Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

Fale Comigo

por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

Perfil completo

Traições

Por Luciana Saddi
07/11/12 11:29

Internauta: A julgar pela mídia em geral, a traição está em alta – tanto a masculina quanto a feminina. A meu ver as coisas funcionam como dinheiro investido: se tiramos algum investimento (amoroso/sexual) de nosso casamento e colocamos num amante esse valor vai faltar em casa. Creio que um cônjuge já satisfeito sexualmente com a/o amante nem vai ligar se esposa/marido não quiser  sexo, queixando-se  de dor de cabeça, cansaço, etc.  Se  não houver amante é provável que insista, tenha paciência,  tente conquistar, o que  provavelmente  trará  intimidade para o casal. Eu nunca traí e sinceramente, de coração aberto, gostaria de ouvir, de saber das pessoas que traíram: vale a pena?

Luciana: A mídia, sem dúvida, influencia, e, talvez, crie um clima de oba-oba sobre um assunto sério, que machuca demais as pessoas. Mas, é a mídia que propaga também uma imagem de casamento e uma obrigação de monogamia muito difícil de ser sustentada na vida cotidiana. A dupla moral existe há tempos, é intrínseca ao casamento burguês e à família nuclear.

Penso que cada um tem seus motivos para trair, de forma que é imprudente generalizar ou fazer, apenas, uma conta baseada em princípios básicos de economia como a que você mesma explicitou em sua pergunta. Há tanta complexidade em cada ato humano!

A artista Sofie Calle fez uma exposição a partir de um e-mail recebido do namorado avisando sobre o fim do relacionamento. A exposição se chamou: Cuide-se. Palavras que ele usou no final do e-mail para transmitir carinho, mas, que se tornaram enigmáticas para a ela. A partir disso, Sofie mostrou o e-mail para 107 mulheres lhes perguntado o que achavam daquilo. As respostas se transformaram na exposição.

Sugiro que você pesquise o que é traição e como afeta a vida das pessoas. Cada um que tenha experimentado trair poderá lhe contar como foi o acontecimento, qual foi a experiência e, quem sabe, aplacar sua curiosidade a esse respeito. Depois, transforme esse material num livro, numa exposição, etc.

 

Canção

 

Mandaste a sombra de um beijo
Na brancura de um papel:
Tremi de susto e desejo,
Beijei chorando o papel.

No entanto, deste o teu beijo
A um homem que não amavas!
Esqueceste o meu desejo
Pelo de quem não amavas!

Da sombra daquele beijo
Que farei, se a tua boca
É dessas que sem desejo
Podem beijar outra boca?

 

Manuel Bandeira, In.: Lira dos Cinquent’anos (1940)

 

Poema escolhido por Ana Tanis, psicóloga, bacharel em letras e curadora de poesia desse blog.

 

Dica: O Paciente Inglês, filme de Anthony Minghella, baseado no romance homônimo de Michael Ondaatje. Trata-se de um grande envolvimento amoroso entre um homem e a esposa de seu melhor amigo. Nunca é fácil banalizar os grandes amores, mas é certo que os impossíveis duram eternamente.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
  • Comentários
  • Facebook

Comentários

  1. Tiago comentou em 08/11/12 at 1:46

    Acho que a questão é outra. Estamos sempre pensando em nós, de forma egoísta, esquecendo que ações como traição afetam uma outra pessoa.

    O leitor pergunta a alguém que traiu se vale a pena. Eu diria que a pergunta infinitamente mais importante é saber quanto sofrimento isso causou a quem foi traído.

    Talvez assim as pessoas entendam o quanto é errado a traição. Não por questões morais falsas, mas pela simples análise da situação e da ética da reciprocidade (você acharia “justificável” alguém te trair?).

    E concordo com a Luciana com o problema da visão “padronizada” do casamento monogâmico. Isso amarra as pessoas. Mas, de todo modo, isso NUNCA justificaria uma traição. O correto seria separar-se ou ir para um relacionamento aberto.

  2. Maria Luiza comentou em 08/11/12 at 16:25

    o problema, o problema mesmo… é que nós queremos controle !!! queremos certezas !!!
    queremos combinar tudo e que todas as partes, boas e éticamente sigam o combinado !!! E a vida não é assim, internauta.
    a gente combina que vamos brincar de casamento aberto, e temos ciúme, combina que o casamento é fechado, e temos a traição. Meu Deus que inferno nossa vida !!!

Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emaillusaddi@uol.com.br

Buscar

Busca
  • Recent posts Fale Comigo
  1. 1

    Despedida

  2. 2

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (4)

  3. 3

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (3)

  4. 4

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (2)

  5. 5

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (1)

SEE PREVIOUS POSTS

Arquivo

  • ARQUIVO DE 26/05/2010 a 11/02/2012

Sites relacionados

  • UOL - O melhor conteúdo
  • BOL - E-mail grátis
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).