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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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Somos nossa forma de ver o mundo

Por Luciana Saddi
03/05/13 10:10

Internauta: Porque as mães se culpam? Eu me ressinto disso, dessa culpabilidade eterna das mães. Tenho um montão de problemas, muitas vezes acredito, seriamente,  está tudo ligado ao que meus pais me passaram. Mas aí, paro, penso… e será então que os culpados de tudo são os pais? E eu? Eu não tenho culpa nenhuma? Sou eu mesma a culpada por ser assim! É o que Spinoza diria pra mim.

Luciana: Creio que você é responsável por você mesma. Não importa (depois de certa altura da vida) o que os seus pais fizeram com você. Imagina se justificar para um chefe, marido ou namorado: – olha, eu pisei na bola porque minha mãe sempre preferiu meu irmão.

Ninguém vai dar a mínima para suas desculpas, mesmo que elas sejam verdadeiras e sinceras.

Com isso não quero negar a importância das primeiras relações que temos com pais e cuidadores. A infância nunca mais será a mesma depois da psicanálise. As crianças foram ouvidas, suas queixas e dores levadas em consideração. As marcas adquiridas na infância são inegáveis, mas não são de fácil definição de origem. Quem origina o que e quem nessa história? A forma de vermos nossos pais se mistura à forma como cuidam da gente e criam uma realidade única, não há como obter a prova dos nove, uma realidade isenta de paixões.

Somos nossa forma de ver o mundo, identidade se confunde com realidade.

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?

Ferreira Gullar

 

Aurea Rampazzo, coordenadora das oficinas de criação literária do Museu Lasar Segall, escolheu o poema para essa pergunta/resposta.

Dica: O apanhador no campo de centeio, romance mais que merecidamente famoso de Salinger. Um adolescente à procura de sentido para si, no meio da falta de sentido crônica da vida.

 

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Comentários

  1. Alice comentou em 03/05/13 at 13:24

    Na minha visao, nao eh questao de culpa… mas de estorias estretecidas, eu, os pais, os avos, e os pais deles: todos se perdem no tempo… o acaso tambem joga seus dados e da seus pitacos.
    Me lembro de um poema de Borges que menciona “maranha”: fios embaracados. O poema, Labirinto, me sugere que quem faz o labirinto eh o viajante, nao o arquiteto. A primeira linha do poema diz: “Nao havera nenhuma porta”. Nao mesmo. Eh necessario cria-las, desenha-las, inventa-las, construi-las, quebra-las e ate, fecha-las.

    • Luciana Saddi comentou em 03/05/13 at 18:07

      gostei muito do seu comentário!

      • Alice comentou em 04/05/13 at 15:30

        Eu falando assim parece que eh coisa facil. Nao eh. Passei muito tempo tentando achar portas, tentando abri-las, maldize-las, arromba-las… mas ai de mim, eram de outros !
        O que me acordou foi desconfiar que nada esta pronto, que tudo esta mudando, ate o ultimo dia – aih pude me dar conta que teria de arregacar as mangas e fazer as coisas darem certo. Um pouquinho por dia… um pouquinho por dia…

  2. Janete comentou em 04/05/13 at 10:47

    Por amar demais meus pais, nunca tive dúvidas que fizeram o seu melhor pra me educar e fiz isso com meus filhos, tenho dois todos educados em escola publica, era o que eu podia fazer por eles, hoje o de 25 é gerente de multinacional e o de 19 entrou na Usp esse ano, foram criados com muito amor e carinho, só nos trazem alegrias, tenho certeza que passamos pra eles que os amamos e fizemos o nosso melhor..um bom diálogo em casa supera todas as dificuldades.bjs

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