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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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O favorito da mãe

Por Luciana Saddi
29/07/13 09:41

Internauta: Você acredita que quando alguém foi o favorito indiscutível da mãe conserva aquele sentimento de conquistador e a confiança no sucesso, que não raro traz realmente o sucesso?

Luciana: Só acredito se o favorito não desenvolver uma baita culpa pelo favoritismo. Há casos dessa natureza que confirmam sua observação: autoconfiança elevada e sucesso. Mas há casos em que o sentimento de culpa inconsciente sabota qualquer chance de desenvolvimento.

Ser o favorito da mãe nem sempre é bom, pois a exclusão dos irmãos ou do pai está implicada nessa preferência, elevando o sentimento de culpa por prejudicar os familiares amados. E muitas vezes, a mãe em sua ânsia por amar o tal filho acaba por ofertar apenas uma superproteção sufocante.

 

Poema à Mãe 

 

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal…

Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade, in “Os Amantes Sem Dinheiro”.

Aurea Rampazzo, coordenadora das oficinas de criação literária do Museu Lasar Segall, escolheu o poema para essa pergunta/resposta.

Dica: Psicose, obra prima de Alfred Hitchcock. Mostra que o complexo de édipo, deve ser superado para o bem de todos os envolvidos.

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