Sobre as variáveis ambientais no Autismo
05/04/12 10:40
Comentários de Thereza França (psicanalista e psiquiatra infantil) para perguntas de internautas sobre as variáveis ambientais, que junto a outras variáveis, podem levar aos quadros de autismo:
Há variáveis conhecidas, outras desconhecidas que interagindo com fatores constitucionais podem levar ao quadro de autismo. Quando mencionamos “variáveis ambientais”, estamos nos referindo ao ambiente psicossocial que interfere na formação da mente da criança; de modo geral são fatores que provocam uma sobrecarga emocional dificultando a interação inicial entre a mãe e seu filho, tais como: insegurança social, instabilidades dos pais, separação precoce e traumática mãe-bebê, exposição excessiva a TV e/ou computador em detrimento do contato humano afetivo, e assim por diante.
O recolhimento autístico pode ser entendido como uma proteção extrema que a criança lança mão diante de angústias insuportáveis para seu psiquismo ainda precário.
Aqui na Suécia os médicos do Centro de Autismo para Crianças, em Estocolmo, estão pesquisando a relação entre deficiencia de vitamina D na mãe e no recém-nascido e desenvolvimento de transtornos do espectro do autismo. Isso porque a incidencia de autismo em crianças de origem somali é 4 vezes maior do que em crianças suecas. A hipótese é que os baixos níveis de vitamina D por causa da falta de sol e de exposição da pele (grande parte da população somali na Suécia é muçulmana praticante) estejam afetando o desenvolvimento infantil. Vai ser interessante acompanhar os resultados!
Juliana, fiz um post comentando seu comentário. Obrigada pela colaboracao.
Na verdade, tenho uma pergunta. Pode alguém tornar-se autista quando adulto?
Obrigado.
veja o podcast que fiz sobre o autismo como um sintoma de quadros psicopatologicos e o autismo com um transtorno global do desenvolvimento.
já li sobre estudos ligando o autismo à carga excessiva de vacinas nos primeiros anos de vida da criança
Na França um documentário sobre o autismo (Le Mur) foi censurado a pedido de três dos psicanalistas entrevistados pela diretora. http://www.youtube.com/watch?v=extoPqS8Oq0
Dizer q o autismo é consequência de uma relação muito próxima ou muito distante com a mãe, como fazem muitos psicanalistas, é pensar com a cabeça e a moral do final do século 19.
Nao se trata de culpar as maes pelo autismo dos filhos – do meu ponto de vista, essa situacao já é bastante sofrida e ninguém precisa de mais sofrimento. É necessario desmistificar o autismo e entender seus componentes para preparar uma linha de tratamento. Por enquanto, o diagnóstico precoce é a melhor linha de acao.
Como proceder quando há suspeita de autismo mas os pais nem querem saber de discutir o assunto?
Creio que em situacoes onde a negacao prevalece, pois a dor é insuportável, é necessario que os medicos, escola, profissionais de saúde ou representantes de alguma autoridade confiável, como padres e pastores, avós, tios intervenham e conversem sobre o beneficio do diagnóstico para iniciar o tratamento rapidamente.
Thereza França – Vc teria como provar cientificamente (um estudo ou uma publicação em revista da área médica) qualquer absurdo desses vários que vc conseguiu escrever em tão pequeno texto? Me desculpe mas em pleno 2012 e logo após o dia Mundial do Autismo a FOLHA liberar este seu artigo é no mínimo uma vergonha e um desrespeito às pessoas que trabalham com muita seriedade nesta área. Cíntia, Mãe de um menino com TEA AF.
Cíntia! Abra os olhos para você mesma!
Então, o autismo deve ser muito presente em abrigos e lares em que as mães trabalham fora (que são quase todos), não é?!
Ora, ninguém merece, hein FSP?! Mais uma vez, desinformando… Até um leigo é capaz de perceber o quão estapafúrdio é isso!
Não se trata apenas de evitar ou não sofrimento e sim de buscar profissionais sérios e que acompanham a evolução dos estudos sobre o assunto.
Não adianta falar da importância do diagnóstico precoce e de “desmistificação” em um comentário se o artigo afirma que as causas são ambientais!
Está na hora da mídia ser mais responsável no que publica e na escolha de seus profissionais!
Lamentável.
Talvez não só autismo, mas a psicose infantil também!
Cara Thereza (e Luciana). Sinto informar que essa teoria não é nova. Quem veio com ela originalmente foi o psicanalista Bruno Bettelheim, nos anos 50. Por motivos óbvios, ninguém leva isso mais a sério. As novas descobertas científicas indicam que inúmeras mutações genéticas causam o autismo. E que os fatores ambientais, aos quais você se refere, acontecem ainda no útero. Aliás, se essa sua teoria (ou a dos anos 50) fosse verdadeira, teríamos um número gritante e epidêmico de crianças autistas nos orfanatos, não é verdade? Todas foram abandonadas pelas mães e “privadas do contato humano”!
Vai ler Lacan, depois conversamos! Ou quem sabe, todo um grupo de pesquisadores da USP, do instituto de psicologia e seus colegas franceses… assim sim estará diante de profissionais competentes! Certamente, Bruno Bettelheim nunca foi um bom psicanalista!!!
Você não respondeu quanto às crianças abandonadas em orfanatos.
Andrea e outras mães, corram o mais rápido e longe possível dos psicanalistas, principalmente ligados à USP. Essa minha opinião é de consumidor final com o tempo e dinheiro perdido no Lugar de Vida q engloba os profissionais da USP incluindo a própria Maria Cristina Kupfer. Primeiro q vc entra lá e eles dizem serem ligados à USP, depois vem um “veja bem”, não somos mais e o pior é q acreditam q temos q esperar o tempo da criança, q quando a criança estiver pronta virá ao nosso mundo. Um blá, blá, blá q não ajuda no hj e nem prepara para o amanhã.
Infelizmente eles é q tem o contrato com muitas prefeituras para trabalhar a incusão, mas para os psicanalistas de lá, não há rótulos, somos todos iguais, então não há estratégias aplicadas para a inclusão, o q cai na exclusão.
Não adianta colocar nosso ponto de vista aos psicanalistas, eles não estão no mundo para ouvir e sim para soltar ao vento “as suas verdades indiscutíveis”.
Uma pena isso acontecer num espaço público!
ao contrário, Marie, tudo que fazemos é ouvir e ensinar a ouvir!
Uma lei inglesa que proibiu a hospitalizacao de criancas, em hospitais gerais, sem a presenca dos pais, pois as criancas psicotizavam durante as internacoes. Compreenderam a importancia do contato e da presenca materna na preservacao da saúde mental. Essas criancas desenvolviam o que os britânicos chamavam de atencao borboleta, perdiam o foco e a capacidade de ligacao afetiva. No filme, Império do Sol voce poderá observar algo semelhante.
