Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

Fale Comigo

por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

Perfil completo

FIBROMIALGIA

Por Luciana Saddi
04/07/12 10:23

O termo, fibromialgia, refere-se a uma condição dolorosa, generalizada e crônica. Um distúrbio no processamento da dor, seguido de uma série de manifestações clínicas como fadiga, insônia, indisposição, dores generalizadas ou específicas e um estado depressivo constante.  Esses sinais são os mais importantes na hora de se fazer um diagnóstico e, muitas vezes, encontram-se associados aos quadros de histeria, ansiedade e depressão.

A fibromialgia é considerada uma doença psicossomática. Isso quer dizer que os fatores psicoafetivos são determinantes para o desencadeamento do adoecer. Fatores como herança genética e estilo de vida também contam em qualquer tipo de adoecimento, é claro, mas a forma de lidar com as emoções, os traumas e os sentimentos de: abandono, rejeicao, culpa, medo e fragilidade se tornam centrais em quadros psicossomáticos.

Falamos de situações que geram tamanho impacto emocional, que não cabem no individuo, nem encontram formas de expressão. Situações que não podem ser digeridas, pois são inomináveis e carecem de possibilidade de pensar.  Sofrimentos que se calam ou acontecimentos que enquistam, mas que retornam em forma de dores constantes, fraqueza ou insônia. Esses sinais são a porta de entrada para o início do tratamento.  

A dificuldade em processar as experiências dolorosas e traumáticas se volta contra o corpo dos que sofrem com a fibromialgia, por isso as dores crônicas e os sintomas incapacitantes. A vida psíquica se restringe violentamente – quase não há lugar para as iniciativas, apenas falta de vontade com a vida e falta de curiosidade. 

Observamos que alguns dos pacientes diagnosticados como fibromiálgicos apresentam uma considerável melancolia e ressentimento, carregados de muita dor mental.

Eles se apegam a nomenclaturas diagnósticas, como por exemplo, sou depressivo, tenho fibromialgia, e acreditam que não há como alterar essa situação. Temem qualquer mudança e se conformam de bom grado com a doença, pois mudar significa enfrentar e conhecer sentimentos, dúvidas, angústias e sonhos. Recusam-se a estes confrontos e se sentem protegidos da vida pela dor, que justifica a paralisia. O quadro chega a ser assustador em alguns casos, pois a dor aparece com tal intensidade que pode impedir qualquer movimento físico.  Proporcionalmente, há paralisia dos movimentos mentais.  

O tratamento deve associar acompanhamento médico, administração de medicamentos e processo psicoterapêutico.  

A medicação pode diminuir a apatia e as dores, possibilitar a convivência no ambiente familiar, embora não deva ser administrada para favorecer o entorpecimento do individuo. Nesses casos é importante que o paciente possa sentir seus próprios sinais emocionais, mesmo que tênues.  Uma dose de dor é necessária para gerar mobilização em busca de crescimento e de conforto.

A psicoterapia também deve ser considerada em função das dificuldades emocionais que causaram esse estado e para auxiliar o individuo a lidar com os prejuízos decorrentes de um quadro tão incapacitante. O processo terapêutico é lento, pois a tolerância à dor mental é muito pequena. É preciso cautela no trato das emoções desses pacientes pelo grau de vulnerabilidade afetiva que já descrevemos.

Eis um dos desafios do tratamento da fibromialgia, pois ela problematiza a questão de qual a quantidade de dor que favorece a vida ou que gera a morte.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
  • Comentários
  • Facebook

Comentários

  1. Acelma Andrade comentou em 04/07/12 at 13:28

    Sofro desta síndrome há 06 anos e fui diagnosticada apenas há dois, comei pelos antidepressivos e pari por aí mesmo descobri uma Terapeuta Isa Morais e faço acupuntura semanalmente é o que ajuda a sobreviver.

  2. Ana comentou em 05/07/12 at 7:13

    Sou portadora de fibromialgia há doze anos diagnosticado, e a dor é REAL! Além do sofrimento causado por essa doença, tenho que conviver com essa falta de informação sobre a fibromialgia. Muito irresponsável a forma como foi analisada a dor do fibromialgico, por Luciana Saddi. Sugiro ler o artigo postado neste link, e depois procurar se informar com os médicos entrevistados, antes de escrever algo tão fora da realidade. A fibromialgia, não é uma doença psicossomática. A fibromialgia é doença física, causada por desordem no sistema nervoso central.

