Quando há um desastre de carros na estrada você se pergunta de quem é a culpa ou procura socorrer as vítimas? O escritor israelense, Amós Oz, usou essa metáfora para ilustrar sua posição em relação aos conflitos entre árabes e israelenses. Ele é do tipo que socorre as vítimas em primeiro lugar. Eu também, depois penso em como evitar esse tipo de sofrimento e daí imagino a necessidade de uma equipe para estudar as condições de produção do acidente para verificar as condições de condução da estrada e os materiais utilizados em sua construção, a situação dos carros e a habilidade dos motoristas envolvidos. Peritos, juízes, investigadores, cientistas, psicólogos, médicos e muitos outros profissionais são envolvidos em cada etapa do fatídico acontecimento, desde o resgate dos acidentados até a finalização de um amplo processo de investigação com vistas a prevenção de acidentes.

Na questão das doenças que afetam o desenvolvimento de crianças a pergunta também é cabível. Conhecer como as variáveis ambientais e orgânicas atuam nos quadros (tão variados) e em cada caso particular do espectro autista possibilita construir um aparato de prevenção e modos mais eficazes de tratamento.

Culpar não ajuda e nunca ajudou em nada. Investigar é a tarefa de todos os profissionais que lidam com questões de saúde. Não há respostas prontas e, portanto, fáceis nem muitas perguntas respondidas ainda.