Na antiga Febem, quando bebês eram deixados em situacao asilar o índice de perturbacao mental era altíssimo. Muitos tinham o corpo endurecido e evitavam contatos mais macios e carinhosos. Esses bebês exemplificam muito bem o questao da importancia do ambiente no desenvolvimento mental.
Deixe um bebê sem contato humano, lhe dê leite e banho apenas, lhe dê o mínimo para que sobreviva, sem carinho, sem conforto e sem consolo ou pense naquelas criancas do tipo menino-lobo – a empatia dos cuidadores é fundamental para o desenvolvimento mental.
Voce conhece a populacao dos abrigps? Criancas e jovens que sofrem abusos, a guarda é retirada dos pais…você acredita que a maioria se desenvolve bem?
Alguns de nós superam todos os obstáculos, notáveis. Outros precisam de um ambiente médio, porque tem recursos medianos para lidar com as dificuldades. Mas, outros, mesmo que estejam num excelente ambiente nao têm recursos e nao se desenvolvem. O ambiente é um fator somado a tantos outros. Em alguns casos é mais importnte em outros menos. Até quando o caso é genético ou sindrômico o ambiente pode fazer diferenca. Assista o filme: Meu pé esquerdo.
Nao acusei nenhuma mae de transformar os filhos em autistas, em nenhum dos posts sobre autismo nem nas entrevistas, mas pelo tipo de comentários que o BLOG recebeu as maes se sentiram acusadas. É uma pena, porque as pesquisas precisam continuar e devem verificar todos os fatores envolvidos.
Não, minha senhora, as mães não nos sentimos acusadas! O termo correto para nosso sentimento seria Indignação! Essas crianças abusadas, privadas de afeto e da presença materna, todas elas desenvolvem autismo? Existe algum dado fidedigno, em alguma pesquisa longitudinal, científica ,séria, a esse respeito? Veja, senhora, não me refiro a filmes, por mais que me divirta e goste desse entretenimento.
Afeto, em psicanálise, não diz apenas de afetos “positivos”, como amor, carinho, ternura, etc. Há também os afetos “negativos”, como raiva, ódio, desdém…
entendo que nenhuma criança nasce autista, nem toda mulher nasce mãe.
Ser mãe, assim como ser sujeito, depende de uma construção baseada num desejo (de ser mãe, de ser filho).
Para a psicanálise, muitas vezes o amor de uma mãe por seu filho está pautado em um desejo outro que não um “desejo de filho”… É a isso que a psicanálise se dispõe a investigar com a família!!!!
LEIAM E DISCUTAM A PSICANÁLISE ANTES DE ATACÁ-LA COM AS MESMAS ARMAS QUE OS CONTEMPORÂNEOS DE FREUD O ATACARAM EM 1900!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
p/ Luciana Moraes,
Luciana, sobre a frase: “entendo que nenhuma criança nasce autista, nem toda mulher nasce mãe”. Saiba que algumas crianças nascem autistas. E já existem exames que comprovem algumas alterações. Além disto, alguns nenês recém-nascidos, mesmo sem alterações genéticas, já apresentam comportamento diferenciado.
Senhora, em resposta ao seu post sobre afeto “positivo”e “negativo”, realmente, nunca li nada específico…..mas sofremos nove, veja bem, nove anos de psicoterapia psicanalítica, meu filho autista e nossa família. Pois, presumo, é de seu conhecimento que tudo o que acontece com uma pessoa autista repercute diretamente em todos os membros da família. Não sei a teoria, mas essa terminologia, essa linha enviezada de raciocínio, conheço na carne, minha senhora.
A definição psicanalítica de autismo é defasada, na melhor das hipóteses. Talvez por isso a senhora tenha cometido um erro crasso ao afirmar que nenhuma criança nasce autista. Elas podem nascer autistas sim. Ou podem tornar-se autistas. É uma questão neurológica. Envolve processos bioquímicos, provavelmente. Está relacionado à síntese proteica, talvez à transmissão sináptica, às redes neuronais. As possibilidades são varias. A teoria psicogênica do autismo há muito tempo caiu por terra. Por isso, desde já informo-lhe, meu tempo é muito curto para estudar tudo o que surge de novo no campo da genética e neurobiologia. Não posso, nem quero, perdê-lo estudando psicanálise.
Acho prudente a lei inglesa prever o acompanhamento de um familiar próximo a criança durante o tratamento hospitalar, já que esta criança se encontra em ambiente desconhecido, com pessoas desconhecidas e recebendo tratamentos invasivos. No Brasil esse direito também é garantido pelo artigo 12 da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente “é direito do pai, mãe ou responsável permanecer em tempo integral nos casos de internação de sua criança ou adolescente, e dever do hospital proporcionar condições para esta permanência”. Agora para se justificar os casos de psicotização infantil em hospitais há de se considerar diversas variáveis como, efeitos colaterais dos próprios medicamentos e alterações neurológicas como delírios causadas por algumas doenças. Quanto à crianças deixadas em abrigos é preciso considerar também o uso de drogas e álcool pelas mães durante a gestação, a presença de doenças psiquiátricas, a falta de acompanhamento obstétrico e a desnutrição materna.
Concordo com você que o bebê humano precisa de afeto, cuidados, estimulação para desenvolver suas capacidades motoras, sociais e afetivas. Os comportamentos que tornam o “ser humano espécie” em “ser humano pessoa” é um aprendizado sócio-cultural. Segundo Vygotsky o desenvolvimento das funções psicológicas superiores como atenção voluntária, memória mediada, pensamento abstrato, capacidade de planejamento entre outros, que são capacidades exclusivamente humanas acontece pelas interações. Por isso, como você citou casos de crianças que foram privadas do contato humano como Kaspar Hauser, mantido em cela e alimentado apenas de pão e água, não se desenvolveram plenamente.
Mas, a questão é que não estamos tratando de casos de abandono que impossibilita a criança a ter acesso aos códigos culturais e desenvolver plenamente suas funções psicológicas superiores e dos prejuízos do excesso de televisão e a falta de afetividade dos pais, já que essas questões são prejudiciais a toda criança.
O Autismo é considerado um transtorno global que afeta o desenvolvimentos de três áreas: da comunicação, da socialização e do comportamento de crianças de todas as classes sociais e de todos os tipos de família.
É óbvio que se você deixar uma criança autista em frente a tv o dia todo, exposta a conflitos familiar e não criar um ambiente de afetividade e acolhedor para esta criança, as chances dela progredir são menores, ou seja, de adquirir maiores habilidades comunicativas, afetivas, motoras e sociais, por isso a importância da estimulação precoce e continuada do autista.
Portanto, as tais variáveis ambientais citadas no texto da Dr. Thereza França poderiam ser entendidas como prejudiciais ao desenvolvimento saudável físico e psicológico de qualquer criança, mas nunca como provável causa do autismo.