    Lamentável, estou indignada.

    http://saude.abril.com.br/edicoes/0309/medicina/conteudo_430849.shtml

  3. Cristina de Oliveira comentou em 05/07/12 at 8:41

    Dizer que “…(os pacientes) se apegam a nomenclaturas diagnosticas, temem qualquer mudanca e se conformam de bom grado com a doenca ….recusam-se a esses confrontos (?)e se sentem protegidos da vida pela dor…” é um reducionismo e um retrocesso do fazer científico e do pensamento clínico.

  4. Sandra Santos comentou em 15/07/12 at 15:16

    Por favor cara Luciana Saddi, atualize-se!
    Leia em nosso blog, material recente falando que “”Fibromialgia é Doença Sim!”, publicado por médicos de renome na área de reumatologia e de medicina diagnóstica. Aliás, esse é um dos trabalhos publicados, porque muitos outros já falam da alteração do cérebro detectado em tomografia funcional. Não publique algo que nem os pesquisadores ainda têm certeza! A não ser que você já queira publicar em revista médica seus trabalhos dando fim a pesquisa sobre a causa e quem sabe a cura para a Fibromialgia. Seguindo sua linha de pensamento, como vc justificaria os casos de Fibromialgia em crianças?
    Leia em : http://abrafibro.blogspot.com.br/2012/07/fibromialgia-e-doenca-sim.html

  5. Fabiana Rocha comentou em 14/08/12 at 11:02

    Não posso aceitar que a afirmação sobre a fibromialgia ser psicossomática. Não existe prova científica é apenas uma afirmação com abordagem filosófica. Acredito que tenha muitos sintomas psicossomáticos inerentes a extrema dor que as pessoas sentem relacionadas ao ambiente e a situações impostas por outras pessoas aos quais não podemos interferir muito menos mudar o modo de vida alheio. As pesquisas na área de neurologia, neurociência e genética não podem ser deixadas de lado. É uma doença muito séria. O ambiente é opressor e insalubre, o cérebro está hiper estimulado, não acredito em exercícios de dessensibilização do SNC, tratamentos alternativos são úteis, mas nenhum tratamento deixa a pessoa totalmente sem dor. Afirmo isto, pois tenho fibromialgia desde a infância, recorri a vários especialistas e métodos alternativos. Faço tratamento multidisciplinar, adoro minha terapeuta. Acho de grande importância e contribuição a indicação de psicoterapia nos casos de fibromialgia. Mas a fibromialgia é um problema neurológico e claro com associações psicossomáticas. Mas ninguém, em nenhum lugar do mundo descobriu a causa. Portanto, impossível afirmar de fato que é de causa psicossomática!

  6. Silvia Erdos comentou em 15/08/12 at 19:26

    A fibromialgia é um desafio para todos os profissionais; ortopedistas, psiquiatras, psicanalistas reumatologistas etc…
    Como psicanalista defendo a hipotese de que mente e corpo andam juntos e se auxiliam mutuamente no alivio das nossas angustias. Não hã tantas pesquisas no assunto,porém medicos e terapeutas tem se associado para tentar achar uma soluçnao que aumente a qualidade de vida. A dor é real, o fato de esta relacionada ao emocional,nao significa que não exista.
    A associação da medicina com psicoterapia tem dado resultados satisfatorios na qualidade de vida , mas não cura. Existem muitas hipotese quanto as possibilidades de melhoras ou a origem da doença. Mas, enfatizo que a questão mais importante é a qualidade de vida que é perdida.

  7. Tati comentou em 31/08/12 at 15:08

    Ainda bem q existem pessoas como Ana, Cristina e Sandra p lembrar a Sra Luciana q é necessário conhecer bem o assunto antes de falar sb ele. Se ela sentisse as dores da fibromialgia como eu sinto há anos, não falaria dessa maneira. Reducionismo é elogio… É falta de respeito mesmo !

Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emaillusaddi@uol.com.br

Buscar

Busca
  • Recent posts Fale Comigo
  1. 1

    Despedida

  2. 2

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (4)

  3. 3

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (3)

  4. 4

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (2)

  5. 5

    CRÔNICA SENTIMENTAL EM UM TEMPO DE TODOS (1)

SEE PREVIOUS POSTS

Arquivo

  • ARQUIVO DE 26/05/2010 a 11/02/2012

Sites relacionados

  • UOL - O melhor conteúdo
  • BOL - E-mail grátis
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).