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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

Perfil completo

Devoração - a posse radical

Por Luciana Saddi
09/05/12 10:10

Internauta: Meu namorado tem uma filha com outra mulher, que nunca foi sua namorada – ela estava fazendo tratamento para engravidar durante o período em que ficou com ele, mas nunca tocou no assunto.

É difícil não julgar – e a menina que não tem nada a ver com isso é quem mais sai prejudicada. Tentei conviver de acordo com as regras da mãe, já que a guarda lhe pertence, mas não consegui.

Sinto como se a filha dele tivesse atravessado a minha história, sei que estou errada, mesmo assim é bem difícil superar. Como fazer para sentir menos rancor de uma situação que não é minha?

Luciana: Isso só ocorrerá quando você desistir de querer controlar a vida dos outros ou a sua. Não é possível possuir ninguém nem mesmo o namorado. A não ser que você o devore e o tenha preso nas suas entranhas, mesmo assim não será mais o seu namorado, será a carne dele. Ou que o prenda numa jaula no porão de sua casa, mas o encarceramento deverá ocorrer antes que ele tenha se tornado alguém capaz de ter vida própria, caso contrário você se sentirá excluída de seu passado.

Nem os filhos, por mais dependentes que sejam, são posse de seus pais. Todos têm vida própria, passado e história singular. E você também.

Poderia abrir mão de você mesma e do que viveu, deixar de ser quem é, se travestir de uma personagem para agradar um namorado? Mesmo que fizesse isso, conseguiria ser, inteiramente a fantasia de alguém? E por quanto tempo?

Sonhos de uma vida ideal atrapalham a vida possível.

 

objeto

do meu mais desesperado desejo

não seja aquilo

por quem ardo e não vejo

 

seja a estrela que me beija

oriente que me reja

azul amor beleza

 

faça qualquer coisa

mas pelo amor de deus

ou de nós dois

seja

Paulo Leminski, In.: Caprichos & Relaxos, Editora Brasiliense, 1983 (Primeira edição)

Poema escolhido por Ana Tanis, psicóloga, bacharel em letras e curadora de poesia desse blog.

Dica: O colecionador, filme de Willian Wyler e o filme, Encaixotando Helena, de Jennifer Chambers Lynch. Se você ainda quer possuir alguém, veja a bizarrice do seu desejo nesses filmes. E lembre-se que esse é um dos mais primitivos desejos humanos – todos os bebês passam por isso.

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Comentários

  1. Simone comentou em 09/05/12 at 11:45

    Maravilhoso esse post Luciana! Amplificado pelas dicas de filmes e a poesia do Leminski, ficou fantástico!

  2. Noêmia Custódio da Silva comentou em 09/05/12 at 14:08

    Luciana,achei perfeita todas as comparações que vc fez!!!Afinal de contas,só temos uma vida de cada vez e,porque temos que nos incomodarmos justamente com a dos outros e pior,pela de que dizemos amar???Espero que essa leitora tenha entendido tudinho!!!

  3. Mônica Santos comentou em 09/05/12 at 15:03

    Teria sido tão mais fácil se eu tivesse consciência dessa impossibilidade de posse antes. Como disse uma outra vez, seu blog me ajudou bastante nesse processo.

  4. Isabel comentou em 10/05/12 at 8:47

    Sei bem como é difícil encontrar um caminho! Agora, um espaço na vida de alguém, nem se fala! Quantas vezes temos o hábito de enquadrar as pessoas nos moldes que definimos a priori como sendo os melhores… perdemos nosso tempo esperando respostas que jamais virão porque cada pessoa é uma pessoa, não há regras, escolhemos nosso destino. Desamparados, somos responsáveis pelo que somos, para o bem ou para o mal. Obrigada Luciana, você tem muito bom senso!

  5. Luciana Saddi comentou em 11/05/12 at 16:35

    Viver é a arte de transformar limao em limonada!

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