GLS em debate
14/11/12 10:00Depoimento de um Internauta: Fui ao show da Lady Gaga aqui no Rio de Janeiro, o show foi lindo, tudo lindo, fui com um amigo meu e nós estávamos “ficando” durante o show, nada de mais, uns beijinhos só. Durante um beijo alguém me cutucou e falou “Só toma cuidado pra não gozar aqui, minhas filhas estão vendo.” Fiquei sem reação, eu nunca tinha passado por algo assim. Estava no show de uma cantora que é uma das maiores ativistas na causa LGBT. Olhei para as duas meninas que aparentavam ter 10 e 13 anos e que estavam super felizes dançando, pulando e não dando a mínima para os beijos que diversos casais gays estavam dando durante o show. Como eu estava tão encantado e feliz por tudo, não quis estragar minha noite discutindo com o cara. Durante o show vi várias meninas e meninos, como elas duas, com seus pais. Penso que ser fã de uma pessoa que tem um discurso tão afiado na questão de igualdade (momentos antes do ocorrido, Gaga fez um discurso lindo sobre isso) deveria facilitar a conversa. Quem sabe os mais novos possam consertar a cabeça dos mais velhos? Digo isso porque a questão LGBT só chega à tona na maioria das vezes quando um filho se assume. Penso que mesmo em famílias de heterossexuais a questão deveria ser abordada, afinal respeito tem que ser de todos para todos. Se essas duas meninas tivessem conversado com seus pais sobre o assunto, ele talvez não estivesse tão preocupado com o beijo que dei no meu amigo.
Luciana: Acredito que as questões LGBT devam ser ventiladas nas famílias, nos jornais e escolas. Só assim os preconceitos podem vir à tona. Não controlamos o que as pessoas sentem ou pensam a respeito desse tema, mas sentimento não deve se transformar em ato de preconceito.
O preconceito ainda é enorme e monstruoso. A sociedade impõe um discurso que, na prática, estabelece que o homossexual esconda toda manifestação da sexualidade. Não pode nada em público, toda afeição deve acontecer entre quatro paredes. Mas as pessoas se esquecem que a sexualidade é mais abrangente que sexo. Não se pode deixá-la ao sair de casa. É algo tirânico exigir que a afeição entre duas pessoas seja disfarçada.
Um dia estava com um casal de amigos em um shopping. No meio da conversa, um deles naturalmente colocou o braço ao redor do outro, que aproximou o rosto. Algo comum entre casais, só que rapidamente eles se separaram e começaram a olhar para os lados com medo de ter ofendido alguém. A culpa já estava introjetada.
Foi triste ver dois homens dignos, que estudam e trabalham, alarmados com algo que, pra maioria, é tão corriqueiro.
Outra grande falácia é o discurso que existe dizendo que o homossexual precisa ter estabilidade financeira pra só então viver a sexualidade. Ou seja, a adolescência e a juventude toda sem poder se apaixonar, namorar, etc. Duvido que queiram isso para os filhos héteros deles…
Os LGBTs não buscam o direito de se amassar sem controle nas ruas, isso é muito vulgar. Também não estão lutando pelo sacramento do matrimônio ou por propaganda sexual nas escolas.
A demanda é por direitos civis e uma vida sem dissimulação.
Uma vida sem dissimulacao é lindo! Concordo inteiramente com vc, cada palavra.