Sobre as variáveis ambientais no Autismo
05/04/12 10:40
Comentários de Thereza França (psicanalista e psiquiatra infantil) para perguntas de internautas sobre as variáveis ambientais, que junto a outras variáveis, podem levar aos quadros de autismo:
Há variáveis conhecidas, outras desconhecidas que interagindo com fatores constitucionais podem levar ao quadro de autismo. Quando mencionamos “variáveis ambientais”, estamos nos referindo ao ambiente psicossocial que interfere na formação da mente da criança; de modo geral são fatores que provocam uma sobrecarga emocional dificultando a interação inicial entre a mãe e seu filho, tais como: insegurança social, instabilidades dos pais, separação precoce e traumática mãe-bebê, exposição excessiva a TV e/ou computador em detrimento do contato humano afetivo, e assim por diante.
O recolhimento autístico pode ser entendido como uma proteção extrema que a criança lança mão diante de angústias insuportáveis para seu psiquismo ainda precário.
É lamentável, que diante de um assunto tão sério e desafiador como o autismo, o tom da conversa seja de competição entre ciências e métodos, colocando família e paciente em um campo de batalha. Negar a questão genética, biológica, neurológica de uma patologia é no mínimo uma posição arcaica. Creio que na corrida para beneficiar um ser humano, nossa postura deve ser a mesma da corrida de bastão: Devemos ir até onde conseguimos, aguentamos, conhecemos, e depois passar o bastão… O importante é que a equipe vença a corrida. Atacar mães, ou dar a impressão de ataque é o último que precisamos nesta luta. Neurologia e Psicanálise podem caminhar perfeitamente juntas a favor da criança. Cada um em sua área e sem ataques. Sou psicanalista e comparo meus colegas que ficam presos em 1900 como escoteiros que ao invés de informática, insistem em ensinar nós de marinheiro.