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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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Duas notas sobre o caráter ilusório da arte

Por Luciana Saddi
02/05/12 10:32

Escrito por Edgard Rodriguez de Souza

(1) Um dia, inesquecível, na infância, descobri, enquanto desenhava, as linhas diagonais, e com elas como criar a ilusão de profundidade no espaço bidimensional da folha de papel. Mais tarde estudei perspectiva, luz e sombra, aprendendo de maneira mais consistente e definitiva a criar a ilusão de volume e profundidade, sobre realidade física, bidimensional, da folha de papel ou da tela. Nesse breve relato fica assinalado o caráter ilusório, mágico, da expressão artistica; e ilusão não tem aqui o sentido comum, perjorativo, mas mágico; e essa mágica significa algum tipo de poder  sobre a realidade. Sendo uma conquista humana em termos de linguagem, a ilusão na arte é valiosa, tanto para quem a pratica, como para quem a compartilha.

(2) No romance “Fim de caso” de Graham Greene, o personagem Maurice Bendrix, numa noite fria, de chuva, vê Henry Miles andando  sem qualquer proteção. Miles é um homem de posição social, gosta do conforto, é difícil acreditar vê-lo caminhando na chuva. Como os dois se conhecem acabam se recolhendo para conversar. Miles revela que está angustiado devido ao comportamento de sua mulher Sarah, que faz furtivos e misteriosos passeios. Envergonhado confessa a Bendrix, que chegou a pensar em contratar um detetive para segui-la, mas que não teve coragem. Bendrix foi amante de Sarah; ela o abandonou, ele está consumido pelo ciúme, porque acredita que ela tem outro homem e engana ele e o marido (que já enganava). Ele toma a decisão de contratar o detetive sem que Miles saiba. Quando, na metade do livro, o detetive rouba o diário de Sarah entrega a Bendrix e ele o abre, temos, junto com ele, a cada dia, o registro da versão de Sarah sobre tudo que aconteceu e acontece entre eles todos.

Ao ler “Fim de Caso”, desde o seu inicio já não estamos mais apenas em nosso mundo real; estaremos também, virtualmente, no Common, nos arredores de Londres e de lá — onde ansiamos estar a cada hora que temos a oportunidade de pegar o livro — não queremos sair, para ver onde essa história (pungente) nos levará.

Assim, temos, em outro meio de expressão, novamente, o caráter ilusório, a magia da arte: uma aventura para nós leitores, que nos emociona (às vez mais do que a nossa própria vida real) mas que sabemos não trazer os riscos concretos das nossas experiências reais. È, mais uma vez, o poder da linguagem humana, em sua dimensão artística, a ser compartilhado por todos seres humanos leitores.

 

 

 

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