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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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Sensualidade feminina

Por Luciana Saddi
27/06/12 10:00

Internauta: Por que as mulheres, hoje, abusam tanto da sensualidade? Esse fenômeno se consolidou como uma nova forma de emancipação feminina na segunda metade do século XX, mas a mulher parece que perdeu a sua identidade, passou a ser escrava do erotismo exacerbado, elas buscam satisfazer o seu ego. Quando estou nas ruas observo as indumentárias femininas, usam calcas apertadas, blusas decotadas e curtas, minissaias, shorts cottons etc. Parece que querem ser vistas e chamar a atenção dos olhares masculinos. Se sentem bem quando outros homens a desejam, mesmo quando mantêm relacionamentos estáveis com seus maridos ou namorados.  Do ponto de vista da Psicanálise como explicar esse comportamento feminino?

Luciana: O corpo feminino foi objeto de grande repressão e controle social por séculos. Causa de guerras, destruição e morte. O demônio a perturbar o desejo masculino. Seu enorme poder está liberado, em parte, para as mulheres ocidentais.

É muito prazeroso ser desejada. Isso significa poder. Algumas mulheres se preocupam muito com o próprio poder de fogo – funcionam com um circuito de baixa voltagem de excitação sexual constante. Para uma sociedade narcisista causar desejo e inveja é sinal de poder redobrado. No entanto, se você prestar atenção, perceberá que a lógica da repressão sexual migrou para o controle da alimentação e para os ideais de beleza massificados.

Pensamos que somos livres para usufruir dos prazeres, em parte sim, pois sexo já não é sinônimo de pecado, mas nos enredamos na mentira de buscar um corpo perfeito aprisionado numa imagem. Corpo e imagem se confundiram na pós-modernidade.

As mulheres parecem presas a modelos de sedução “comprados” por atacado, com pouca chance de desenvolver erotismo e beleza próprios. O mal – estar permanece!

 

DIVÃ

 

ganhei os seios

perdi a cabeça

 

Julia de Souza

 

Poema escolhido por Ana Tanis, psicóloga, bacharel em letras e curadora de poesia desse blog.

 

Dica: Não Sou de Confiança, primeiro romance de Vânia Reis. Acompanhamos a linda história de uma criança sábia se transformando em garota perdida na juventude e, depois, em mulher. Observamos a personagem apropriar-se do corpo feminino e da sexualidade. Jogar com o desejo dos homens passa a ser um de seus trunfos.

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Comentários

  1. Jorge Xerxes comentou em 27/06/12 at 18:34

    Luciana,

    Gostei do Artigo: tanto da pergunta, quanto da resposta!

    “funcionam com um circuito de baixa voltagem de excitação sexual constante” – ótima metafora.

    “…nos enredamos na mentira de buscar um corpo perfeito aprisionado numa imagem.”

    Nesse ponto, acredito poder contribuir com a minha opinião – apesar de ser pessoal e saber que há enorme diversidade de opiniões:

    Acho mais atraentes as mulheres que sabem conviver de uma forma saudável com a maturidade, sem exageros nos cuidados com a estética; e o ‘chassi de grilo’ das modelos nas capas das revistas me parece bem menos interessante que o corpo da mulher mais encorpada, tipicamente brasileira.

    Não entendo, portanto, porque tantas mulheres se deixam seduzir pelos modismos e pela imagem massificadora projetada pela mídia capitalista.

    Elegante é a mulher autêntica.

    • Luciana Saddi comentou em 27/06/12 at 21:02

      concordo com voce, mas quanto mais insegura e jovem, mais presa desse modismo! A moralidade migrou do sexo para a comida e o corpo magro perfeito se transformou num ideal social importante, mais do que a saúde e talvez, tanto quanto o dinheiro. Todos lucram muito com isso, muito mesmo. Vivemos num mundo totalitário!

      Li seu livro, Para pescar a Lua, achei muito bom. vou escrever algo no meu blog sobre ele em breve!

  2. Jorge Xerxes comentou em 28/06/12 at 11:05

    Luciana,

    Excelente!

    “A moralidade migrou do sexo para a comida e o corpo magro perfeito se transformou num ideal social importante, mais do que a saúde e talvez, tanto quanto o dinheiro. Todos lucram muito com isso, muito mesmo.”

    Mas permita-me divagar um pouco…

    A classe dominante lucra muito com isso, muito mesmo.

    As companhias se fundem, o que só faz aumentar a concentração de renda e a padronização.

    Mas a grande maioria das Criaturas sofre pela massificação e pela falta de sentido em suas vidas, pois são tratadas como engrenagens de uma máquina.

    Paulo Freire, acho que foi ele, disse: “o Brasil é um moinho de gentes”.

    Acontece que esta ao alcance de cada um de nós romper com esse amor/dependência pelo conformismo – sendo conforme com o meio onde habito sinto-me como parte do todo.

    Transcendendo a percepção de ser um com um todo podre, cada um poder ser um com sua essência. E o amor contagia, digo, se uma criatura está em consonância com os seus ideias sinceros, ela emana as boas vibrações, é naturalmente querida – independente de ser alta, baixa, magra, gorda, cabeluda ou careca (eu acho).

    (Ficarei super contente e me sentirei honrado com uma crítica <<>> Para Pescar a Lua)

    Beijo!

    • Luciana Saddi comentou em 28/06/12 at 14:54

      sao tratadas e se tratam como engrenagens! A psicanalise trabalha no sentido da singularidade/individuacao. O mundo atual no sentido da massificacao! bj

  3. Jorge Xerxes comentou em 28/06/12 at 14:29

    Corrigindo os créditos: “Por isso mesmo, o Brasil sempre foi, ainda é, um moinho de gastar gentes.Construímo-nos queimando milhões de índios. Depois, queimamos milhões de negros.Atualmente, estamos queimando, desgastando milhões de mestiços brasileiros, na produção não do que eles consomem, mas do que dá lucro às classes empresariais.” DARCY RIBEIRO, em O Povo Brasileiro.

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