Amor materno: não há quem não se canse dos filhos
07/02/13 10:12Poucos pais se dão conta que o amor materno é complicado, exige dedicação e condições internas de autoconhecimento. Ninguém nasce mãe, a maternidade se desenvolve na relação com o bebê. É um momento de mudança e de crise, muitas vezes, de depressão. Exige esforço de guerra e nem todos estão preparados.
A cultura embrulha a realidade com um papel colorido. A culpa de não ser supermãe é fruto da família nuclear e do amor romântico, que vendem a maternidade como a oitava maravilha do mundo e fazem enorme pressão sobre a mulher, para que se dedique inteiramente aos filhos. A idealização da maternidade torna todas as mães insuficientes. Não há quem não se canse dos filhos, eles requerem muita atenção e cuidados. Querer um tempo só para si é normal e sadio. Ninguém é inesgotável.
A relação que tivemos com nossas mães e ou cuidadores funciona como um protótipo. Algumas mães sentem-se culpadas porque repetem com os filhos o que não gostaram em sua infância e até o que consideraram nefasto. Por isso sempre é bom reconhecer e investigar o tipo de relação que tivemos com nossas mães para não reproduzir o que causou marcas de negligência.
Acho legítimo pensar assim. Ótimo artigo.
Pensei isso ontem. Quando dei “piti”… muitas pessoas dizem que a maternidade completa a pessoa…. é quase um relação de sanguessuga… a gente espera reconhecimento… eles esperam mais… mais e mais….
É uma relação de muito amor, na maioria das vezes, pelo lado maternal, com altos e baixos, excessos e faltas, culpas e gratificações. Mas, no final, é uma experiência incrível!!!
Ola! ser mãe é orrivel, acaba com a libido, humor, vc não pode sair, não pode descansar e não consegue relaxar é infernal, amo meu filho mas criança é o ser mais egoista do mundo, e nunca ta bom, vc para a sua vida e ainda assim não será uma boa mãe, não tenham filhos
Rafaela, esse é o conselho que sempre dou para minhas amigas. Eu tenho duas, as amo muito, mas as tive muito jovem, hoje eu jamais teria. Posso falar de catédra: não tenham filhos.
Comentários como esse só reafirmam minha opção de não ter filhos.
Depois que passamos dos 30 o peso por tomar uma decisão começa a se apresentar com mais força e quanto mais peso os prós e os contras, mais cresce minha convicção de que a maternidade não essa coisa tão maravilhosa como querem pintar.
Gosto muito de ouvir opiniões sinceras de maes que não tem vergonha ou culpa de revelarem seus sentimentos, que não ficam dourando a pílula tentando vender uma imagem de que a maternidade é o único meio de uma mulher se sentir realizada.
Obrigada a quem se expõe assim !
sincero, porém egoísta
Isso mesmo. Concordo e temos mesmos que está sempre nos auto avaliando para perceber se “nossos excessos” que pra nós é puro zelo, não está prejudicando a formação filho/pessoa 🙂
O tema é bom, mas o texto está muito curto e sucinto. Poderia ser mais desenvolvido. Termina de repente.
Verdade pura, é um sentimento que nos pune pois continuamos a cometer erros que nos marcaram, e isso leva a culpa de não sabermos fazer a coisa certa.
Isso é porque poucas pessoas tiveram a desgraça na vida de ser filho de uma mãe psicopata e perversa, que passa a infância do filho tratando-o com sarcasmo, impingindo culpa na sua existência, e tratando os sentimentos da criança como objeto de manipulação. Tudo com o requinte de se utilizar de religiões fanáticas como instrumento de controle e manter sempre um sorriso sádico quando consegue te destruir dia a dia.
Quando suas mães não são assim é muito bom discorres esses elogios aí, pra alimentar o ego.
lamento por vc e por todos os filhos que sofreram esse tipo de tratamento. Abusos emocionais sao tao nefastos quanto o castigo físico ou o abuso sexual. já tratei em outros posts sobre esse tema. É incr’vel que ainda haja pessoas acreditarem que podem fazer de um filho gato e sapato. É incrivel que pais se deixem fazer de gato e sapato por filhos tiranos também. E também é incrivel que maes e pais nao consigam se libertar de certos estereotipos sociais, pois sao feitos de gato e sapato por esses mesmos estereotipos.
Eh impressionante o que um pedido de desculpas pode fazer pelos envolvidos em casos de abuso infantil de toda ordem… experiencia propria.
Minha mae nao chegou a pedir desculpas, mas disse “Eu era uma alienada”. Aliviou bastante.
