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por Luciana Saddi

Perfil Luciana Saddi é psicanalista e escritora

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Autismo III - diagnóstico precoce

Por Luciana Saddi
02/04/12 10:02

Hoje é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo – 2 de abril.  

Para falarmos sobre o Autismo – sinais e diagnóstico precoce – convidei a psicanalista Mariângela Mendes de Almeida que trabalha há muitos anos com crianças autistas e suas famílias.

Luciana: Como detectar o transtorno global de desenvolvimento?

Mariângela: Para se classificar o quadro de Transtorno Global do Desenvolvimento atualmente configurado como Transtornos do Espectro Autístico é necessário que se verifiquem dificuldades em três áreas importantes do desenvolvimento:

Integração social recíproca:

–         Noção precária da presença e emocionalidade do outro (pouca discriminação entre si mesmo e o outro).

–         Comprometimento da capacidade de imitação como ponte de contato com o outro.

–         Ausência ou comprometimento do traquejo social (pouca iniciativa para resposta ou convocação, pouca noção das convenções sociais, pouca noção de perigo).

–         Incapacidade de integração com os pares.

–         Busca de confôrto não usual ao invés de solicitação do outro, por ocasião de frustração ou sofrimento (busca o sensorial, a autosuficiência, ou intensa descarga motora, frente a situações vividas como ameaça à existência).

Comunicação (verbal e não verbal) e capacidade imaginativa:

–         Ausência ou comprometimento da função de comunicação na linguagem falada, ausência da intenção ou dificuldade de modulação da comunicação pré verbal (gestos e mímica facial).

–         Comprometimento do brincar imaginativo, da capacidade simbólica, do uso da fantasia (dificuldade com o faz de conta e com o brincar espontâneo).

–         Peculiaridades na produção do discurso (volume, entonação, ritmo, velocidade, modulação).

–         Uso estereotipado e repetitivo da fala, dificuldades de se referir a si como primeira pessoa.

–         Dificuldade marcante de sustentar uma conversação com os outros.

Restrição de repertório na conduta e nos interêsses :

–         Estereotipias nos movimentos corporais (movimentos com a mãos, rotações, batimentos de cabeça, balanceios).

–         Insistente preocupação com partes de objeto ou vinculação a partir de estímulação sensorial (forma, movimento, reflexos, luminosidade, cores, textura) com objetos inusitados fora de seu contexto funcional.

–         Reação intensa a mudanças triviais no ambiente ou na rotina, insistência na uniformidade.

–         Interesses limitados (ilhas de habilidade).

Luciana: Quando surgem os primeiros sinais?

Mariângela: Atualmente se verifica que desde muito cedo, até durante o primeiro ano de vida, podemos observar algumas tendências do bebê em risco de desenvolvimento autístico, ao isolamento, à evitação do olhar, à dificuldade de se aconchegar ao colo, dificuldade de aceitar e apreciar o contato físico, ausência de movimentos antecipatórios (não erguer os braços e o corpo para “pedir” ou se aproximar do colo), irritabilidade, hipersensibilidade, inquietação motora ou extrema passividade, dificuldade de aceitar mudanças e preferência pela uniformidade, dificuldade de ser consolado, movimentos e tônus muscular muito rígidos ou muito flácidos, ausência do apontar ou solicitar atenção do cuidador para si ou para objetos de seu interesse, explorações repetitivas,  estereotipadas e não compartilhadas com os outros, com as próprias mãos, na produção de sons, na preferência a estímulos luminosos e texturas, sem a preponderância do contato humano como intermediador. Mais tarde, a partir do segundo ano de vida em que o contato social já faria mais parte da vida da criança, e em que os balbucios usualmente vão se transformando em palavras, depois frases e diálogos, muitos pais estranham a falta de reação a suas solicitações (parecem não escutar), e demora para manifestar a comunicação verbal, que muitas vêzes não aparece por vários anos, e a dificuldade de se integrar e brincar com outras crianças. É neste momento que os pais e profissionais da saúde encaminham para um especialista, entretanto os sinais relatados, que contribuíram para este atraso, já apareciam  e já faziam parte da inquietação destes pais no contato com o filho muito antes (pelo menos como dúvida/sensação de estranheza/pulga atrás da orelha), que se acolhidas poderiam levar a uma intervenção oportuna nos primeiros anos de vida.

Luciana: Qual a complexidade desse diagnóstico?

Mariângela: Atualmente, falamos num espectro dos transtornos autísticos, num continuum desde as mais leves até as mais intensas manifestações, em que as dificuldades podem aparecer em maior ou menor grau e em interação com outros fatores que podem intensificar a complexidade do que o individuo apresenta.

Verificamos desde as situações mais recolhidas em relação ao contato humano, sem estabelecimento de comunicação, até situações em que traços autísticos (ritualizações, rigidez e pouca flexibilidade no pensamento imaginativo, dificuldades no convívio social espontâneo) podem fazer parte da personalidade de um indivíduo bem desenvolvido em relação a suas habilidades cognitivas e rotina de vida estruturada.

Em termos das classificações psiquiátricas, consideram-se os quadros de Autismo infantil precoce, em geral iniciados até os 30 meses de vida, a Síndrome de Transtorno de Asperger, observada posteriormente, que alguns profissionais associam a um Autismo de Alto funcionamento, com peculiaridades, mais do que ausência, das habilidades comunicacionais e sociais, e Transtornos desintegrativos, nos quais em geral ocorre um comprometimento intelectual com possível dano orgânico cerebral envolvido, com diminuição e perda crescente das habilidades sociais, emocionais e de linguagem, com presença frequente de hiperatividade e estereotipias.   

Na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo há profissionais com experiência no acompanhamento destes casos e no Centro de Atendimento Psicanalítico da SBPSP, as famílias podem ser recebidas desde as primeiras preocupações com o desenvolvimento do bebê/criança ou dos vínculos para avaliação, intervenção e tratamento.    

Centro de Atendimento Psicanalítico: 3661 9822

Núcleo de Atendimento a Pais e Bebês: 5576 4984

 

 

 

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