Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

Fale Comigo

por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

Perfil completo

O fumo é um ladrão do cotidiano

Por Luciana Saddi
21/08/12 10:14

Vários são os motivos que nos levam a fumar. O cigarro pode ser usado por curiosidade, pressão do grupo e influência da propaganda, que associou sedução e liberdade ao fumo.

É uma droga psicoativa, estimulante, que acelera o fluxo do pensamento e o trânsito das mensagens – deixa seu usuário mais “ligado”. O fumo serve como remédio para aliviar sensações desagradáveis: insegurança, angústia, ansiedade e até raiva. E se associa a certos hábitos repetitivos e à necessidade de manter o automatismo de algumas rotinas.

Há quem use o cigarro para dar o sinal de que a refeição terminou, para controlar o apetite, pois o fumo diminui ou tira a fome e funciona como um anorexígeno. E há quem acenda um cigarro para diminuir a timidez ou o medo. Pode funcionar como um marcador de tempo ou como um símbolo de masculinidade. Está associado ao prazer ou a diminuição do desconforto – assim como todas as drogas.

No início do uso do cigarro, o fumante escolhe quando e onde fumar. Ele controla o fumo de acordo com a ocasião.  À medida que ocorre a dependência o fumante passa a ser controlado pela sensação desagradável produzida pela falta da droga. É quando a síndrome de abstinência se instala causando taquicardia, tontura e uma intensa necessidade de fumar. Ao acender um cigarro a sensação ruim passa rapidamente, produz calma. Cria-se um círculo vicioso.

O cigarro assume o controle da situação. Para cada cigarro aceso há uma necessidade física ou psicológica, uma desculpa e um roubo de vida. O fumo é um ladrão do cotidiano, de sensações, sentimentos e pensamentos, que se vão com a fumaça. Não rouba apenas a saúde. 

No entanto, o fumante quer acreditar que fuma somente porque gosta – ele pensa que é livre para escolher.  Todo dependente químico arruma argumentos para não perceber que está perdendo a liberdade. E resiste a obter ajuda especializada.

Os efeitos desagradáveis do uso do cigarro parecem pequenos, como perda de fôlego – a grande queixa do fumante. Mas, os prejuízos são sentidos a longo prazo, pois essa droga demora para comprometer a saúde – ela opera silenciosamente, gerando grande impacto quando os prejuízos causados pelo seu uso se revelam.

Quando o medo e angústia se tornam inegáveis, surge a possibilidade de pensar em parar de fumar. Mas, parar de fumar não é fácil, há muitas recaídas e negociações internas – dá trabalho tratar dessa dependência, pois a relação com o cigarro está entranhada nos hábitos diários.

Ao parar de fumar somos tomados por estranhas sensações físicas e psicológicas, sobra um vazio, uma falta do que fazer com as mãos e com o tempo. A sensação de não saber onde colocar o desejo é constante. Dá saudades do prazer abandonado. Em momentos de muita tensão ou quando bebemos a fissura aumenta, mas, é preciso aprender a esperar e aprender a se aguentar nessas ocasiões.

O fumo rouba a saúde lentamente, surrupia sensações, sentimentos e pensamentos cotidianos de maneira imediata. E a liberdade vai junto com a fumaça.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
  • Comentários
  • Facebook

Comentários

  1. KAdu comentou em 21/08/12 at 12:15

    Não sou fumante, e tenho uma dúvida, falamos que o cigarro mata por suas toxinas, mas não podemos dizer que ele pode ser um bom remédio para stress, se cortassemos o cigarro será q a população não morreria do coração? Tudo bem que o cigarro é um fator que ajuda até a matar do coração, mas existem muitas pessoas que morrem do coração sem serem fumantes, será q se fumassem não estariam vivas, menos desestressadas, e só com pulmão poluido?

    • KAdu comentou em 21/08/12 at 12:16

      **menos estressadas**

    • Violeiro comentou em 21/08/12 at 18:25

      Concordo com o Kadu!

    • Luciana Saddi comentou em 21/08/12 at 19:55

      um bom remédio, nao. Um remédio complicado, sim! Muitas drogas psicoativas sao usadas como remédio, acontece que depois colhemos efeitos colaterais muito danosos advindos dessa administracao “medicamentosa”. Quase nunca é só o pulmao poluido, assim como o alcool, levamos muitos anos para colher os maleficios provocados pelo cigarro.

  2. Lalá L. comentou em 21/08/12 at 21:12

    Eu acho bastante confuso que em tempos tão “modenos” pessoas ainda achem que fumar é poder, ou tem tantos benefícios. Ninguém gosta de fumaça, e de repente todos fumam. Gostei muito do texto.

  3. Carlo comentou em 22/08/12 at 8:38

    É o clichê de sempre. Eu, por exemplo, nunca bebi. No ritmo estressado do mundo de hoje, é um pouco de ingenuidade querer que as pessoas sejam sadias física e mentalmente. O cigarro pelo menos nos ajuda a controlar a ansiedade sem os efeitos nefastos da bebida. Não é apologia, mas eleger o cigarro como o grande vilão mundial, como está acontecendo, é expiar com o bode errado.

  4. ANGELA MATOS comentou em 22/08/12 at 9:47

    Sim realmente é uma mix de incapacidade e vergonha. tenho que tomar essa atitude antes que seja tarde de mais.

Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emaillusaddi@uol.com.br

Buscar

Busca
  • Recent posts Fale Comigo
  1. 1

    Despedida

  2. 2

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (4)

  3. 3

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (3)

  4. 4

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (2)

  5. 5

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (1)

SEE PREVIOUS POSTS

Arquivo

  • ARQUIVO DE 26/05/2010 a 11/02/2012

Sites relacionados

  • UOL - O melhor conteúdo
  • BOL - E-mail grátis
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).