O fumo é um ladrão do cotidiano
21/08/12 10:14Vários são os motivos que nos levam a fumar. O cigarro pode ser usado por curiosidade, pressão do grupo e influência da propaganda, que associou sedução e liberdade ao fumo.
É uma droga psicoativa, estimulante, que acelera o fluxo do pensamento e o trânsito das mensagens – deixa seu usuário mais “ligado”. O fumo serve como remédio para aliviar sensações desagradáveis: insegurança, angústia, ansiedade e até raiva. E se associa a certos hábitos repetitivos e à necessidade de manter o automatismo de algumas rotinas.
Há quem use o cigarro para dar o sinal de que a refeição terminou, para controlar o apetite, pois o fumo diminui ou tira a fome e funciona como um anorexígeno. E há quem acenda um cigarro para diminuir a timidez ou o medo. Pode funcionar como um marcador de tempo ou como um símbolo de masculinidade. Está associado ao prazer ou a diminuição do desconforto – assim como todas as drogas.
No início do uso do cigarro, o fumante escolhe quando e onde fumar. Ele controla o fumo de acordo com a ocasião. À medida que ocorre a dependência o fumante passa a ser controlado pela sensação desagradável produzida pela falta da droga. É quando a síndrome de abstinência se instala causando taquicardia, tontura e uma intensa necessidade de fumar. Ao acender um cigarro a sensação ruim passa rapidamente, produz calma. Cria-se um círculo vicioso.
O cigarro assume o controle da situação. Para cada cigarro aceso há uma necessidade física ou psicológica, uma desculpa e um roubo de vida. O fumo é um ladrão do cotidiano, de sensações, sentimentos e pensamentos, que se vão com a fumaça. Não rouba apenas a saúde.
No entanto, o fumante quer acreditar que fuma somente porque gosta – ele pensa que é livre para escolher. Todo dependente químico arruma argumentos para não perceber que está perdendo a liberdade. E resiste a obter ajuda especializada.
Os efeitos desagradáveis do uso do cigarro parecem pequenos, como perda de fôlego – a grande queixa do fumante. Mas, os prejuízos são sentidos a longo prazo, pois essa droga demora para comprometer a saúde – ela opera silenciosamente, gerando grande impacto quando os prejuízos causados pelo seu uso se revelam.
Quando o medo e angústia se tornam inegáveis, surge a possibilidade de pensar em parar de fumar. Mas, parar de fumar não é fácil, há muitas recaídas e negociações internas – dá trabalho tratar dessa dependência, pois a relação com o cigarro está entranhada nos hábitos diários.
Ao parar de fumar somos tomados por estranhas sensações físicas e psicológicas, sobra um vazio, uma falta do que fazer com as mãos e com o tempo. A sensação de não saber onde colocar o desejo é constante. Dá saudades do prazer abandonado. Em momentos de muita tensão ou quando bebemos a fissura aumenta, mas, é preciso aprender a esperar e aprender a se aguentar nessas ocasiões.
O fumo rouba a saúde lentamente, surrupia sensações, sentimentos e pensamentos cotidianos de maneira imediata. E a liberdade vai junto com a fumaça.
Não sou fumante, e tenho uma dúvida, falamos que o cigarro mata por suas toxinas, mas não podemos dizer que ele pode ser um bom remédio para stress, se cortassemos o cigarro será q a população não morreria do coração? Tudo bem que o cigarro é um fator que ajuda até a matar do coração, mas existem muitas pessoas que morrem do coração sem serem fumantes, será q se fumassem não estariam vivas, menos desestressadas, e só com pulmão poluido?
**menos estressadas**
Concordo com o Kadu!
um bom remédio, nao. Um remédio complicado, sim! Muitas drogas psicoativas sao usadas como remédio, acontece que depois colhemos efeitos colaterais muito danosos advindos dessa administracao “medicamentosa”. Quase nunca é só o pulmao poluido, assim como o alcool, levamos muitos anos para colher os maleficios provocados pelo cigarro.
Eu acho bastante confuso que em tempos tão “modenos” pessoas ainda achem que fumar é poder, ou tem tantos benefícios. Ninguém gosta de fumaça, e de repente todos fumam. Gostei muito do texto.
É o clichê de sempre. Eu, por exemplo, nunca bebi. No ritmo estressado do mundo de hoje, é um pouco de ingenuidade querer que as pessoas sejam sadias física e mentalmente. O cigarro pelo menos nos ajuda a controlar a ansiedade sem os efeitos nefastos da bebida. Não é apologia, mas eleger o cigarro como o grande vilão mundial, como está acontecendo, é expiar com o bode errado.
Sim realmente é uma mix de incapacidade e vergonha. tenho que tomar essa atitude antes que seja tarde de mais.