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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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Como delimitar o que é sexual?

Por Luciana Saddi
03/09/12 12:08

A sexualidade e o erotismo foram temas explorados pela mitologia, filosofia e literatura ao longo da história – após a antiguidade se tornaram temas malditos em função da repressão sexual exercida pela Igreja.

Na modernidade, mais precisamente no final do séc. XIX, surgem os primeiros estudos científicos, que procuram descrever e classificar o comportamento sexual e as perversões sexuais.

Em 1886 é lançado o livro de medicina forense, Psicopatia do sexo, de Krafft-Ebing um psiquiatra e neurologista alemão. Era um livro que descrevia uma série de perversões e crimes sexuais – foi muito popular na época. O autor postulava que o propósito do desejo sexual era a procriação e toda a forma de desejo que não levasse a esse objetivo era considerada uma perversão.  A homossexualidade foi debatida cientificamente pela primeira vez. Ele abordou temas pouco tratados como o orgasmo clitoriano e o prazer sexual feminino. Os termos sadismo, masoquismo e fetichismo se tornaram populares a partir desse estudo.

Dez anos depois, em 1896, Havelock Ellis, médico e psicólogo britânico estudará a homossexualidade de forma objetiva – sem caracterizá-la como doença, imoralidade ou crime. Desenvolveu os conceitos de autoerotismo e narcisismo e estudou os fenômenos denominados hoje de transgênero.

Em 1905, temos os Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, de S. Freud, onde ele aborda a dificuldade em delimitar o que é sexual. Pondera que para o senso comum basta afirmar que o sexual compreende: a diferença entre os sexos, a busca de prazer, a função reprodutora e o segredo. Afirma que é dever da ciência ultrapassar o senso comum. Ele irá compreender a sexualidade a partir do estudo das perversões sexuais, da prática psicanalítica com pacientes neuróticos e da observação de crianças.  

Suas afirmações sobre a sexualidade foram muito criticadas na época, principalmente, porque postulava haver busca de prazer desde o início da vida, e, portanto, não seria correto afirmar que a sexualidade tinha seu início na puberdade. Além disso, desfez a visão preconceituosa a respeito das perversões sexuais, afirmando que não havia grande diferença entre o que se considerava normal e anormal.

A sexualidade é formada por múltiplos fatores que conjugados darão no ato sexual. Há as zonas erógenas que são estimuladas, fantasias que contribuem para a excitação, palavras que se tornam estímulos sexuais e ações como ver, cheirar, tocar, lamber, prender, pegar e seus opostos, ser visto, ser preso etc e tal. Cada um desses componentes contribui de forma variada para a finalidade sexual. Nas perversões sexuais encontramos a primazia de um desses elementos.

Vejamos o caso do exibicionista que, apenas, se excita e goza ao mostrar seu corpo ou parte do mesmo. É que ser visto, ser admirado e desejado se torna o ato sexual completo. Um dos componentes da sexualidade toma o lugar de toda a sexualidade.

A perversão sexual é constituída pela repetição um tanto monótona, pela encenação controlada que leva a um gozo garantido.  As pessoas que não sofrem desse estreitamento não controlam todas as ações de um intercurso e nem sabem previamente o que produzirá a excitação, um dia fazem de um jeito, experimentam x ou y, outro dia, fazem de outro jeito, aceitam e procuram variação. E se angustiam pela falta de garantia do gozo – se arriscam no desconhecido.  Sendo assim, o controle, a exclusividade, a rigidez e a sobreposição intensa de um componente da sexualidade são as características estruturais do que chamamos hoje de perversão sexual.

Em linguagem poética podemos dizer que se trata de outra versão sexual.

 

 

 

 

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Comentários

  1. Antonio M de Farias comentou em 03/09/12 at 20:42

    Parabéns pela beleza de seu texto e pela quantidade de informações dadas de forma clara e sem rodeios.

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