POEMAS – ROBERTO BOLAÑO
29/06/12 10:06Os detetives perdidos
Os detetives perdidos na cidade sombria
Ouvi seus gemidos
Ouvi seus passos no Teatro da Juventude
Uma voz que avança como uma flecha
Sombra de cafés e parques
Frequentados na adolescência
Os detetives que observam
Suas mãos abertas
O destino manchado com o próprio sangue
E você não pode nem sequer lembrar
Onde estava a ferida
Os rostos que uma vez amou
A mulher que te salvou a vida.
Os detetives frios
Sonhei com detetives frios, detetives latino-americanos
que queriam manter os olhos abertos
no meio do sonho.
Sonhei com crimes horríveis e com tipos cuidadosos
que procuravam não pisar nas poças de sangue
e ao mesmo tempo compreender com uma só olhada
o cenário do crime.
Sonhei com detetives perdidos
no espelho convexo dos Arnolfini:
nossa época, nossas esperanças,
nossos modelos de Espanto.
Poemas extraídos de Los perros románticos, Roberto Bolaño
Zarautz: Editora Fundación Social y Cultural Kutxa, 1995.
Tradução de Eric Ferreira Dantas
www.ericferreiradantas.blogspot.com
Seu primeiro livro “9 contos de Abril” já está sendo divulgado no site da Editora Patuá www.editorapatua.com.br
No mesmo site na “página do autor” é possível ler trechos dos contos.
lindo!