A palavra
15/03/13 13:34A mais bela e importante aquisição humana. A palavra é inseparável do pensamento. Não é possível pensar sem nomear. Os nomes das coisas, dos afetos, das ideias racionais ou irracionais passam pela existência das palavras. Cada palavra cria um mundo novo de sentidos e de possibilidades. O vocabulário muda e se expande à medida que estabelecemos novas aquisições sociais e pessoais.
A palavra pode ser plena como a poesia que caça a essência das coisas e nos espeta com sentidos inusuais. A palavra pode ser como a prosa que mergulha no mundo e se derrama pelos livros de referência. A palavra pode ser vazia, conversa fiada. A palavra cria amantes, gera guerras, e, pode funcionar como um atentado terrorista, mas também acalma, nina, aconchega. É um instrumento extremamente poderoso.
Uma das primeiras pacientes de Freud, antes da psicanálise se transformar num conjunto de conhecimento aceito pela comunidade, chamou o tratamento que fazia com ele de cura pela fala.
Ao falar nos revelamos, nos escondemos, nos traímos. Quando conseguimos dizer o que queremos (é preciso coragem) nos colocamos de forma singular no mundo, mas o silêncio também faz parte da comunicação e pode significar indiferença, superioridade, medo de se mostrar, insegurança.
A palavra inibida, quase casta, lutando contra a autonomia do homem ou palavra liberta, capaz de estender as fronteiras do pensamento? Os psicanalistas perceberam a importância da palavra plena de afeto no tratamento dos sofrimentos psíquicos. Desenvolveram um dispositivo que permite a livre expressão do sujeito. A singularidade é seu fruto. É também e sempre um alto um preço a se pagar
Luciana,
O tão só uso da palavra expressa desejo. Desejo do outro…
Para que o exercício da fala tenha o efeito de cura (pela reorganização e rearranjo interno do Ser), é importante que a interlocução seja generosa. Generosa de uma forma que revele ao menos a intenção de acolhimento, de um ouvir sinceramento atento.
Seu texto resgata uma tradição que antecede Freud e que tanta falta faz hoje em dia.
ThanX pela reflexão!
sim, a escuta e o testemunho sao fundamentais.
Lindo!
Pois em minha opinião, de nada vale a “palavra” se as expressões não condizem com aquilo que é dito.
por isso falamos em palavra plena! por isso a poesia…
Perfeito.
Mais sinteticamente, um texto mais antigo: no princípio era (é) o Verbo.
Olá Luciana!
Só consigo me expressar mais, pela síntese ou pelo silêncio.
vc foi feliz ao dizer das palvra, são como um pedra :uma vez atirado chamais voltará atraz. e não sabemos onde esta pedsra vai cair e machucar alguém,.Éé por ai mais ou menos, pois uma palavra de amor fzs vc resusitar, faz vc ir nas nuvens. palavra não tem tamanho e forma. temos que pensar 1000 vezes para dize-las.
Elioma, vc me perdoe: o silencio é a arma dos covardes.medrosos. 0u, vamos dizer envergonhados de ser o que, é,
de expressar seus sentimentos
olha a palavra amor. o que ela nos diz.
Olha a pavra querra,vc ficar na selva, mata, esta esposto a morrer: o que ela nos diz.
As palavras são como os patifes desde o momento em que as promessas os desonraram. Elas tornaram-se de tal maneira impostoras que me repugna servir-me delas para provar que tenho razão.
A força das palavras é incontestável. Vejo certa bifurcação no seu sentido. Enquanto elemento de comunicação há uma constante transformação (emprobrecimento). A globalização e, sobretudo, a internet, tem impactado negativamente as palavras como referências fragmentárias da cultura de uma nação. Há um flagrante encolhimento do vernáculo. E isso preocupa…
Parabéns pelo brilhante texto!
Ainda sobre a palavra… ligando com as notas que Luciana fez ha alguns dias (obrigada!) sobre o filme “As sessoes” – esse poema aparece no filme.
(in-traducao livre)
— Love poem to no one in particular —
Mark O’Brien
Let me touch you with my words
For my hands lie limp
as empty gloves
Let my words stroke your hair
Slide down your back
And tickle your belly
For my hands,
light and free flying as bricks
Ignore my wishes
And stubbornly refuse to carry out
my quietest desires
Let my words enter your mind
Bearing torches
Admit them willingly into your being
So they may caress you gently
Within
— Poema de amor para ninguem em especial–
Deixe-me tocá-la com minhas palavras
Pois minhas mãos inertes pendem
como luvas vazia
Deixe minhas palavras acariciarem seu cabelo
deslizar tuas costas abaixo
e brincar em teu ventre
pois minhas mãos,
de vôo leve e livre como tijolos
ignoram meus desejos
e teimosamente se recusam a tornar realidade
minhas intencoes mais silenciosas
Deixe minhas palavras entrarem em você
carregando lanternas
aceite-as voluntariamente em seu ser
para que possam te acariciar devagarinho
por dentro.
amei sua tradução. Obrigada. Esse poeta amou com as palavras, sem dúvida!