Poema para quarta-feira de cinzas
13/02/13 10:14Melancolia
Eu luto
contra o luto
but the mourning
wakes up early
in the morning
Cama de Campanha, de Flavio Ferraz Carvalho
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Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora
Perfil completoMelancolia
Eu luto
contra o luto
but the mourning
wakes up early
in the morning
Cama de Campanha, de Flavio Ferraz Carvalho
A palavra “luto” lembra Roberto Carlos: ” Morreu Maria/Quando a folia/Perdia a noite/Ganhava o dia…” Só que a Maria não acordou na quarta-feira de cinzas, porque viveu só um carnaval. Sentimentalismo de bolero que combina bem com o dia!
Poema para continuar a vida depois do carnaval.
PROSCÊNIO
Antes que se adentre ao cenário,
cumpre visitar o proscênio,
espaço de transição
entre platéia e palco,
onde a penumbra,
as sombras e luzes
buscam suas marcações e dançam,
entre indecisas e divertidas,
até que se encaixem
e seja possível então,
iniciar a aventura dos personagens,
seres inventados
quando mais são necessários
e também travestidos,
quando sendo reais,
não convém que sejam desnudados.
Por isso, as personas, as máscaras,
o manejo nos bastidores.
No fundo, tudo é mesmo encenação,
entre duas verdades,
únicas e inescapáveis, irrecusáveis:
nascer e morrer.
Depois, cada um entra no enredo,
na peça, no palco,
luta para ser protagonista,
briga pela linha do coro.
Todos fingem que não,
mas todos sabem
que depois que disserem suas falas,
chegarão àquela hora
de seguir para o fundo da cena,
virar lembranças, pinturas, cenários.
É nessa hora que a dignidade
se traduz em aplausos verdadeiros.
Nos entreatos,
ninguém aplaude ou vaia os artistas
e sim, o autor do roteiro.
Luiz Roberto de Oliveira Pereira