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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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Bebês se comportam como tiranos - birra

Por Luciana Saddi
16/07/12 11:21

TODO BEBÊ ACREDITA que é o centro do universo.

Ele se sente incomodado, chora e, imediatamente, alguém aparece para resolver o problema. O bebê não nota que a solução para qualquer mal estar dele vem de uma ação realizada pelo outro. Ele acredita que magicamente, por meio do choro,  solucionou o mal estar ou a falta que sentia.

A dependência que é condição essencial do bebê e da criança bem pequena é percebida apenas pelo adulto, não é notada pelo bebê.  Assim, no inicio da vida,  acreditamos que somos capazes de tudo e nos comportamos como se fossemos majestades, imperadores e tiranos.

Porém, quando a frustração ou o incômodo se impõem sem possibilidade de solução, gerando dor e ódio a crença mágica de autossuficiência do bebê fica afetada.

Para uma criança pequena a fome, as dores provocadas por alguma doença e as vontades não satisfeitas causam sensações físicas ruins, perturbam e precisam ser descartadas.

A birra é isso. A criança é tomada por uma sensação desagradável, então se debate, esperneia, se joga no chão ou tranca a boca para se livrar do sofrimento em seu corpo. Um acesso intenso de ódio e dor que precisa ser descarregado pelo corpo para não prejudicar ainda mais o funcionamento psíquico da criança.

Acredito que se ela pudesse falar diria algo assim: não posso comer, não posso fazer nada, pois está doendo muito, vou morrer. Estou cheio de ódio, ódio de você e de mim. Ou seja, a criança não sabe como lidar nem como nomear o que está sentindo. Por isso ela age de forma intensa.

Os adultos podem lidar com isso de outra maneira, podem conter a criança fisicamente, compreender a situação e nomear para ela o que acreditam que esteja acontecendo. Evidenciar os motivos desse ataque de fúria pode gerar alívio e compreensão. Essa atitude diminui a vivência de angústia e de terror da criança.

Culpar a criança dizendo que ela é má quando se debate e esperneia, quando se joga no chão ou tranca a boca – nos momentos de birra – ou castigar não gera desenvolvimento.

A criança tende a se identificar com acusações, se sente culpada pelos rompantes e pelo descontrole emocional, pode acreditar que realmente não é boa, se submeter aos castigos a fim de compensar os pais para, novamente, quando estiver em situação de sofrimento explodir.  Cria-se um círculo vicioso. Acusações e castigos severos geram medo e ódio, não são instrumentos adequados para desenvolver recursos para lidar com frustrações.

Com o tempo ela pode aprender a controlar os pais, por meio de seus ataques, para obter certas vantagens, pois é comum que adultos se assustem com as reações intensas da birra. Vantagens e mimos não ajudam a criança a enfrentar dificuldades nem fortalecem ninguém.

 

 

 

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Comentários

  1. cintia comentou em 16/07/12 at 11:39

    “birrra” não pode ser… no máximo, “birra”. rs

    • Luciana Saddi comentou em 16/07/12 at 14:00

      opa, desculpa!

  2. Luciana Moraes comentou em 18/07/12 at 13:44

    Acho sempre bacana esse tom de “acalmar” os pais. Às vezes parece que se esquece o básico: é uma criança, e ela precisa de você para aprender estar no mundo e assim encontrar o seu lugar! Se ninguém ensinar, com amor, ela não vai saber mesmo…

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