Ser mãe nunca foi a “oitava maravilha do mundo”, quem assim o pensa, ou, divulga é por não entender, ou não ter sido educado no princípio da responsabilidade que ser pai/mãe exige.
Quem se prepara para ser pai/mãe sabe, perfeitamente, sobre tudo o que o espera.
A “oitava maravilha do mundo” fica para os que não se preparam.
Ter filhos/as é uma maravilha, sim, com muitas responsabilidades e adequações entre o casal.
Maria Helena
Eu concordo com a Maria Helena: ser mãe ou pai não é a oitava maravilha do mundo. Hoje muita gente pensa assim porque os filhos (assim como as relações, o casamento, etc) viraram um bem de consumo, algo para exibir à sociedade, como o carro, a casa, a festa de formatura. Vide revistas de famosas que publicam a gravidez, lembrancinhas, festas na maternidade, ou seja, é toda uma indústria por trás do “produto”. Quem entra nessa, se dá muito mal! E aí fica irritado, reclamando muitas vezes de suas próprias dificuldades e culpando os filhos. Como, aliás, tem gente que culpa o marido, ou a mãe, ou a irmã. Filho é outra pessoa. Como outra pessoa que é, a relação com ele dá trabalho, é conquistada no dia a dia. Com muita disposição, pode (mas não é algo “natural” ou “inerente”, que vem de graça) sim surgir um amor imenso entre os envolvidos. Quem nega as dificuldades de se ter um filho, conciliar a vida de casal, o trabalho, o enfrentamento de seus medos e neuras, se dá muito mal. Eu acho que tudo nessa vida que vale a pena dá trabalho. Requer esforço, dedicação, requer uma capacidade de enxergar a si próprio e ao outro.
Para isso, como disse a Maria Helena, é necessário preparação: ver como é que é na realidade, ter consciência que é um trabalho para a vida toda, desde a gravidez, o parto, a amamentação, as fraldas até os percalços que os filhos certamente enfrentarão no decorrer da vida, que custa dinheiro, tempo e disponibilidade. Se as pessoas pensassem um pouco, só teria filhos quem realmente está a fim, o que por si facilita em muito o trabalho: É meio caminho andado uma pessoa feliz com sua escolha. Eu acho que é assim no relacionamento amoroso, na carreira, no viver as próprias capacidades e talentos, com a amizade. Tudo o que vale a pena na vida dá trabalho. Inclusive filhos.
Creio que isso pode ser aplicado mais às mães que não trabalham fora. Somente em casa. Eu trabalho fora e gostaria de mais tempo com meus filhos, mas não é possível.
Pontos de vistas diferentes.
Parabéns pela abordagem! Ser mãe é segunda-feira, é trânsito livre. Não é domingo nem feriado. Óbvio que não nos imaginamos mais vivermos um só minuto sem nossos filhos, mas também precisamos conversar sobre este outro aspecto, abordado neste texto, sobre o qual ninguém fala. Se não conversarmos, se não dividirmos as responsabilidades, nós, mães, seremos levadas à exaustão.
é isso mesmo!!
Existe uma informação fundamental no relacionamento entre pais e filhos: o fato de como pais termos dado o que é fundamental, que é a vida. Diante dessa dádiva maior muitas culpas dariam lugar ao amor e para os filhos muita arrogância daria lugar ao reconhecimento.
Obrigada pelo artigo. Sou mãe de primeira viagem e tenho sofrido demais com o cansaço. O problema de comentar isso com outras mulheres, principalmente de gerações anteriores a minha, é que elas não entendem e ainda dizem que eu é que estou errada. Que a mulher nasceu pra ser mãe e que deve suportar a tudo com felicidade e resignação. Quando meu bb a quem trato com o maior amor e desvelo se torna irritadiço, ele na verdade não está apenas irritado ou sendo mimado, ele está me tiranizando…
Aline, imagino que você esteja super exausta com tudo. Se eu puder, gostaria apenas de dizer o seguinte: o bebê não tem capacidade mental de te tiranizar. Ele simplesmente manifesta o desgosto que sente. Ele deve sentir sua angústia, seu cansaço, e responde com choro, irritação, a mesma que você sente. Se você conversar com ele, mesmo que ele ainda não fale, ele vai entender. É incrível como funciona, pois o bebê está ligado intimamente a você e a seus sentimentos. Se você colocar em palavras, ele vai te ouvir. Você vai poder explicar a ele que está cansada, que está angustiada por este ou outro motivo, que fica triste por se sentir assim, mas que você, que é adulta, vai resolver e que vocês dois ficarão bem. Procurar ajuda prática (alguém para banhar, cuidar da casa, etc) e psicológica também ajuda. Lembre-se que o único recurso que ele tem é o choro. Você, como adulta, conhece o mundo e tem vários outros. Cabe a você mostrar a ele os outros recursos da vida. Não acho que a mulher nasceu para ser mãe, nem que você tem que aguentar calada a sua dor. Cada um sabe onde o calo aperta e deve buscar caminhos para aliviar essa dor. Só digo que os primeiros anos de uma criança são muito trabalhosos e cansativos mesmo, e você vai encontrar o seu caminho para transformar esse trabalho em prazer e recompensa. Não se vingue do seu filho, ele não te tiraniza. Busque ajuda para poder viver a sua vida com mais tranquilidade. Boa sorte e um abraço solidário.
