Morte e perdas na vida das crianças
18/04/12 11:01
Crianças não podem ser privadas de enfrentar experiências dolorosas de perda nem de morte. O sentimento de segurança se desenvolve à medida que nos tornamos capazes de agüentar aflição e pesar.
Alguns adultos acreditam que as crianças são frágeis e desmoronam diante da adversidade, por isso pintam o mundo de cor-de-rosa. Essa medida deve ser usada com discernimento, pois a mentira gera fragilidade e empobrece a criança.
Pode-se aprender a lidar com situações e sentimentos difíceis, mas evitar a realidade é impossível. Não há medida protetora contra o próprio desenrolar da vida. As faltas e as perdas fazem parte do processo de viver.
Desde que somos bebê enfrentamos uma sucessão de perdas.
A primeira experiência dolorosa é o nascimento. Nunca vimos um bebe nascer sorrindo, eles choram e berram ao nascer – o que é considerado saudável. Precisam respirar, talvez sintam frio e fome. A vida no útero parecia ser menos exigente com eles. Por isso muitos psicanalistas atribuem um sentido traumático a esse momento.
Depois vem o desmame – alguns bebês sofrem muito nessa etapa, regridem e emagrecem. Há dificuldade de adaptação ao novo sistema alimentar e pesar pelo distanciamento com a mãe.
A próxima perda ocorre na fase de aprender a fazer xixi e cocô na privada. As crianças pequenas costumam gostar de seus produtos corporais, por isso sofrem quando esses passam a ser repudiados socialmente. A sensação de perda é intensa, pois perdem o amor incondicional dos pais que exigem que tenham controle e disciplina sobre a urina e os excrementos.
Daí vem a entrada na escola, quando a criança precisa enfrentar novas dificuldades. No processo de socialização ela aprende a negociar, ceder, fazer trocas, em fim, lidar com perdas. No processo de aprendizagem, a criança descobre que não sabe tudo e que precisa se esforçar para aprender.
Viver é enfrentar uma sucessão de perdas e de faltas. Cada etapa leva a um tipo de crise. Surgem sentimentos fortes e conflitantes que precisam ser digeridos pela criança.
Os pais são modelos para os filhos. Quando se apavoram com os sentimentos dolorosos da criança passam uma imagem de fragilidade a elas – e os filhos se espelham nisso.
Na morte de parentes próximos essas dificuldades se revelam de forma ainda mais aguda, por isso é preciso contar a verdade para a criança e acompanhar suas reações.
Algumas fazem de conta que nada está acontecendo, falam pouco do assunto outras reagem de maneira violenta, são tomadas pelo ódio, pois acreditam que foram abandonadas.
O processo de conformação à realidade pode ser longo. Períodos de luto e tristeza fazem parte do caminho, assim como momentos de agitação e euforia. Os cuidadores devem garantir a presença e o amor para que a criança possa reconstruir seu mundo e o sentimento de confiança.
Luciana,
Tenho um sobrinho de 15 anos, aos 11 a mãe dele faleceu e ele quem encontrou ela morta. Ele já nao tinha pai que e um desses que nao conhece o sentido desta palavra muito menos a função.
Ele recebe muito amor dos tios e avos, que já nao sabem mais como cria lo, os avos, pois ele começou a fumar maconha , e muito quieto fala muito pouco e nao aceitou ir para a psicóloga. Nos nao sabemos direito como lidar. Achamos agora que talvez ele vindo morar com a madrinha , minha irmã, pode aproximar ele da gente, pois para os meus pais esta difícil acompanhar a adolescência dele que sofreu tanta perda. As vezes parece que uma revolta esta vindo a tona e temo as escolhas dele e como lidar com isso. Sua opinião pode ajudar. Abraços
A adolescência é um período difícil. Jovens experimentam drogas, desafiam limites, entram em crise. Procure alguns post ou podcasts meus sobre esse tema para que vc entenda melhor esse período complicado. As famílias devem procurar ajuda especializada quando os recursos para lidar com essa turbulência se esgotam. Há terapeutas de família que podem orientar vcs nesse momento. Uma orientacao por correpondência nao funciona bem.
muito boa a ideia