e as menstruações, “feridas dos ovários que abalam o equilíbrio nervoso”. Todas as estatísticas provam que as mulheres sofreram, no século XIX, uma morbidez e uma mortalidade superior às dos homens. Justo na época das guerras napoleônicas, quando a mortalidade masculina cresceu enormemente.

A opinião pública e numerosos médicos incriminavam a fraqueza da ‘natureza feminina’, causa biológica eterna e universal, a justificar um fatalismo insuperável. A mortalidade das meninas, a partir dos cinco anos, em todos os países ocidentais no período oitocentista, aumenta. As causas confundem-se com as próprias “precauções” justificadas pela dita fragilidade feminina: uma vida menos sadia, alimentação insuficiente a pretexto de ser “mais leve” (a exclusão de carnes vermelhas na dieta das meninas era hábito corrente), falta de exercícios físicos e ar puro – as meninas viviam trancadas em casa – freqüência baixíssima de banhos em nome do pudor (uma vez por mês depois do período menstrual) além de, uma negligência maior nos cuidados maternos e uma acolhida pouco calorosa, desde o nascimento.

Pela descrição acima podemos entender de que forma ocorreu e ocorre o controle social sobre o corpo feminino. Antes éramos doentes. Hoje, não há mulher que não se sinta gorda e feia – não importa seu peso ou medidas.

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Comentários

  1. Nanafranco comentou em 12/09/13 at 14:32

    Querida Luciana, genial o seu texto. Hoje, além da mentalidade da dieta, persevera em nosso imaginário que a mulher é defeituosa, principalmente no momento em que o “ser fêmea” é essencial: o de dar à luz. Estreou neste mês nos cinemas das principais cidades o documentário O Renascimento do Parto, brasileiro, 90 minutos, que discute a assistência ao parto no Brasil. A descrença e a desconstrução do poder de gestar, parir e amamentar é o ponto central do nosso sistema de saúde, que ou opera em massa quem não quer e não precisa, ou “atende” a parturiente de parto normal com violência e sem embasamento científico. Tudo consolidado pela crença de que somos defeituosas, incapazes, perigosas. E nós ainda por cima concordamos! Vale muito muito à pena conferir!

  2. Dr .Hermes Prado Jr comentou em 12/09/13 at 20:23

    Opinião PÚBICA (em vez de ‘pública’) ficou interessante no texto! :)))

    • Luciana Saddi comentou em 12/09/13 at 23:13

      vou dar um jeito nisso!

  3. Priscila comentou em 13/09/13 at 9:25

    Um dia um amigo me deu de presente esse poema q combina perfeitamente como seu texto: “Sou mulher por inteira
    E não permito que meu corpo seja recortado e tratado como a síntese da minha existência
    Existo em corpo, alma, sonho e pensamento
    Se é o corpo que vocês preferem,
    Não o darei em peito ou bunda de cerveja,
    Entrego meu corpo em luta
    Nu dos seus desejos e
    Coberto do suor do meu trabalho
    Entrego também a minha história,
    Pois corpo sem história é somente coisa
    E por isso mesmo não pode ser mulher
    Não pode ser como eu
    Mulher por inteira!”

  4. Fernando Ilídio comentou em 13/09/13 at 9:47

    Controle sobre o corpo da mulher? as mulheres sempre gozaram de um status privilegiado eu diria, sempre foram poupadas de esforços e trabalho porque era obrigação do homem sustentar uma mulher… os homens sempre morreram mais cedo, sempre sofreram mais, sempre começam a trabalhar mais cedo… e as mulheres agora vem reclamar disso? sabe porque as mulheres não trabalhavam fora de casa querida? porque trabalhar era uma sentença de morte… hoje, trabalhar significa mandar e-mails sentadinha numa sala com ar-condicionado num prédio de mármore e vidro, por isso as mulheres finalmente decidiram que trabalhar fora de casa era o que elas queriam… controle sobre o corpo da mulher? quem se preocupa com celulite e gordura localizada são vocês mesmas, nunca vi um homem heterossexual reclamar disso. Vocês são neuróticas por natureza, é da natureza da mulher culpar os homens por tudo que de errado que vocês mesmas fazem. Vocês vão lá, seguem dicas de moda e padrões de beleza ditados por homossexuais e depois colocam a culpa em seus maridos, pais e amigos heterossexuais.

  5. Fernando Ilídio comentou em 13/09/13 at 9:49

    mulheres não são mais frágeis né? então veja isso: http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2013/08/mulheres-carregam-saco-de-cimento-de-50-kg-e-passam-mal-em-concurso.html

  6. Gilberto comentou em 13/09/13 at 10:45

    Gostei do texto. Só peca por ser muito curto e não indicar fontes para maior aprofundamento. Imagino que as várias aspas utilizadas pela autora signifiquem que se baseou em alguns estudos históricos…

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