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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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Transformar ressentimento em dor

Por Luciana Saddi
16/10/12 11:24

O filósofo pré-socrático, Heráclito de Éfeso (540 A.C.-470 A.C.), dizia que é preciso ser mais rápido para acalmar um ressentimento do que para apagar um incêndio. Segundo ele as consequências do (ressentimento) primeiro eram infinitamente mais perigosas. _ , que os resultados do (de um incêndio) último. (Porque) _ Um incêndio termina depois de destruir algumas casas, enquanto que o ressentimento pode causar guerras cruéis, ruina e destruição total dos povos.

No dicionário encontramos vários sentidos para Ressentir: sofrer, agastar-se, melindrar-se, ofender-se. Ressentir é também considerado início do processo de apodrecer.

O ressentimento é expressão típica dos que vivem somente no registro do direito, jamais no do dever. O ressentido transforma uma falta em necessidade de justiça e reparação integral, nada faz para tornar a vida mais justa, apenas exige ser ressarcido dos prejuízos.

Há pessoas que jamais superam a mágoa, se aferram à ela de forma tão radical que a impressão que temos é que o tempo se congelou. Presas ao passado olham apenas para trás. Sonham com vingança e humilhação, tornam-se engrenagens vivas da perigosa máquina de odiar.

O ressentido desconhece “a arte de esquecer”, vive como um ser ruminante que nunca termina de digerir e regurgitar as ofensas e injustiças. Ele também desconhece a arte de perdoar, tornando-se refém do rancor.

A paixão por denunciar, disputar e manter o sentimento de orgulho ferido transforma um machucado do passado em ferida purulenta permanente. O ressentido pretende do outro algo impossível. A partir dessa inevitável frustração ele se torna sádico e cruel. Acredita ser vítima de uma injustiça, que segundo ele, lhe dá o direito de mortificar o outro.

Para ultrapassar esse infernal sentimento é preciso enfrentar o luto e se conformar com a falta, a incompletude e a perda que fazem parte do existir. Não são causadas por um plano diabólico contra nós.

É importante acreditar que o outro é independente, que não o controlamos e construir uma autoimagem menos idealizada. Se nos vemos melhores do que os outros nosso orgulho pode sair muito ferido, até mesmo pelas menores ofensas.

Não se trata de subestimar o passado, nem de esquecer, nem de absolver superficialmente. Deve-se aceitar com ódio, dor e pena a realidade ofensiva, e também com resignação. Transformar o rancor em dor para que o passado irreversível se torne uma possibilidade de um novo começo.

 

 

 

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