Sou pedagoga, especialista em educação infantil e mãe de criança que está dentro do espectro autista.
Luiana,
Todo estudo e conhecimento adquirido sobre o autismo é valido em TODOS os sentidos, mas infelizmente, você publicar um texto desse vai de encontro com todos os avanços tecnologicos que o mundo esta correndo atras para alcançar. Ja esta provado que nem a teoria da mae geladeira (que cá entre nós é um ABSURDO) e nem gatilhos, como os que vc mencionou sao CAUSAS do atismo. Com o autismo temos coisas como a dificuldade de interação social. Mas a falta de interação social NAO causara o autismo, pode sim formar uma pessoa quieta e sem trejeitos para viver nessa sociedade maluca. Me perdoe a franqueza mas JAMAIS tornara uma pessoa autista por isso. Por acaso você tem contato com alguma pessoa, criança ou adulto autista?
Como autista, esposa de autista e mãe de autista sei que essa linha de pensamento é inválida no que se refere ao espectro autístco. Pode ser que vc queira falar de condicções semelhantes ao autismo ou que levam ao falso diagnóstico da referida síndrome. Essas condições ambientais são descartadas no que se refere à etiologia do autismo. Sou da corrente que não considera o autismo uma doença. O termo ETIOPATOGENIA é, pra mim, bastante desconfortável.
Muitos psicanalistas estão entendendo o autismo enquanto estrutura psíquica, exatamente como você disse, e não como doença. Aliás, posso arriscar que a psicanálise nunca viu o autismo como doença, desde Lacan e os autores que o estudam, diferente da medicina, que já expôs tais pessoas às mais diversas atrocidades em nome da ciência!
Nossa Juliana, li o seu comentário e gostaria muito de conversar com você, pois tenho um filho autista de 16 anos. Como vi você é casada e até tem filho. Como é a sua relação com a família? Às vezes acho tão difícil, ou longe demais para que meu filho seja emocionalmente independente. Graças a Deus ele é alfabetizado, está estudando no 6o. ano do ensino regular. Tem excelente acompanhamento em escola pública. Mas, e aí… fico pensando se seria possível ele se casar, ter uma família… Me conte um pouco mais. Fico até emocionada de saber que você também é autista. Achei esses comentários sobre o que é ser “autista” uma grande babaquice. Esses médicos, parace, que não entendem nada, de nada. Abraços.
Anajara.
Luciana
É triste saber que ainda há tanta desinformação sobre o autismo (como essa). Enquanto, na atualidade, nós tentamos destruir estes mitos formados no passado, nos deparamos com isto. Muito triste, mesmo. Deverias ter te informado mais a respeito antes de publicar.
Certo, ao futuro! E no futuro, a medicina não dá conta de nada sozinha!
Um absurdo a Folha aceitar publicar isso. Lamentável… Como outros já mencionaram, imaginem orfãos de guerra, vítimas de maus tratos, de pobreza e negligencia por parte das mães e/ou cuidadores?
É assustador encontrar “profissionais” com essa visão.
É assustador encontrar leitores tão maus leitores! Quem rebate essas ideias com tais argumentos, dizendo tratar-se do passado, está precisando diversificar sua leitura, sair do lugar comum de que para tudo tem uma explicação objetiva e um lugar no cérebro… Sugiro Maria Cristina Machado Kupfer, Alfredo Jerusalinski, Manoni, e o próprio Lacan, se você for capaz de compreendê-lo…
Luciana
quando soubemos do diagnostico da minha filha, em nenhum momento nos disseram que foi porque eu o pai não interagimos com ela, e sim que é genético, e essa questão de ser falta de interação da mãe, foi derrubada a muitos anos, como varias pessoas acima comentaram, a gente já sofre em saber com o diagnostico e ainda vem falar que nós é que somos culpados…foi muito infeliz essa tua matéria.
A questão do autismo como resposta psíquica – não cerebral ou genética – à dificuldade de entrada da função materna não foi derrubada, de forma alguma. Diversas comunidades acadêmicas e clínicas continuam desenvolvendo estudos sobre autismo e psicose infantil, avançando cada vez mais nesta ideia, da dificuldade de relação entre pais e filho. Acho que andam lendo apenas um tipo de revista, enquanto a psicanálise se mantém atenta aos avanços da ciência médica, genética, buscando uma interlocução, um trabalho transdisciplinar!
Luciana, voce poderia explicar um pouco mais quais sao os achados desses estudos? E porque escreveu psicose infantil e autismo lado a lado? Por favor, nao estou atacando, so quero mesmo entender. Quero entender como a psicanalise pode ajudar o autista. Infelizmente, nao vi nenhum exemplo ou relato aqui. Nao estou dizendo que foi vc ou A, B, C mas da forma que isso tudo esta se desenrolando, os profissionais estao num pedestal falando pras maes lerem Lacan e as maes ofendidas.
Se o objetivo e informar, pode ser feito de forma mais clara e concisa para o cidadao comum?
Obrigada
Ah, a psicanálise e sua obsessão em rotular tudo e colocar todas as pessoas em gavetinhas de móveis previamente montados por seus papas…
Criticam a medicina e agem exatamente igual!
Como isso é chato e pobre!
Obsessivos somos todos…
Concordo com vc, Luciana Saddi! Tinha um filho Autista clássico e consegui recuperá-lo com intervenção de trabalhos e disposição para ocupar e interagir com o mesmo. Hoje ele é um Autista Altamente Funcional. A Tv, foi um dos fatores que interferiram e muito da nossa relação, hoje após ter saído do quadro clássico, permito que tenha um tempo disponível para satisfazer sua imaginação. Parabéns pelo artigo.
Elma, sinto discordar de vc novamente. O artigo está muito ruim. E pior, que conforme as Lucianas vão respondendo, elas estão se atrapalhando com as próprias respostas. E pra piorar, como se não bastasse uma Luciana são duas….uma a Moraes que acredita que as famílias estão tentando colocar a culpa na genética. E a Saddi que “acredita” que Autismo é uma doença mental. Pura falta de informação.
Algo mais: Se é genético, neurológico, etc, etc, isso realmente não me interessa, deveria interessar aos médicos que estudam para….
Neste caso, observo que como família temos a obrigação de fazermos nosso papel, transmitindo amor e confiança. Só fica uma questão: Será que no mundo atual e no momento que vivemos, sabemos o que é isso, e como fazer isso? Brincadeirinha….
Vc é um fenômeno! Genial seu livro: O Amor Leva a um Liquidificador, estou lendo um pouquinho, se quiser me enviar um exemplar, aceito…
nao tenho exemplar nenhum comigo, mas obrigada pelo reconhecimento!
