Lembranças
03/04/13 10:13O Poeta e humanista romano, Sêneca, que viveu no primeiro século, dizia que o recurso que temos para diminuir os efeitos das perdas é guardar a lembrança das coisas perdidas e, por esse meio, não deixar desvanecer o proveito que tivemos. Vai-se a posse, fica para sempre a vantagem de ter possuído. Segundo ele o destino nos retira a coisa, mas deixa seu fruto. As reclamações e queixas sempre nos fazem perder a boa lembrança, ou seja, a vantagem de ter vivido algo bom.
Segundo Sêneca, a lembrança fixa a experiência, diminui o efeito da perda sobre nós. Mas a lembrança aumenta a dor da perda quando se torna lamento pelo objeto perdido, adverte ele.
O que são as lembranças? Truques para superar a finitude. O que se foi se faz presente e perdido ao mesmo tempo. Lembrança é uma estranha mistura do que perdemos com o que ganhamos ao viver. Marca da passagem do tempo, do passado irreversível, da falta e testemunho da nossa existência.
Transformar a dor da perda em lembrança é uma arte. A escrita, a literatura e as artes podem ser entendidas como produto e expressão da luta contra o esquecimento e a morte, transformam lembranças em experiência compartilhada para que não se percam no tempo como lágrimas na chuva. A recordação estende a corda da vida além dela mesma.
Eliane,
Suas reflexões me lembraram o Walter Benjamin, quando – falando de memórias também – disse que “um acontecimento vivido é finito, ou pelo menos encerrado
na esfera do vivido, ao passo que o acontecimento lembrado é sem limite, porque é apenas uma chave para tudo o que
veio antes e depois”.
A lembrança realmente pode ser a cura. Mas também pode ser a doença…
Luciana,
Perdoe-me a indelicadeza! Passei agora algum tempo ao telefone com uma corretora de imóveis chamada Eliane e, enquanto falava com ela, li o seu texto… Ato falho?
Sorry!!
para ela ou para mim?
vira doença se a lembranca se torna uma espécie de prisao ao passado, vide o rancor