Interpretações do Sonho
07/05/12 10:40Sobre os sonhos Herrmann (1979) afirma que este arrasta para a área de mistério a vida desperta e diz:
…um sonho talvez se sonhe continuamente, até que a manifestação onírica lhe dê oportunidade de expor-se, a nós, sonhadores relutantes, de despertarmos dele. Ganha o sonho, com a Psicanálise, uma via para penetrar novamente o quotidiano dos homens, em nossa época científico-tecnológica, recuperando-se da dimensão onírica da vida quotidiana, novo campo que liga o banal, pelo cordão umbilical dos sonhos, ao incessantemente renovado mistério da origem do pensamento. (p. 323)
Em outra passagem Herrmann (1991) coloca que:
…o sonho aberto, essa história visual que se vive de noite e se conta de dia, é a oportunidade para sair de um sonho, da surda corrente subterrânea dos temas de que o sonho trata, cuja lógica preside ocultamente a vigília, até que se possa manifestar num episódio constituído, ganhando estatuto de consciência: o sonho é o despertar de um sonho. (p. 116)
Em outro ponto do livro Andaimes do Real, Herrmann (1979, p.320) argumenta que, se Freud não descobriu os segredos dos sonhos, criou, certamente, um novo campo, o da compreensão da vida desperta a partir dos sonhos.
Partindo dessas três afirmações podemos pensar que Herrmann (1979) problematiza o estatuto da consciência, do que chamamos de vida desperta ou vigília, enquanto instância psíquica. Essa se apresenta em forma de um sonho oculto, multideterminado por temas e campos, oriundo de um processo misterioso: o pensamento. O sonho noturno seria a presentificaçao desse processo, como a chuva (outra de suas metáforas para o sonho) que é consequência de um movimento contínuo de evaporação e de tantos conjuntos de elementos estudados pela metereologia.
HERRMANN, F. (1979) Andaimes do real: O método da psicanálise. São Paulo, Casa do Psicólogo, 3 ª ed., 2001ª.
HERRMANN, F. (1991). Clínica psicanalítica: a arte da interpretação. São Paulo, Brasiliense, 2 ed., 1ª reimpressão, 1997.