Temos que reconhecer, que mesmo não aceitando algumas coisas, outras podem ser para nosso bem! Fiz uma breve busca do seu perfil e achei interessante o tema do livro. Consegui uma prévia do mesmo, ainda não terminei, mas só o sumário me deixou muito interessada pela leitura. Boa sorte na carreira de escritora!
Elma… sinceramente indico Augusto Cury. Atualmente estou lendo Pais Brilhantes e Filhos Fascinantes. Vale a pena! Ele também não vai ter um exemplar para te fornecer. Mas ao contrário da Luciana Saddi, todos os textos do Augusto são extremamente elogiados e apreciados. Além de serem muito positivos. Abraços AnaM.
Luciana, tenho um filho autista de 6 anos, diagnosticado por um psiquiatra infantil quando tinha 1 ano e 8 meses ( o psiquiatra se interessar é o Dr. Walter Camargos Jr.), acho que seria interessante se ver dvd, usar computador e ficar longe da mãe fosse a causa do autismo, pois assim meu filho não seria, pois ele vê sim dvd, usa o computador “brilhantemente” junto comigo, que sempre fui, sou e sempre serei ( até qdo Deus permitir) presente 24 horas/dia! seria bem mais fácil achar a cura, pois saberíamos a causa…
ninguém disse que essa é a causa do autismo do seu filho. Pode ser que a falta de uma mae permeável e responsiva seja um dos fatores combinados a outros que levam algumas criancas ao fechamento. Nao foi uma generalizacao nem uma acusacao.
Qdo recebi o diagnóstico do meu filho, por desinformação, o ledvei a Psicologa psicanalitica. Eu perguntava a ela se meu filho tivesse diabetes, síndrome de down, etc se eu também seria culpada.
Vc citou que crianças sem as devida atenção desenvolvem um quadro parecido ao autismo.
Meu filho foi planejado, desejado, amado. Absurdo a Folha publicar esse rol de besteirois que vc escreveu. Estamos lutando por informação, não venham com desinformação. Chega de querer jogar culpa nas mães, já não cola mais, muda o disco.
Acho que, nessa onda genética, estão apenas colocando a “culpa” em outro lugar, quando na verdade não há “culpa”, mas há trabalho a ser feito adiante… E eu vi muitos casos serem tratados com medicação e Terapia Cognitivo-comportamental que condicionaram a criança em suas atividades de vida diária e de lazer – foram treinados a executar algumas pequenas tarefas, acalmaram a angústia de seus pais, que acabaram se contentando em ter um filho “especial” que não vai fazer muitas coisas mesmo… Acompanho, por outro lado, tratamentos psicanalíticos com autistas e o ganho é global: não só para a criança, que ganha a chance de se inserir e ser inserida na cultura
(continuação) À SUA MANEIRA. E o ganho dos pais e familiares – entender e aceitar que seu filho É autista e não TEM autismo… oferece-se a esses pais um acolhimento.
Sobre a culpa, não há culpados nem causadores… há responsabilidade e a assunção de cada um de seu papel familiar.
Luciana,
correlação não é causalidade.
Todas as mães aqui lêem muito e por isso estão aqui, debatendo.
As variáveis ambientais são discutíveis e a FOLHA não teve nenhuma sensibilidade nesta publicação. Não entendeu como acusação mas isto é mais um tapa na cara das mães que lutam diariamente pelo bom desenvolvimento de seus filhos, que enfrentam preconceito, que muitas vezes abdicam de vida profissional.
Lamentável. Isto deve ser tratado com cada mãe ou pai dentro de uma sala junto a seu psicanalista.
A intencao foi esclarecer e alertar para o diagnóstico e tratamento precoce. Quanto mais cedo, melhor. Temos alguns recursos, psicanalistas e terapeutas cognitivos e fonoaudiólogos, para tratar. A intervencao precoce é importante!
Não acusei nenhuma mae ou familiar dessas criancas, coloquei fatores que devem ser pesquisados e compreendidos, mas a reacao de algumas maes foi de ataque, afinal a defesa é o melhor ataque.
Sei que há muito preconceito em relacao as doencas mentais, mas é melhor correr o risco de falar disso, do que se calar. Quis alertar alguns pais que podem estar passando por momentos delicados com seus filhos. As maes nao citaram as entrevistas com dois profissionais diferentes que postei na semana passada e retrasada. E se apegaram ao post que discute as variáveis ambientais.
Luciana, gostaria que postasse as duas entrevistas passadas.
Em tempo: autismo não é doença mental. É um distúrbio.
Ou DSM-IV é só para os médicos?
Renata,
segue as duas outras :
1) Dia Mundial da Conscientização do Autismo – 2 de abril.
Para falarmos sobre o Autismo – tratamento e família – convidei a psicanalista Mariângela Mendes de Almeida que trabalha há muitos anos com crianças autistas e suas famílias.
http://falecomigo.blogfolha.uol.com.br/2012/04/03/autismo-iv-tratamento/
2) Aumento do Autismo http://falecomigo.blogfolha.uol.com.br/2012/04/03/sobre-o-aumento-dos-casos-de-autismo-nos-ultimos-anos/
Abraços
AnaM
Voce deveria perder o direito de exercer a profissão por falar uma besteira tao grande
Sem falar que, o campo epistêmico da medicina é um, o da psicologia é outro e o da psicanálise é um terceiro ainda – quer dizer, um não exclui o outro, mas podem e devem se complementar! Tão importante é investigar os fatores orgânicos quanto não abandonar a responsabilidade de uma mãe e um pai na constituição subjetiva de seu filho!
Luciana e Thereza, talvez vcs abram seus horizontes e revejam suas verdades tão absolutas quanto ultrapassadas se lerem outros autores além destes que sugerem. Se estão submersas no universo da psicanálise, terão realmente muita dificuldade de entender o quanto a ciência evoluiu e o quanto nós, pais, estudamos, pesquisamos e conseguimos mudar este contexto tão limitado do qual estão inseridas. A psicanálise está com os dias contados para o Autismo. Fica a dica que na França (veja link) eles também já estão acordando, esperamos que se estenda a Argentina, pois as contribuições de Lacan tem sérias limitações tanto na descrição quanto no tratamento do autismo. http://www.bbc.co.uk/news/magazine-17583123
Luciana, você conhece o trabalho do Dr. Mutuori. Saiba que celulas autistas já foram reproduzidas em laboratório. Sei que às vezes é difícil jogar tudo o que aprendemos fora, sei que a tendência é a NEGAÇÃO, mesmo. Mas isso vem se repetindo por séculos, lembra do que aconteceu com quem defendeu que a terra é redonda, não é?
O triste de tudo isso é que concepção errada, tratamento errado. Se uma pessoa quebra a perna, uma terapia pode ajudar, mas o problema específico vai ser resolvido com fisioterapia mesmo.
