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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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Gostar ou não gostar de sexo

Por Luciana Saddi
18/09/12 15:39

Internauta: Há pessoas que não gostam de sexo, por quê?

Luciana: Sim há quem não goste e há quem repudie o sexo, por despertar sentimentos de aversão e nojo. Freud ao procurar entender a mais típica doença mental de sua época, a Histeria, relacionou-a  frigidez. A moral sexual vitoriana condenava a sexualidade. Homens e mulheres sofriam educação repressora e falta de conhecimento sobre o tema – um verdadeiro tabu social. A exploração do erotismo foi condenada pelo mundo ocidental até bem pouco tempo. Embora haja mais liberdade nos dias de hoje nem todos desenvolvem interesse e gosto pelo sexo em função da angústia que ele causa.

Sexo é prazeroso, mas é angustiante também. Exige abrir mão da vergonha, do ridículo e do nojo – nem todos conseguem essa superação. Sexo é esquisito, ainda é meio proibido e meio sujo, pois os genitais estão muito próximos aos órgãos excretores. O prazer está relacionado à capacidade de entrega ao aqui e agora e à supressão da moralidade. Os mais reprimidos têm mais dificuldade em obter prazer, em relaxar e gozar. Há também uma dimensão mortífera no sexo, que assusta a gente: a convulsão extasiada do corpo leva a sensações de dissolução do Eu – o descontrole violento que o erotismo conjura o entrelaça à morte.

Considerando tudo isso e a dimensão misteriosa da sexualidade  torna-se  mais difícil entender porque tanta gente consegue gostar dessa estranha atividade  humana.

 

VIII

 

É neste mundo que te quero sentir

É o único que sei. O que me resta.

Dizer que vou te conhecer a fundo

Sem as bênçãos da carne, no depois,

Me parece a mim magra promessa.

Sentires da alma? Sim. Podem ser prodigiosos.

Mas tu sabes da delícia da carne

Dos encaixes que inventaste. De toques.

Do formoso das hastes. Das corolas.

Vês como fico pequena e tão pouco inventiva?

Haste. Corola. São palavras róseas. Mas sangram.

 

Se feitas de carne.

 

Dirás que o humano desejo 

Não te percebe as fomes. Sim, meu Senhor,

Te percebo. Mas deixa-me amar a ti, neste texto

Como os enlevos

De uma mulher que só sabe o homem.

 

Hilda Hilst, In.: Poemas malditos, gozosos e devotos, São Paulo: Editora Globo, 2009

 

Poema escolhido por Ana Tanis, psicóloga, bacharel em letras e curadora de poesia desse blog.

 

Dicas: Os filmes, Repulsao ao sexo, de Roman Polanski, A bela da tarde, de Buñuel e  Anticristo, de Lars von Trier dirigem um olhar sombrio para a  sexualidade. Talvez seja melhor deixar o monstro adormecido?

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