Recomendo a todos os que postaram comentários que leiam o livro “Um Amor Conquistado: O Mito do Amor Materno”, de Elisabeth Badinter, pesquisadora francesa.
O amor materno da cultura ocidental que conhecemos hoje é uma construção social, baseada em influências religiosas e econômicas.
A maternidade é um fato complexo e há uma defasagem enorme entre o mito nascido há cerca de 300 anos e a realidade social e econômica do século XXI.
É preciso criar os filhos, especialmente as meninas, para que se preparem para desconstruir o mito do amor materno infinito e eterno. Ser mãe e ser pai devem ser escolhas e os casais que decidirem ter filhos deveriam ser preparados emocionalmente e se preparem financeiramente para suportarem os encargos emocionais e financeiros que a criação de filhos exige.
Sou homem e sou pai de três meninas. Amo minhas filhas e faço por elas o que posso, tentando equilibrar as necessidades delas com minhas possibilidades físicas, emocionais e financeiras. Sempre falta algo, tanto da minha parte, quanto da parte delas.
Mas o diálogo e a transparência são o melhor caminho para que cada um entenda as dificuldades do outro, as circunstâncias de cada um.
No final das contas, todos nós humanos, não somos mais do que o total de nossas circunstâncias, que temos que refazer todos os dias, somando e subtraindo realidades e emoções.
obrigada pelo cometário tao oportuno! Desconstruir o mito do amor materno infinito e eterno faz bem a saúde física e mental. Cada pode encontrar sua propria forma de amar ou nao…
Que legal, vou procurar ler com certeza! Gostei muito da sua colocação sobre a necessidade de desconstrução da obrigatoriedade, culturalmente instituída, do amor materno/paterno.
No amor, seja entre amantes, seja entre pais e filhos, amigos, etc, há sempre limites, impossibilidades, imperfeições, possibilidades, pontes, recomeços e trabalho, muito trabalho. Nada é inerente e de graça. Mas vale muito a pena viver o amor!
Eu me vejo cometendo erros irreparaveis que sofri na minha infancia, adolescencia, juventude e agora, mesmo na fase adulta.
Quero tanto ser diferente, amável, calma, mansa.. equilibrada e compreensiva…
Mas me pego igual ao que passei..sendo péssima mãe 🙁
Ser mãe é bom, mas tem seus sacrifícios. Bom mesmo é ser tia: qdo a criança enche o saco, a gente entrega de volta p a mãe. Bom p a mãe tb, afinal, ela descansa um pouco enquanto isso. Viva a tia! Acho q deveria ter um dia dedicado às tias. Mais q merecido!
luiz roberto, seu comentário foi até agora o mais sensato
Gostaria sa saber se vc tem filhos Luciana Saddi?
Gostaria de saber se vc tem filhos?
tenho 3!
A maternidade para mim foi a experiencia mais fantastica que tive na vida, amei e curti cada momento, com tranquilidade e mto feliz pela existencia dos meus filhos….mas nunca abri mão de mim mesma, nunca permiti abusos sobre a minha pessoa, mesmo qdo eram apenas bebês, preservei minha intimidade com meu marido , dediquei-me a minha profissão e assim conseguimos criar pessoas maravilhosas que são hoje nossos filhos adultos…mas uma coisa eu sempre acreditei e falei para meus filhos : o meu amor não é incondicional e ser mãe não é padecer no paraíso…..
belo depoimento! Parabéns pela arte de equilibrar ser mae, mulher, educar, trabalhar e viver …
Achei o texto bem moderno e verdadeiro, por isso que acho a melhor fase para ter filhos é qdo jovém, pois o essencial desta relação é a disponibilidade. Sou mãe, amo meus filhos mas, a sociedade cobra muito do “amor materno”…. Adorei tds os comentários..
O texto me serviu de base para uma questão do trabalho de Psicologia da faculdade…. Muito obrigada Luciana Saddi
como diria os americanos: you wellcome!