Ah, Lacan e Freud não sabem de tudo, ninguém é dono da verdade, caso o contrário o mundo não caminhava. Mas não se preocupe, sei que você vai superar essa perda, fazer esse luto, aí quem sabe vc poderá contribuir no tratamento dessas criança. Enquanto vc estiver nesse processo de negação a coisa não anda
Eu era psicanalista até ter um filho autista. Foi aí que eu conheci a face anacrônica, retrógrada, proselitista e principalmente mercantilista da Psicanálise.
É uma pena, porque eu duvido que meu querido Sigmund concordasse com o que virou seu construto teórico. Lá no Projeto para uma Psicologia Científica, nos Três Ensaios e em Análise Terminável e Interminável ele já dizia que esperava que muito de sua proposta fosse rechaçada pelo progresso científico. Novas descobertas no campo na neurologia provavelmente iriam de encontro ao que ele postulava e para ele isso era natural. Ora, Freud era neurologista de formação! Ele dizia que a teoria era similar a um andaime que deveria ser retirado quando a construção já tivesse bases mais sólidas. Infelizmente os psicanalistas pararam com o progresso, arvoraram-se na teoria já pronta (Lacan, que o diga, com seu retorno a Freud) e hoje vivem uma ridícula situação de estudar os andaimes como se fossem obras primas de arquitetura!
A lógica que rege a produção intelectual atual da Psicanálise é circular. Psicanalistas escrevem e falam para psicanalistas, formam e analisam novos psicanalistas e depois basicamente vivem de orientar e analisar esses asseclas que os defenderão com unhas e dentes porque simplesmente não conhecem qualquer outra forma de produção de saber. Sob a supervisão dos seus ídolos continuarão a repetir que a Psicanálise “não é testável” e portanto não tem que prestar contas de seus resultados, mesmo sendo a orientação teórica mais utilizada dentro dos serviços públicos de saúde no Brasil. Também se recusarão a estudar e conhecer outras práticas e teorias com a desculpa de que estas são reducionistas, biologicistas e mecanicistas. E essa lenga lenga será reproduzida sem questionamento em jornadas, seminários e periódicos psicanalíticos por todo o Brasil, Argentina e França, que são basicamente os países que ainda dão algum subsídio para a Psicanálise.
Mas na França a batata da Psicanálise já começou a assar. Depois da censura contra o documentário O Muro (censura criticada pelos próprios Repórteres sem Fronteiras)
http://www.supportthewall.org/2012/02/reporters-without-borders-documentary-filmmaking-threatened-by-court-ruling-on-autism-documentary/
que denunciou o tratamento deficitário dado aos autistas franceses por instituições e profissionais de orientação psicanalítica, temos agora a resolução do HAS (que seria traduzido como Autoridade Máxima em Saúde francesa) que recomenda técnicas comportamentais e educacionais para o tratamento do autismo, em detrimento da Psicanálise:
http://www.supportthewall.org/2012/03/the-connexion-victory-against-psychoanalysis-for-children-with-autism-in-france-and-our-analysis/
http://connexionfrance.com/victory-success-autism-psychoanalysis-methods-13524-view-article.html
Os vários grupos de pais e amigos dos autistas comemoram, já que na França a taxa de inclusão de autistas na escola é de apenas 20% contra 60% na Suécia e outros países. Pais de autistas saem da França para buscar tratamento na Bélgica, por considerarem deficitário o sistema francês:
http://m.bbc.co.uk/news/magazine-17583123
No Brasil ainda temos uma influência enorme da Psicanálise nos serviços de saúde públicos e nos consultórios particulares, com consequências desastrosas para os nossos autistas. Psicanalistas dizem que trabalham visando a estimulação precoce mas a sua proposta de “deixar falar o sujeito do inconsciente” atrasa as intervenções em meses ou anos por vezes. Seu modelo de intervenção é baseado na interpretação do que esse “sujeito do inconsciente” tenta exprimir, ao seu próprio tempo e do seu próprio jeito. Seria uma bela proposta se não se traduzisse em atraso, desestímulo e finalmente em indivíduos pouco funcionais, dependentes e com problemas de comunicação. O pouco que se caminha com esses autistas se deve mais à equipe multidisciplinar (fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos) que felizmente ocupa o vácuo deixado pelo trabalho psicanalítico.
Em Belo Horizonte essa dominância da Psicanálise ainda teve o efeito colateral de atrasar a aprovação de uma lei que beneficiaria o autista com o estatuto de deficiente, facilitando o acesso à inclusão social através de passe livre nos ônibus, tratamento diferenciado em postos de saúde e hospitais, além de prever a criação de centros de tratamento ambulatoriais específicos para os autistas, que hoje em dia perambulam pelos CERSAMs e Centros Psiquiátricos infantis que são totalmente despreparados para recebê-los. Foi a Psicanálise que orientou o veto do prefeito. Felizmente o trabalho de pais e profissionais incansáveis e que sabem o que é um autista grave no cotidiano de uma família conseguiram derrubar o veto. Trabalhamos agora pra ver a lei totalmente implementada.
Eu realmente tentei ficar longe dessa discussão mas não pude me abster depois de ver as respostas evasivas e por vezes agressivas das representantes da Psicanálise diante das críticas das mães que se posicionaram aqui. Essas mães são leitoras vorazes e disciplinadas, mas são leigas. Achei deselegante mandá-las “ler Lacan” para poder criticar a Psicanálise. Ora, elas não precisam ler Lacan, ou Melanie Klein ou qualquer outro para saber quando seus filhos não estão sendo devidamente assistidos por um terapeuta. E agora, com o acesso ilimitado à informação promovido pela internet, vai ser difícil impedir a troca de experiências entre essas pessoas.
Essas mães se colocaram na defensiva? Atacaram porque “a defesa é o melhor ataque”? Ora, não será porque foram atacadas em primeiro lugar? E não me venham dizer que “nós não culpamos as mães”. Falar que o autismo tem causas multifatoriais e que uma delas é “psicossocial” é eufemismo para mãe geladeira e essas mães aqui sabem ler nas entrelinhas. Afinal, ao contrário do que diz a psicanalista que aparece no documentário censurado (creio que foi a Esthela Solano-Suarez) nós não somos mães-crocodilo. No Brasil somos mães-onça mesmo e não somos tolas. E de geladeira só se for Brastemp.
