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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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Ciúme patológico e a projeção

Por Luciana Saddi
26/06/12 10:00

A projeção é usada desde a infância, encontra-se na base da interação com a realidade, pois é comum atribuirmos ao mundo  nossos interesses, aptidões, sentimentos e anseios. Um homem de negócios tende a considerar o mundo como um grande mercado e as pessoas como objetos para compra e venda. Uma mulher bem humorada pode ver a vida em cor de rosa. Um cara deprimido costuma contar histórias trágicas, relatar casos de doença, de pobreza e temer o fim do mundo com maior frequência do que uma pessoa que não se encontra nesse estado de espírito. Vemos as coisas de acordo com o que somos. Nossa identidade se confunde com a realidade.

A projeção se torna um mecanismo de defesa psíquica quando visa nos resguardar de idéias insuportáveis ou sentimentos descabidos. Seu objetivo é preservar a boa imagem que fazemos de nós.

É uma operação mental pela qual o sujeito expulsa, rejeita de si e localiza no outro sentimentos, desejos e características que, frequentemente, desdenha ou recusa ter.

É fácil de observar nas crianças pequenas que atribuem aos animais qualidades delas mesmas.

Uma garotinha briguenta, que batia em seus colegas de classe e maltratava seus cuidadores se assusta ao olhar a foto de um cachorro, afirmando que o cão é bravo e que teme ser mordida. Ela deslocou para a foto do animal aquilo que costumava fazer com os outros.

Os jovens que praticam o bullying e que atacam as minorias utilizam a mesma operação psíquica, projetam em pessoas ou grupos as características que odeiam possuir. Perseguem da mesma forma como um Paranóico se sente perseguido. Aliás, a projeção está na base da Paranóia e na base de todos os preconceitos.

É que é mais fácil fugir de um perigo externo do que modificar um impulso interno angustiante ou inaceitável, por isso o impulso é projetado no outro e sempre se renova. Pois não se trata do que os outros fazem com o paranóico, e sim, o que ele faz, pensa e sente.

Nos relacionamentos amorosos, o mecanismo é chamado de ciúmes patológico e acontece quando o indivíduo defende-se de seus próprios desejos de infidelidade imputando ao parceiro a infidelidade. Essa operação de imputar os próprios desejos pode ser tão bem executada que costuma levar alguns parceiros a duvidar deles mesmos. De alguma forma inexplicável, o ciumento patológico consegue juntar observações, lembrar cenas e acusações que resvalam em alguma verdade inconsciente do outro, mas não nos fatos.  Assim, ele desloca para o inconsciente do outro aquilo que habita nele e desvia a atenção do seu próprio inconsciente. Sente-se aliviado, pois, agride o outro para não se agredir. E ao mesmo tempo descarrega os sentimentos proibidos que causam angústia e ansiedade.

O autoconhecimento e a capacidade de discriminar o que é interno do que é externo minimiza a ação desse terrível mecanismo.

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Comentários

  1. Nicolau comentou em 26/06/12 at 20:14

    Um tanto superficial esta análise freudiana. O que se verifica em crianças que têm medo de cães, geralmente, é outro tipo de projeção. É o medo do próprio pai muito rigoroso ou mesmo violento, ou da imago paterna, no caso de pai morto ou desaparecido.

  2. Igor comentou em 27/06/12 at 10:37

    Realmente é isso..

  3. Ana Maria Araújo comentou em 27/06/12 at 13:06

    Excelente artigo!
    Esclarece de forma objetiva a projeção das pessoas com relação aos seus próprios sentimentos. Recomendo a leitura!

  4. Barros Filho comentou em 27/06/12 at 13:11

    Concordo plenamente com esta análise…É exatamente assim que se comporta o ciumento patológico. Sei porque já passei por essa experiência, não como autor e sim como vítima…É uma situação horrorosa!!!!!!!!!!

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