Que país é esse? Que problema é esse? Que lei é essa? *
10/06/13 10:03Se os índices da criminalidade houvessem caído, certamente esse seria um mérito do Estado!
Os índices da criminalidade aumentaram em São Paulo. Quem vai se responsabilizar por isso?
Um vizinho mata o outro por conta de barulho, uma psicóloga é estuprada quando espera o guincho para seu carro, uma dentista é queimada viva porque não tinha dinheiro no banco, um garoto é morto mesmo entregando seu celular. Uma política de drogas é desrespeitada, um usuário de crack é internado, involuntariamente, mesmo que essa não seja uma recomendação da própria ONU. Médicos serão aceitos no nosso país sem a atualização de seus diplomas, um estádio na Bahia recebe o nome de uma cerveja. Um…uma…muitas outras estórias podem ser listadas aqui.
Isso é uma catástrofe!
Estamos socialmente doentes!
Eu quero me responsabilizar por isso!
Quero dizer que me coloco no lugar de cada agressor e ao mesmo tempo no lugar de cada vítima.
Os estudiosos das grandes catástrofes apontam que após cada uma delas, mobilizamos o que existe de mais animal e primário em cada um de nós. Após as catástrofes (terremotos, guerras, tissunamis…) aumenta o número de estupros, roubos de crianças, maus tratos, saques…
O único país que não obedeceu a esse princípio foi o Japão.
Depois do último terremoto observou-se a camaradagem, o respeito, a aliança entre as pessoas. Então se viu a importância da cultura milenar de respeito, que o Japão tem na sua História. Não estou defendendo o Japão – só estou destacando a importância do respeito na cultura japonesa.
Trabalho na área de drogas e com famílias há mais de 30 anos. Já estou “velhinha” e já enfrentei muito desrespeito, inclusive para comigo mesma.
Nesse momento a política de drogas vem sendo desrespeitada!
Como queremos tratar de drogados se não respeitamos nenhum princípio e criamos princípios novos baseados em interesses, no mínimo muito esquisitos?
É correto que as “comunidades terapêuticas” tenham sido designadas como as instituições privilegiadas para tratar os dependentes? Qual foi o critério utilizado para isso? Você sabe que estas instituições são religiosas?
Você sabia que o próprio governo tem programas nos CAPS- AD (Centro de Atendimento Psicossocial – Álcool e Drogas) que são muito eficientes e adequados para o tratamento desse problema?
Você sabia que na Bahia nasceu um programa chamado “Consultório de Rua” que atende com muita eficiência pessoas que não conseguem se dirigir aos Centros de Atendimento, como os usuários de crack?
Então, qual será o sentido do Estado determinar um tipo específico de tratamento religioso para a população de usuários/dependentes?
Essa é uma função do Estado? Determinar a forma de tratamento e a religião dos dependentes?
Não seria uma função do Estado, melhorar as condições dos lugares de atendimento e oferecer reciclagem de conhecimento para os nossos técnicos inclusive remunerando-os melhor?
Não seria função do Estado, aperfeiçoar suas formas de tratamento avaliando as ações que ele já implementa?
Não seria função do Estado parar para pensar que suas ações estão tendo conseqüências sociais muito sérias?
O Estado reprime o usuário de crack e imprime uma ação violenta sobre ele e permite que um estádio de futebol tenha o nome de uma cerveja. Isso não é, no mínimo, enlouquecedor para o nosso jovem e para as nossas crianças?
Penso que sim! É função do Estado, parar e pensar em suas ações!
É função e hora de todas as instituições pensarem em suas ações e as conseqüências delas.
Não podemos só dar crédito ao que vai bem e nos colocarmos a parte do que vai mal!
* Maria de Lurdes S. Zemel é psicóloga, psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise e membro fundador da ABRAMD (Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas.
Minha querida Luciana. Que país é este?
Um agricultor, ou um servente de pedreiro trabalha de sol a sol, prá ganhar um salário mínimo. Enquanto quem assalta a mão armada, quando vai preso, tem direito a um bocado de regalias, inclusive bolsa cadeia, exige comida boa e etc, etc. Com esta cultura vamos parar a onde ?