Cyntia, parabéns pelo seu comentário!! Também sou psicóloga e mãe de uma menina autista. Me formei no Instituto de Psicologia da USP (onde muitos dos estudiosos citados pela Luciana Moraes me deram aula, e conheço bem o fanatismo de alguns alunos de lá), tive uma formação quase 100% psicanalista, inclusive com especialização. Muito antes da minha filha nascer, passei a questionar a psicanálise e suas verdades absolutas e senti-la mais como uma religião do que como uma ciência…Tenho MUITOS colegas psicanalistas, os quais respeito e acredito no trabalho, além de eu mesma ter me submetido a ela por mais de 10 anos! Concordo plenamente com o que você disse sobre o Freud. Ele foi um grande pensador e cientista em sua época e abriu portas para uma enorme e valiosa linha de pensamento. Porém, como ele próprio citou, a ciência evolui e as teorias devem acompanhar esta evolução. Como qualquer técnica, a psicanálise tem suas limitações, e falta humildade para ALGUNS psicanalistas admitirem que no caso do Autismo, existem opções bem mais eficientes. Atualmente trabalho com Neuropsicologia e participo de um estudo no Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP com crianças que sofreram abusos. Elas realmente tem muitos prejuízos cognitivos e emocionais, porém até hoje não atendi NENHUM autista!! Sinto muito pelas mães que passaram por estes profissionais dogmatizados pela Psicanálise!
Eficientes em QUÊ? em normatizar os autistas? em neurotizá-los? Essa é minha questão com os tratamentos medicamentosos e comportamentalistas… A psicanálise não é a dona da verdade, mas é uma teoria e uma prática analítica que tem como premissa o inconsciente e como ética o sujeito de desejo. É a única que encontrei que não considera o autismo uma doença, mas uma condição. E la estão as pessoas PREFERINDO que seus filhos sejam doentes à diferentes… isso eu não entendo!
Normatizar e habilitar sao coisas diferentes, eu acho, em minha leiga opiniao.
O mundo pode se beneficiar e muito da contribuicao de autistas (inclusive nos ensinando a olhar o mundo de outra forma, essa sim e uma troca), mas acho que se nos limitarmos a explorar o inconsciente deles, perderemos a chance de descobrir outros aspectos de seu desenvolvimento que podem vir a tona.
O trabalho com autistas não diz de “explorar o inconsciente deles”. Quis dizer que a premissa do inconsciente é que norteia a visão de sujeito para a psicanálise. A clínica do autismo trabalha com o que a criança traz, a linguagem que desenvolveu até a chegada no consultório ou com as construções necessárias para sua entrada na linguagem, no simbólico. O caminho é sempre através do outro, pois entendemos que todo sujeito se constitui na relação com o outro. Não estou falando de seu corpo, de seu cérebro ou de seus genes, mas do sujeito que os habita! De quem ele é ou virá a ser. Se seu corpo não é totalmente funcional, esse é o primeiro ponto a ser investigado e tratado. Mas a maioria dos casos de autismo não se resolvem nos consultórios médicos. Aí entra a psicologia ou a psicanálise. E para esta última, o autista é entendido como alguém que está com dificuldade de se desenvolver – e o trabalho é feito com o paciente, sua família e uma equipe interdisciplinar – incluindo médicos…
Luciana, eu não considero minha filha doente! Eu realmente a considero diferente e é esta a visão da equipe que a atende. Acredito que os autistas tem um modo de perceber e se comunicar com o mundo que é diferente do nosso e devemos tentar compreendê-lo e auxiliar estas crianças a se comunicar à sua maneira. Você já leu a auto-biografia da Temple Grandin, uma autista que explica de maneira interessantíssima sua visão de mundo? Me desculpe, não quero ofender sua linha de trabalho, que acredito que tenha profissionais muito competentes e sensatos. Eu mesma, tenho colegas psicanalistas no Instituto de Psiquiatria da FMUSP que concordam que a Terapia comportamental pode seu útil em algumas situações, e isso não quer dizer que a psicanálise esteja errada… O importante é o bem estar do paciente e não a defesa de teorias… A terapia que minha filha faz não a normatiza, mas sim respeita sua individualidade e através de suas preferências a comunicação é estimulada. Pense nisto e abra seus horizontes!
Novamente, Luciana, você demonstra pouco conhecimento a respeito das outras disciplinas da Psicologia. É normal. Os que se enredam na Psicanálise geralmente se consideram parte de um saber maior e mais sofisticado e pouco prestam atenção aos outros campos da Psicologia, com a desculpa que são normatizantes, biologicistas e reducionistas. Acabam por perder o bonde da História.
Você acredita mesmo que a Psicanálise é a única a ter uma “ética” no trato com o paciente/cliente/etc? Que só a Psicanálise se norteia pela atenção ao indivíduo, pela escuta da diferença, da individualidade? Abra os olhos!
As modalidades teóricas que você chama de normalizantes e neurotizantes também procuram a escuta do sujeito. Avaliações e reavaliações são constantes no trabalho com ABA, TEACCH e PECS. O estabelecimento de um currículo e das metas de trabalho são feitas com base num estudo minucioso da personalidade, interesses e individualidade de cada sujeito que é atendido. Nada de linha de montagem, nada de encaixar o indivíduo num método à força. É preciso sensibilidade para atender o autista sem desrespeitá-lo.
Mas ao contrário do que preconiza a Psicanálise as outras modalidades de atendimento não “escutam” o sujeito. Elas procuram lhe dar voz própria. Ninguém interpreta o que quer dizer uma criança, mas o estímulo é que ela encontre a própria voz, seja de forma verbal ou com a comunicação assistida. A ênfase não é na interpretação, que ao contrário do que você pensa, só dá voz ao que passa pela cabeça do psicanalista, passando muitas vezes por cima do que realmente sente o autista.
E não existe isso dos pais “preferirem”que seus filhos sejam doentes a diferentes. Você não entende porque isso não existe! Que pai preferiria ter um filho doente a diferente? Os pais apenas constatam que seus filhos, apesar de diferentes e únicos, contam com inúmeras dificuldades para existir nesse mundo. Algumas são próprias da sua condição, outras são resultado de uma sociedade pouco preparada para incluí-los.
Os métodos mais eficazes de lidar com o autismo tratam exatamente dessas dificuldades, preparando o autista para viver em mundo que não necessariamente está preparado/disposto para recebê-lo. E nesse ponto infelizmente a Psicanálise falha miseravelmente. O que é preciso é que se admita essa falha e que se deixe para outros métodos tratar aquilo que a Psicanálise não tem competência para lidar. Não existe panacéia universal, bala de prata, óleo de cobra ou tratamento que sirva pra tudo. A Psicanálise pode ter suas contribuições talvez para como a sociedade trata o autista, mas para como o autista é tratado não.
O que o psicanalista não entende é que existem graus de comprometimento no autismo que nos permitem falar tanto de “condição” quanto de “deficiência”. Nos graus mais leves, o autismo surge como uma forma de “ser no mundo” que exige adequações mas que não é necessariamente incapacitante. Mas nos casos graves é preciso se admitir que fazer um trabalho só de aceitação não é o bastante. É por isso que leis para que se considere o autismo uma deficiência são necessárias. Porque é preciso tratamento, inclusive medicamentoso, e é preciso que se conceda ao autista e sua família facilidades como passe livre no ônibus e prioridade de atendimento em postos de saúde e hospitais. Isso é tratar como doente? Ou é admitir uma necessidade especial?
O psicanalista precisa ter cuidado para que a ideologia não o cegue para o sofrimento de autistas e suas famílias. Foi essa cegueira que suscitou reações tão extremadas nessa caixa de comentários.
E os representantes da Psicanálise que aqui comentaram em resposta foram agressivos, surdos e prepotentes.
Se a discussão se limitasse a esse espacinho da internet eu estaria feliz, mas infelizmente ela influencia ainda o tratamento de milhares de crianças ao redor do mundo que não têm outra opção. E influencia a tomada de políticas públicas justas no que se refere ao autismo seja no atendimento médico, seja nas escolas.
É assustador.
Bem, Luciana, penso eu, que vc já percebeu que muitos familiares não condizem com o seu Post. Sinto muito em lhe dizer, que nós já caímos na real quanto a vários fatores que interferem na realidade de um Autista. Sei tbm que vc não generalizou, e nem poderia, não conhece a realidade de todos. Nós – pais conhecedores da causa, estudamos muito e nos dedicamos a cada dia em buscar alternativas para solucionar vários problemas do dia-a-dia. Não que vc tenha se enganado em expor sua opinião, concordo e muito, apenas acredito que poderia ter sido mais restrita a falar de famílias que realmente não se comprometem a cuidar dos seus filhos, deixando-os a mercê de aparelhos eletrônicos como forma de compensação, ou sei lá o quê! Quem sou eu pra falar da realidade de cada um? Gostaria de salientar que existem familiares que se empenham 24 h buscando notícias para um tratamento e recuperação, além de repassarem as mesmas a Grupos que lidam com o problema. Saiba, que sabemos que somos minoria, mas não desistiremos de lutar pelos nossos filhos.
Luciana, eu dou de Lages SC, tenho uma filha de 21 anos e um filho de 5 anos ( esta no espectro autista), criei e crio os dois da mesma maneira, porque minha filha mais velha não é autista, e olha que quando ela nasceu, eu era sozinha , bancária, trabalhava as vezes 18 horas por dia, minha irmã mas velha que cuidava dela, e o meu Principe Rick, eu dei mas atenção, uma gravidez planejada, o pai presente. Não podemos fugir da tecnologia, ela esta presente hoje em nossas casas, dou aula em escolas particulares, e 80% das crianças são criadas na frente da tv, video game e computador ( rarissimos com alguma sindrome do autismo). Talvez você deva voltar mais um pouco aos livros, mas os modernos, onde contam histórias de pais, mães, e os próprios autistas ( Olhe nos meus olhos (sindrome de asperger ) ou talvez alguns blogs de pais com crianças autistas, veja a luta diária deles. Te convido para participar do nosso grupo, se tiver interesse, já chegamos a 100.000 mensagens. Obrigada por me atender.
Diva, gostaria de ressaltar tambem que parte dessa tecnologia que vc cita vem das mentes de alguns – SIM! – autistas.
Nao estou tentando ser arrogante nem ingenua, e um fato que muitos feras de Syllicon Valley sao aspies, autistas de alto rendimento. Realmente nesse mundo de iPads e velocidade de informacao, ate nos adultos que crescemos em outras geracoes estamos nos tornando um pouco (ou muito) DDAs, mas dai a misturar autismo com distanciamento de familiares, psicanalise… E andar pra tras.
Luciana, parabéns pelas informações importantes que você postou nos outros textos e também no pequeno podcast a respeito de autismo. Não são informações com nenhuma novidade, mas é sempre bom propagar algo correto sobre autismo.
Para este texto, porém, tenho críticas e sugestões. Informações como essas que você publicou, da Thereza França, (portanto deve concordar com ela) podem confundir muitas pessoas e sugiro que esclareça melhor a ideia, pois já temos escassez de informação a respeito de autismo — e, se o que tivermos for confuso, pode muitas vezes ser pior que calar-se.
Dizer que “o recolhimento autístico pode ser entendido como uma proteção extrema que a criança lança mão diante de angústias insuportáveis para seu psiquismo ainda precário”, citando “variáveis ambientais” como “exposição excessiva a TV e/ou computador em detrimento do contato humano afetivo” é, no mínimo, passível de melhor análise e atualização.
Muitas pesquisas pelo mundo vêm descobrindo possíveis causas genéticas (estou falando de epigenética, não aquela simples, da hereditariedade que aprendemos nos ensinos fundamental e médio), a mais contundente sendo a do neurocientista brasileiro Alysson Muotri, na Universidade de San Diego, na Califórnia (EUA), publicada na capa da renomada revista “Cell”, em que conseguiu “curar” um neurônio “autista” em laboratório (se tiver curiosidade pelo assunto, leia minha entrevista exclusiva com Muotri em http://RevistaAutismo.com.br/muotri2010). Porém, o mais importante no meu argumento é o que o neurocientista percebeu de diferente morfologicamente entre os neurônios de autistas e o de pessoas com desenvolvimento típico (normais): seus núcleos eram menores, havia menos ramificações e faziam menos sinapses. Se essa informação da Thereza França, que faz referência à Psicanálise, estivesse correta, teríamos que admitir que essas variáveis ambientais, como exposição excessiva à TV causaria uma mudança morfológica nos neurônios. “Acredito que a mídia (principalmente a TV) tenha grande influência em nossa mente, mas não o bastante para tal.” Agora sem trocadilhos, não faz sentido para mim sua informação. Pois esta pesquisa que citei prova, contundentemente, o contrário. Não é possível nem sugerir ou dar entender uma relação causalidade para tal.
É impossível, a quem sabe um pouco acerca de autismo, não fazer uma correlação entre a informação que você publicou aqui e o exaustivamente condenado conceito de “mãe geladeira”, de décadas atrás. A pesquisa de Muotri só jogou uma pá de cal nessa teoria (veja o próprio neurocientista dizendo isso no Jornal Nacional, em http://www.youtube.com/watch?v=EwMub68EUDk). E desse ponto de vista, seu texto pode tornar-se um desserviço a muitas pessoas, por isso sugiro uma reflexão maior e mais atenta a respeito do assunto, se possível, até mesmo um novo post. Sugiro mais, vá conviver um tempo com alguém que tenha autismo, com famílias afetadas pela síndrome, conheça suas histórias, e depois volte a fazer um texto. Tenho certeza que você, com a inteligência que demonstra ter, repensará seus conceitos e escreverá algo, a respeito de autismo, avesso às teorias de Lacan e companhia.
Obrigada por seu comentario, era tudo o que eu gostaria de ter dito! Precisamos de mais doutores Muotri pois ha muito a se desvendar no universo do autismo.
Luciana e Thereza , tem um documentario espanhol sobre terapia lacaniana nas crianças espanholas no TEA . Eu ainda não o ví ; mas dizem que estão tendo bons resultados . Na França , desde o ano passado eles estão revendo a terapia psicanalitica ; já davam enfase ao TED ( comportamental), mas cada vez mais estão investindo na psicomotricidade precoce ; até onde sei . Lógico, que Thereza quando fala em ambiente , pensa em psique ; mas para muitos , como eu , quando falamos em ambiente também estamos pensando nas varias variaveis gatilho ( diminuição de luz solar – menor quantia de vitamina D ; moradores de Amazonas – baixo selenio e intoxicação por mercurio da mineração; baixas concentrações de DHA , alterações nos genes SHANK e entre outros ; alterações em interleucinas inflamatorias ), lógico todos com publicação cientifica , trabalho com grupo controle , etc, etc . A psique é importantíssima , mas não é a unica variavel importante . Tomara que Folha , um veiculo tão importante de comunicação, consiga abranger REALMENTE a todos os fatores que tangem ao espectro autista . Boas reportagens:)
Boa tarde ! Li todos os comentários e fiquei assustada com tamanha falta de respeito ao exporem seus pontos de vistas.Acho que não é regra que todos concordem com a matéria , porém não é direito de ninguém lançar mão de tamanha agressividade para discordar.Não existe receita da melhor maneira de se conduzir o tratamento de uma criança autista , penso que podemos mudar o método qdo acharmos não estar dando certo.O que vejo muito nos grupos de pais de Autistas é sempre um querendo saber mais que o outro, porém não é o que deu certo para um que certamente dará para o outro.Acho que é preciso cultivar um grande respeito pela linha de tratamento que cada família escolhe para seu filho.Afinal nossa batalha é árdua e não deve se transformar numa guerra. Abraço , mãe de um Autista de 3 anos e 10 meses
Concordo contigo, Tathiane, e percebi que acabei sendo tão agressiva quanto as pessoas que postaram contra os textos de Luciana Saddi. E acrescento que justamente é nesse ponto que admiro e tomo a psicanálise como ética que norteia o meu trabalho: a ética do sujeito! E para sabê-lo é necessário ouvir. E para um autista que não fala, são as pessoas à sua volta que podem dizer algo sobre ele. quando nos colocamos a ouvir essas pessoas, descobrimos que a transformação só poderá vir delas – não de um psicanalista, um médico, um cientista ou qualquer outro “saber”… O saber está no sujeito!
Concordo e acrescento que mesmo que seja um autista não-verbal ele norteará o trabalho do psicanalista , ou seja , fará gestos e terá reações que servirão de indicativo de direção para que o profissional trabalhe com ele. Pelo menos com meu filho foi assim , qdo começou a análise não falava mas indicava a direção e o trabalho do psicanalista era aproveitar cada ponto apresentado mesmo sem fala presente e nortear a análise . Hoje fala muitas palavras mas muitas vezes soltas e não forma frases, porém seu maior prazer é dizer o nome da psicanalista e pedir pra ser levado até lá. Ou seja , quero ver meu feliz levando em conta que é um ser humano único e respeitar inclusive seu prazer em frequentar as sessões de psicanálise mesmo sendo tão criticada por muitos pais e profissionais que resolveram rotular que os autistas tem que ser funcionais … Como se fossem robôs … Respeito a opinião de cada um qto a forma de tratamento mas acho que a guerra contra a psicanálise é infundada e perda de tempo. Abraços
Cyntia Mesquita Beltrão disse tudo que muitos pensam (e intuem) mas poucos têm coragem de expressar acerca da psicanálise e do uso que se faz dela.
E, defensores raivosos vomitando lugares-comum e totalmente alheios aos outros saberes que juram considerar (“porque o tratamento deve ser multidisciplinar”) em nada contribuem para dar credibilidade a ela. Melhor fariam se admitissem que precisam estudar e abrir seus horizontes.
Terminei de ler aquilo da falta de estímulo dos bebês pensando “verdade, mas e daí, o que tem a ver com o assunto?” Exatamente o que explicou, muito bem, a Angela Campos pouco depois: quase nada.
Em tempo: não sou mãe de autista. O que não significa que não tenho nada a ver com isso.
Interessa-me um mundo plural e não estigmatizante, assim como, veículos de comunicação responsáveis, com profissionais sérios informando a população.
Quando se publica algo assim controverso, no mínimo, deve-se trazer outras opiniões ou dizer que o assunto não é consensual. Não é porque se trata de um espaço em que se atua como especialista (e não jornalista propriamente dito) que há dispensa dessa obrigação. Pelo contrário. Se o autor do texto é tido como especialista maior é sua responsabilidade porque as pessoas leigas o lerão com menos reservas.
Ainda há tempo, Luciana Saad: por que não pesquisar o assunto e redigir um texto explicativo, trazendo outros especialistas e os estudos citados pelos pais? Ao final, opte pela tese das variáveis ambientais se é nela que crê, mas ao menos terá cumprido seu papel de informar.
Luciana Moraes, vou dormir na pia essa noite de tão chateada porque você, que eu nem conheço, acha que sou “obsessiva” e “má leitora”… Haja “ética do sujeito”!
Não há como medir o impacto que terão as palavras, como você disse, em alguém que nem conheço. Entretanto, a ideia era pressionar mesmo. Defensores raivosos, talvez um pouco, depois de ler os comentários agressivos de pessoas ofendidas com as “variáveis ambientais do autismo”.
Ética do sujeito sim, com o sujeito que escuto, que está em trabalho. Continuo com o trabalho não MULTI, mas INTERDISCIPLINAR, o que pressupõe uma horizontalidade entre os saberes envolvidos. A medicina não é a chefia das demais disciplinas, então suas descobertas não derrubam o trabalho de psicólogos, psicanalistas, fonoaudiólogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, educadores físicos e demais profissionais envolvidos no trabalho com crianças e adolescentes com problemas do desenvolvimento.
Comecei a escrever em cada comentário depois de lê-los todos, pois em cada um deles continha uma afirmação que se referia ao trabalho que desenvolvo e ao campo de pesquisa ao qual me dedico como “defasado” ou “derrubado” – quero que saibam, concordem ou não, que os psicanalistas e aqueles que estão em formação, continuam estudando e atendendo autistas (e não crianças COM autismo…) e seus trabalhos são sérios! Essa é a principal ética.
E haja pia para contê-la!
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Sobre o aumento de casos nos EUA (onde moro): um fator importantissimo e que os profissionais estao levando cada vez mais em conta os prazos dos programas de intervencao precoce, que ate os 6 anos de idade sao obrigatoriamente prestados pelo governo (por intermedio de ensino especial e/ou terapias diversas). Ha uma “pressa” em nao se perder essa janela de oportunidades e tambem atuar mais rapidamente nos tratamentos, habilitando e para muitos, trazendo uma certa independencia que nao vai custar aos cofres do governo pensao vitalicia por invalidez.